UNESP - 2018/2 - 1ª fase - Leia o trecho do livro Em casa , de Bill Bryson, para responder às questões de 14 a 17 . Quase nada, no século...
UNESP - 2018/2 - 1ª fase - Leia o trecho do livro Em casa, de Bill Bryson, para responder às questões de 14 a 17.
Quase nada, no século XVII, escapava à astúcia dos que adulteravam alimentos. O açúcar e outros ingredientes caros muitas vezes eram aumentados com gesso, areia e poeira. A manteiga tinha o volume aumentado com sebo e banha. Quem tomasse chá, segundo autoridades da época, poderia ingerir, sem querer, uma série de coisas, desde serragem até esterco de carneiro pulverizado. Um carregamento inspecionado, relata Judith Flanders, demonstrou conter apenas a metade de chá; o resto era composto de areia e sujeira. Acrescentava-se ácido sulfúrico ao vinagre para dar mais acidez; giz ao leite; terebintina¹ ao gim. O arsenito de cobre era usado para tornar os vegetais mais verdes, ou para fazer a geleia brilhar. O cromato de chumbo dava um brilho dourado aos pães e também à mostarda. O acetato de chumbo era adicionado às bebidas como adoçante, e o chumbo avermelhado deixava o queijo Gloucester, se não mais seguro para comer, mais belo para olhar.
Não havia praticamente nenhum gênero que não pudesse ser melhorado ou tornado mais econômico para o varejista por meio de um pouquinho de manipulação e engodo. Até as cerejas, como relata Tobias Smollett, ganhavam novo brilho depois de roladas, delicadamente, na boca do vendedor antes de serem colocadas em exposição. Quantas damas inocentes, perguntava ele, tinham saboreado um prato de deliciosas cerejas que haviam sido “umedecidas e roladas entre os maxilares imundos e, talvez, ulcerados de um mascate de Saint Giles”?
O pão era particularmente atingido. Em seu romance de 1771, The expedition of Humphry Clinker, Smollett definiu o pão de Londres como um composto tóxico de “giz, alume² e cinzas de ossos, insípido ao paladar e destrutivo para a constituição”; mas acusações assim já eram comuns na época. A primeira acusação formal já encontrada sobre a adulteração generalizada do pão está em um livro chamado Poison detected: or frightful truths, escrito anonimamente em 1757, que revelou segundo “uma autoridade altamente confiável” que “sacos de ossos velhos são usados por alguns padeiros, não infrequentemente”, e que “os ossuários dos mortos são revolvidos para adicionar imundícies ao alimento dos vivos”.
¹terebintina: resina extraída de uma planta e usada na fabricação de vernizes, diluição de tintas etc.
²alume: designação dos sulfatos duplos de alumínio e metais alcalinos, com propriedades adstringentes, usado na fabricação de corantes, papel, porcelana, na purificação de água, na clarificação de açúcar etc.
QUESTÃO 14
Em “Não havia praticamente nenhum gênero que não pudesse ser melhorado ou tornado mais econômico para o varejista por meio de um pouquinho de manipulação e engodo” (2º parágrafo), o termo sublinhado está empregado em sentido similar ao do termo sublinhado em:
(A) “Smollett definiu o pão de Londres como um composto tóxico de ‘giz, alume e cinzas de ossos, insípido ao paladar e destrutivo para a constituição’” (3º parágrafo).
(B) “A primeira acusação formal já encontrada sobre a adulteração generalizada do pão está em um livro” (3º parágrafo).
(C) “os ossuários dos mortos são revolvidos para adicionar imundícies ao alimento dos vivos” (3º parágrafo).
(D) “Smollett definiu o pão de Londres como um composto tóxico de ‘giz, alume e cinzas de ossos, insípido ao paladar e destrutivo para a constituição’” (3º parágrafo).
(E) “A primeira acusação formal já encontrada sobre a adulteração generalizada do pão está em um livro” (3º parágrafo).
Resolução:
O substantivo “manipulação” refere-se à pratica comum, segundo o texto, de adulterar os produtos alimentícios, acrescentando substâncias, muitas vezes nocivas, a fim de aumentar o lucro. Nesse sentido, o substantivo “adulteração” possui o valor semântico de “manipulação”, pois ambas as palavras indicam a fraude praticada pelo comerciante.
Resposta:
(E) “A primeira acusação formal já encontrada sobre a adulteração generalizada do pão está em um livro” (3º parágrafo).
QUESTÃO 15
“O acetato de chumbo era adicionado às bebidas como adoçante” (1º parágrafo)
Preservando-se a correção gramatical e o seu sentido original, essa oração pode ser reescrita na forma:
(A) Adicionava-se o acetato de chumbo às bebidas como adoçante.
