Questões de Português da UNIFESP 2020 com Gabarito Questão de: - Português - Inglês - Biologia - Química - Física - Matemát...
Questões de Português da UNIFESP 2020 com Gabarito
Questão de:
-
- Inglês
- Biologia
- Química
- Física
- Matemática
Português
QUESTÃO 01
(UNIFESP 2020) Examine o cartum de Liana Finck, publicado em sua conta no Instagram em 13.08.2019.
No cartum, a casa pode ser vista como uma metáfora da
(A) intimidação.
(B) segurança.
(C) violência.
(D) privacidade.
(E) hospitalidade.
GABARITO.
Para responder às questões de 02 a 05, leia o trecho do livro O homem cordial, de Sérgio Buarque de Holanda.
Já se disse, numa expressão feliz, que a contribuição brasileira para a civilização será de cordialidade — daremos ao mundo o “homem cordial”.
A lhaneza¹ no trato, a hospitalidade, a generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro, na medida, ao menos, em que permanece ativa e fecunda a influência ancestral dos padrões de convívio humano, informados no meio rural e patriarcal. Seria engano supor que essas virtudes possam significar “boas maneiras”, civilidade. São antes de tudo expressões legítimas de um fundo emotivo extremamente rico e transbordante. Na civilidade há qualquer coisa de coercitivo — ela pode exprimir-se em mandamentos e em sentenças.
Entre os japoneses, onde, como se sabe, a polidez envolve os aspectos mais ordinários do convívio social, chega a ponto de confundir-se, por vezes, com a reverência religiosa. Já houve quem notasse este fato significativo, de que as formas exteriores de veneração à divindade, no cerimonial xintoísta, não diferem essencialmente das maneiras sociais de demonstrar respeito.
Nenhum povo está mais distante dessa noção ritualista da vida do que o brasileiro. Nossa forma ordinária de convívio social é, no fundo, justamente o contrário da polidez. Ela pode iludir na aparência — e isso se explica pelo fato de a atitude polida consistir precisamente em uma espécie de mímica deliberada de manifestações que são espontâneas no “homem cordial”: é a forma natural e viva que se converteu em fórmula.
Além disso a polidez é, de algum modo, organização de defesa ante a sociedade. Detém-se na parte exterior, epidérmica do indivíduo, podendo mesmo servir, quando necessário, de peça de resistência. Equivale a um disfarce que permitirá a cada qual preservar intatas sua sensibilidade e suas emoções.
Por meio de semelhante padronização das formas exteriores da cordialidade, que não precisam ser legítimas para se manifestarem, revela-se um decisivo triunfo do espírito sobre a vida. Armado dessa máscara, o indivíduo consegue manter sua supremacia ante o social. E, efetivamente, a polidez implica uma presença contínua e soberana do indivíduo.
No “homem cordial”, a vida em sociedade é, de certo modo, uma verdadeira libertação do pavor que ele sente em viver consigo mesmo, em apoiar-se sobre si próprio em todas as circunstâncias da existência. Sua maneira de expansão para com os outros reduz o indivíduo, cada vez mais, à parcela social, periférica, que no brasileiro — como bom americano — tende a ser a que mais importa. Ela é antes um viver nos outros.
(O homem cordial, 2012.)
¹lhaneza: afabilidade.
QUESTÃO 02
(UNIFESP 2020) De acordo com o autor,
(A) a lhaneza no trato, a hospitalidade e a generosidade são traços constitutivos da civilidade do brasileiro.
(B) a polidez constitui uma espécie de máscara com a qual os brasileiros continuamente se defendem da sociedade.
(C) a polidez observada no convívio social entre brasileiros chega quase a se confundir com a veneração religiosa.
(D) a lhaneza no trato, a hospitalidade e a generosidade constituem quase mandamentos impostos pela sociedade brasileira.
(E) a polidez constitui uma qualidade íntima dos brasileiros a se manifestar continuamente no convívio social.
GABARITO.
QUESTÃO 03
(UNIFESP 2020) Aproxima-se do argumento exposto no último parágrafo do texto a seguinte citação do filósofo Friedrich Nietzsche:
(A) “O amor a um único ser é uma barbaridade: pois é praticado às expensas de todos os outros.”
(B) “Não há no mundo amor e bondade bastantes para que ainda possamos dá-los a seres imaginários.”
(C) “Vosso mau amor por vós mesmos vos faz do isolamento um cativeiro.”
(D) “O amor perdoa ao ser amado até o desejo.”
(E) “O medo promoveu mais a compreensão geral dos homens que o amor."
GABARITO.
QUESTÃO 04
(UNIFESP 2020) Dentre os seguintes termos empregados no primeiro parágrafo, considerados no contexto, o que tem sentido mais genérico é:
(A) veneração.
(B) lhaneza.
(C) polidez.
(D) civilidade.
(E) caráter.
GABARITO.