(B) Adiciona-se o acetato de chumbo às bebidas como adoçantes.
(C) Eram adicionadas às bebidas como adoçante o acetato de chumbo.
(D) Adicionam-se às bebidas como adoçante o acetato de chumbo.
(E) Adicionavam-se às bebidas como adoçante o acetato de chumbo.
Resolução:
A frase do enunciado encontra-se na voz passiva analítica, cujo sujeito paciente “acetato de chumbo” se mantém na voz passiva sintética. Por isso, o verbo fica na terceira pessoa do singular com acréscimo do pronome apassivador “se”.
Resposta:
(A) Adicionava-se o acetato de chumbo às bebidas como adoçante.
QUESTÃO 16
Em “Quase nada, no século XVII, escapava à astúcia dos que adulteravam alimentos” (1º parágrafo), o termo sublinhado é um verbo
(A) transitivo direto.
(B) intransitivo.
(C) de ligação.
(D) transitivo indireto.
(E) transitivo direto e indireto.
Resolução:
O verbo escapar em “escapava à astúcia” é transitivo indireto, pois rege a preposição “a” (em “à”) presente no objeto indireto “à astúcia”.
Resposta:
(D) transitivo indireto.
QUESTÃO 17
É invariável quanto a gênero e a número o termo sublinhado em:
(A) “o resto era composto de areia e sujeira” (1º parágrafo).
(B) “O pão era particularmente atingido” (3º parágrafo).
(C) “O açúcar e outros ingredientes caros” (1º parágrafo).
(D) “uma autoridade altamente confiável” (3º parágrafo).
(E) “um pouquinho de manipulação e engodo” (2º parágrafo)
Questão anterior:
- Esse autor introduziu no romance brasileiro o índio e os seus acessórios, aproveitando-o ou em plena selvageria ou em comércio com o branco.
Resolução (Objetivo):
O termo “altamente” é invariável quanto a gênero e a número, pois funciona morfologicamente como advérbio. Em a, “composto” é adjetivo; em b, “era” é verbo; em c, “açúcar” é substantivo; em e, “engodo” é substantivo.
Resposta:
(D) “uma autoridade altamente confiável” (3º parágrafo).
Próxima questão:
- O comentário do crítico Afrânio Coutinho refere-se ao movimento literário denominado.
Quase nada, no século XVII, escapava à astúcia dos que adulteravam alimentos. O açúcar e outros ingredientes caros muitas vezes eram aumentados com gesso, areia e poeira. A manteiga tinha o volume aumentado com sebo e banha. Quem tomasse chá, segundo autoridades da época, poderia ingerir, sem querer, uma série de coisas, desde serragem até esterco de carneiro pulverizado. Um carregamento inspecionado, relata Judith Flanders, demonstrou conter apenas a metade de chá; o resto era composto de areia e sujeira. Acrescentava-se ácido sulfúrico ao vinagre para dar mais acidez; giz ao leite; terebintina¹ ao gim. O arsenito de cobre era usado para tornar os vegetais mais verdes, ou para fazer a geleia brilhar. O cromato de chumbo dava um brilho dourado aos pães e também à mostarda. O acetato de chumbo era adicionado às bebidas como adoçante, e o chumbo avermelhado deixava o queijo Gloucester, se não mais seguro para comer, mais belo para olhar.
Não havia praticamente nenhum gênero que não pudesse ser melhorado ou tornado mais econômico para o varejista por meio de um pouquinho de manipulação e engodo. Até as cerejas, como relata Tobias Smollett, ganhavam novo brilho depois de roladas, delicadamente, na boca do vendedor antes de serem colocadas em exposição. Quantas damas inocentes, perguntava ele, tinham saboreado um prato de deliciosas cerejas que haviam sido “umedecidas e roladas entre os maxilares imundos e, talvez, ulcerados de um mascate de Saint Giles”?
O pão era particularmente atingido. Em seu romance de 1771, The expedition of Humphry Clinker, Smollett definiu o pão de Londres como um composto tóxico de “giz, alume² e cinzas de ossos, insípido ao paladar e destrutivo para a constituição”; mas acusações assim já eram comuns na época. A primeira acusação formal já encontrada sobre a adulteração generalizada do pão está em um livro chamado Poison detected: or frightful truths, escrito anonimamente em 1757, que revelou segundo “uma autoridade altamente confiável” que “sacos de ossos velhos são usados por alguns padeiros, não infrequentemente”, e que “os ossuários dos mortos são revolvidos para adicionar imundícies ao alimento dos vivos”.