QUESTÃO 05
(UNIFESP 2020) Está empregado em sentido figurado o termo sublinhado em:
(A) “Detém-se na parte exterior, epidérmica do indivíduo, podendo mesmo servir, quando necessário, de peça de resistência.” (2º parágrafo)
(B) “Entre os japoneses, onde, como se sabe, a polidez envolve os aspectos mais ordinários do convívio social” (1º parágrafo)
(C) “São antes de tudo expressões legítimas de um fundo emotivo extremamente rico e transbordante.” (1º parágrafo)
(D) “Nenhum povo está mais distante dessa noção ritualista da vida do que o brasileiro.” (2º parágrafo)
(E) “Na civilidade há qualquer coisa de coercitivo — ela pode exprimir-se em mandamentos e em sentenças.” (1º parágrafo)
GABARITO.
QUESTÃO 06
(UNIFESP 2020) O lema do carpe diem sintetiza expressivamente o motivo de se aproveitar o presente, já que o futuro é incerto. Tal lema manifesta-se mais explicitamente nos seguintes versos de Tomás Antônio Gonzaga:
(A) Ah! socorre, Amor, socorre
Ao mais grato empenho meu!
Voa sobre os Astros, voa,
Traze-me as tintas do Céu.
(B) Depois que represento
Por largo espaço a imagem de um defunto,
Movo os membros, suspiro,
E onde estou pergunto.
(C) É bom, minha Marília, é bom ser dono
De um rebanho, que cubra monte e prado;
Porém, gentil pastora, o teu agrado
Vale mais que um rebanho, e mais que um trono.
(D) Se algum dia me vires desta sorte,
Vê que assim me não pôs a mão dos anos:
Os trabalhos, Marília, os sentimentos
Fazem os mesmos danos.
(E) Ah! enquanto os Destinos impiedosos
Não voltam contra nós a face irada,
Façamos, sim, façamos, doce amada,
Os nossos breves dias mais ditosos.
GABARITO.
Leia a crônica “Inconfiáveis cupins”, de Moacyr Scliar, para responder às questões de 07 a 12.
Havia um homem que odiava Van Gogh. Pintor desconhecido, pobre, atribuía todas suas frustrações ao artista holandês. Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis girassóis, aquelas estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes deformados, dizia, não poderei jamais dar vazão ao meu instinto criador.
Decidiu mover uma guerra implacável, sem quartel, às telas de Van Gogh, onde quer que estivessem. Começaria pelas mais próximas, as do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Seu plano era de uma simplicidade diabólica. Não faria como outros destruidores de telas que entram num museu armados de facas e atiram-se às obras, tentando destruí-las; tais insanos não apenas não conseguem seu intento, como acabam na cadeia. Não, usaria um método científico, recorrendo a aliados absolutamente insuspeitados: os cupins.
Deu-lhe muito trabalho, aquilo. Em primeiro lugar, era necessário treinar os cupins para que atacassem as telas de Van Gogh. Para isso, recorreu a uma técnica pavloviana. Reproduções das telas do artista, em tamanho natural, eram recobertas com uma solução açucarada. Dessa forma, os insetos aprenderam a diferenciar tais obras de outras.
Mediante cruzamentos sucessivos, obteve um tipo de cupim que só queria comer Van Gogh. Para ele era repulsivo, mas para os insetos era agradável, e isso era o que importava.
Conseguiu introduzir os cupins no museu e ficou à espera do que aconteceria. Sua decepção, contudo, foi enorme.
Em vez de atacar as obras de arte, os cupins preferiram as vigas de sustentação do prédio, feitas de madeira absolutamente vulgar. E por isso foram detectados.
O homem ficou furioso. Nem nos cupins se pode confiar, foi a sua desconsolada conclusão. É verdade que alguns insetos foram encontrados próximos a telas de Van Gogh. Mas isso não lhe serviu de consolo. Suspeitava que os sádicos cupins estivessem querendo apenas debochar dele. Cupins e Van Gogh, era tudo a mesma coisa.
(O imaginário cotidiano, 2002.)
QUESTÃO 07
(UNIFESP 2020) No trecho “Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis girassóis, aquelas estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes deformados, dizia, não poderei jamais dar vazão ao meu instinto criador” (1º parágrafo), a sensação explicitada pelo pintor, em relação à obra de Van Gogh, é de
(A) temor.
(B) devoção.
(C) indiferença.
(D) inibição.
(E) submissão.
GABARITO.
QUESTÃO 08
(UNIFESP 2020) Em “Mediante cruzamentos sucessivos, obteve um tipo de cupim que só queria comer Van Gogh” (5º parágrafo), o cronista recorre à figura de linguagem denominada:
(A) metonímia.
(B) hipérbole.
(C) eufemismo.
(D) personificação.
(E) pleonasmo.
GABARITO.
QUESTÃO 09
"Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis girassóis, aquelas estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes deformados, dizia, não poderei jamais dar vazão ao meu instinto criador.” (1º parágrafo)
(UNIFESP 2020) Ao se transpor o trecho para o discurso indireto, os termos sublinhados assumem a seguinte redação:
(A) existirem, pode, meu.
(B) existissem, poderia, seu.
(C) existiam, puderem, meu.
(D) existem, poderei, dele.
(E) tenham existido, terá podido, seu.
GABARITO.
QUESTÃO 10
(UNIFESP 2020) Observa-se a elipse de um substantivo no trecho:
(A) “Para ele era repulsivo, mas para os insetos era agradável, e isso era o que importava” (5º parágrafo)
(B) “Começaria pelas mais próximas, as do Museu de Arte Moderna de São Paulo” (2º parágrafo)
(C) “Decidiu mover uma guerra implacável, sem quartel, às telas de Van Gogh” (2º parágrafo)
(D) “Seu plano era de uma simplicidade diabólica” (3º parágrafo)
(E) “Reproduções das telas do artista, em tamanho natural, eram recobertas com uma solução açucarada” (4º parágrafo)
GABARITO.
QUESTÃO 11
(UNIFESP 2020) Expressam ideia de negação e ideia de repetição, respectivamente, os prefixos das palavras
(A) “deformados” e “repulsivo”.
(B) “insuspeitados” e “repulsivo”.
(C) “deformados” e “recobertas”.
(D) “repulsivo” e “recobertas”.
(E) “insuspeitados” e “deformados”.
GABARITO.
QUESTÃO 12
(UNIFESP 2020) Tendo em vista a ordem inversa da frase, verifica-se o emprego de vírgula para separar um termo que exerce a função de sujeito em:
(A) “Deu-lhe muito trabalho, aquilo.” (4º parágrafo)
(B) “Em vez de atacar as obras de arte, os cupins preferiram as vigas de sustentação do prédio, feitas de madeira absolutamente vulgar.” (6º parágrafo)
(C) “Para ele era repulsivo, mas para os insetos era agradável, e isso era o que importava.” (5º parágrafo)
(D) “Não, usaria um método científico, recorrendo a aliados absolutamente insuspeitados: os cupins.” (3º parágrafo)
(E) “Para isso, recorreu a uma técnica pavloviana.” (4º parágrafo)
GABARITO.
QUESTÃO 13
(UNIFESP 2020) Leia o trecho do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira.
O sapo-tanoeiro
[...]
Diz: — “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia
Mas há artes poéticas...”
(Estrela da vida inteira, 1993.)
No trecho, o “sapo-tanoeiro” representa uma sátira aos
(A) modernistas.
(B) românticos.
(C) naturalistas.
(D) parnasianos.
(E) árcades.
GABARITO.
Para responder às questões 14 e 15, leia o trecho de uma carta de Charles Darwin ao biólogo Joseph Hooker em 11.01.1844.
Além de um interesse geral pelas terras meridionais, desde que retornei tenho me dedicado a um trabalho muito ambicioso que nenhum indivíduo que conheço deixaria de considerar muito bobo. Fiquei tão impressionado com a distribuição dos organismos nas Galápagos e com a natureza dos fósseis de mamíferos americanos, que resolvi recolher todo tipo de coisa que pudesse ter alguma relação com alguma espécie. Li montanhas de livros sobre agricultura e horticultura e não paro de coletar informações. Por fim surgiu uma luz, e estou quase convencido (ao contrário do que achava inicialmente) de que as espécies (é como confessar um homicídio) não são imutáveis. Deus me livre das bobagens de Lamarck como “tendência ao progresso”, “adaptações a partir do esforço dos animais”, — porém minhas conclusões não diferem muito das dele — embora a forma da mudança difira inteiramente — creio que descobri (que presunção!) a maneira simples pela qual as espécies se adaptam a várias finalidades.
(Shaun Usher (org.). Cartas extraordinárias, 2014.)
QUESTÃO 14
(UNIFESP 2020) Em termos figurados, a dimensão transgressora de sua teoria é reforçada por Darwin no seguinte trecho
(A) “Deus me livre das bobagens de Lamarck”.
(B) “um trabalho muito ambicioso”.
(C) “é como confessar um homicídio”.
(D) “nenhum indivíduo que conheço deixaria de considerar muito bobo”.
(E) “ao contrário do que achava inicialmente”.
GABARITO.
QUESTÃO 15
(UNIFESP 2020) “Deus me livre das bobagens de Lamarck como ‘tendência ao progresso’, ‘adaptações a partir do esforço dos animais’, — porém minhas conclusões não diferem muito das dele — embora a forma da mudança difira inteiramente — creio que descobri (que presunção!) a maneira simples pela qual as espécies se adaptam a várias finalidades.”
No contexto em que se insere, o trecho sublinhado expressa ideia de
(A) comparação.
(B) causa.
(C) conclusão.
(D) consequência.
(E) concessão.
GABARITO.
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