(Em casa, 2011. Adaptado.)
¹terebintina: resina extraída de uma planta e usada na fabricação de vernizes, diluição de tintas etc.
²alume: designação dos sulfatos duplos de alumínio e metais alcalinos, com propriedades adstringentes, usado na fabricação de corantes, papel, porcelana, na purificação de água, na clarificação de açúcar etc.
QUESTÃO 14
Em “Não havia praticamente nenhum gênero que não pudesse ser melhorado ou tornado mais econômico para o varejista por meio de um pouquinho de manipulação e engodo” (2º parágrafo), o termo sublinhado está empregado em sentido similar ao do termo sublinhado em:
(A) “Smollett definiu o pão de Londres como um composto tóxico de ‘giz, alume e cinzas de ossos, insípido ao paladar e destrutivo para a constituição’” (3º parágrafo).
(B) “A primeira acusação formal já encontrada sobre a adulteração generalizada do pão está em um livro” (3º parágrafo).
(C) “os ossuários dos mortos são revolvidos para adicionar imundícies ao alimento dos vivos” (3º parágrafo).
(D) “Smollett definiu o pão de Londres como um composto tóxico de ‘giz, alume e cinzas de ossos, insípido ao paladar e destrutivo para a constituição’” (3º parágrafo).
(E) “A primeira acusação formal já encontrada sobre a adulteração generalizada do pão está em um livro” (3º parágrafo).
Resolução:
O substantivo “manipulação” refere-se à pratica comum, segundo o texto, de adulterar os produtos alimentícios, acrescentando substâncias, muitas vezes nocivas, a fim de aumentar o lucro. Nesse sentido, o substantivo “adulteração” possui o valor semântico de “manipulação”, pois ambas as palavras indicam a fraude praticada pelo comerciante.
Resposta:
(E) “A primeira acusação formal já encontrada sobre a adulteração generalizada do pão está em um livro” (3º parágrafo).
QUESTÃO 15
“O acetato de chumbo era adicionado às bebidas como adoçante” (1º parágrafo)
Preservando-se a correção gramatical e o seu sentido original, essa oração pode ser reescrita na forma:
(A) Adicionava-se o acetato de chumbo às bebidas como adoçante.
(B) Adiciona-se o acetato de chumbo às bebidas como adoçantes.
(C) Eram adicionadas às bebidas como adoçante o acetato de chumbo.
(D) Adicionam-se às bebidas como adoçante o acetato de chumbo.
(E) Adicionavam-se às bebidas como adoçante o acetato de chumbo.
Resolução:
A frase do enunciado encontra-se na voz passiva analítica, cujo sujeito paciente “acetato de chumbo” se mantém na voz passiva sintética. Por isso, o verbo fica na terceira pessoa do singular com acréscimo do pronome apassivador “se”.
Resposta:
(A) Adicionava-se o acetato de chumbo às bebidas como adoçante.
QUESTÃO 16
Em “Quase nada, no século XVII, escapava à astúcia dos que adulteravam alimentos” (1º parágrafo), o termo sublinhado é um verbo
(A) transitivo direto.
(B) intransitivo.
(C) de ligação.
(D) transitivo indireto.
(E) transitivo direto e indireto.
Resolução:
O verbo escapar em “escapava à astúcia” é transitivo indireto, pois rege a preposição “a” (em “à”) presente no objeto indireto “à astúcia”.
Resposta:
(D) transitivo indireto.
QUESTÃO 17
É invariável quanto a gênero e a número o termo sublinhado em:
(A) “o resto era composto de areia e sujeira” (1º parágrafo).
(B) “O pão era particularmente atingido” (3º parágrafo).
(C) “O açúcar e outros ingredientes caros” (1º parágrafo).
(D) “uma autoridade altamente confiável” (3º parágrafo).
(E) “um pouquinho de manipulação e engodo” (2º parágrafo)
Questão anterior:
- Esse autor introduziu no romance brasileiro o índio e os seus acessórios, aproveitando-o ou em plena selvageria ou em comércio com o branco.
Resolução (Objetivo):
O termo “altamente” é invariável quanto a gênero e a número, pois funciona morfologicamente como advérbio. Em a, “composto” é adjetivo; em b, “era” é verbo; em c, “açúcar” é substantivo; em e, “engodo” é substantivo.
Resposta:
(D) “uma autoridade altamente confiável” (3º parágrafo).
Próxima questão:
- O comentário do crítico Afrânio Coutinho refere-se ao movimento literário denominado.
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