O Texto 1 serve de base às questões de 01 a 05 . Texto 1 (1) Juventude, cidadania e participação: que papo é esse? Pode ser um pap...
O Texto 1 serve de base às questões de 01 a 05.
(1) Juventude, cidadania e participação: que papo é esse? Pode ser um papo furado, que não leve a nada. Pode ser que não renda, que seja insuficiente em termos de contribuição à democracia, de questionar padrões da cultura brasileira. Por outro lado, este papo pode render muito. Pode render, sim, com muitos desafios. Não é nada automático, nada mágico. Pode ser um importante elemento construtor de democracia, de uma sociedade mais justa de direitos.
(2) Acho que essa pergunta ―que papo é esse?‖ poderia ser substituída por ―que onda é essa?‖, ―que moda é essa?‖. Por que está na moda falar em políticas públicas para a juventude? Por que se inventou agora que a juventude é depositária de todas as possibilidades? Por que agora a juventude aparece? Infelizmente, não é por uma coisa boa. Poderia ser por reconhecimento. Mas não é. A questão da juventude vem para a cena pública quando ela passa a ser o segmento mais vulnerável frente às mudanças sociais que acontecem no mundo de hoje.
(3) Quando a gente soma, em especial no Brasil, uma história de desigualdades sociais e de exclusão com uma realidade mundial de mudanças de relações de produção e de exclusão de grupos sociais, a juventude torna-se o segmento mais atingido. É por isso que a juventude aparece, atualmente, como um ator social, enfrentando diversos desafios da sociedade contemporânea. A grande questão é que o jovem dos dias atuais tem medo de sobrar. A sua inserção produtiva não está garantida.
(4) Há quem possa dizer que sempre foi assim. Sempre existiu o jovem pobre e o jovem rico, o jovem incluído e o excluído. Sim, isto é verdade. Mas acontece que tínhamos um sistema de produção que garantia uma reprodução: o filho do camponês continuaria o trabalho do pai, da mesma forma que o filho do operário. Era injusto porque o jovem não tinha possibilidade de ascender socialmente, mas havia a possibilidade de pensar o futuro a partir de um lugar social. Aqueles que estudavam, que passavam no funil, tinham a garantia de que poderiam exercer a sua profissão ao final dos estudos. Com a mudança do mundo do trabalho, cada vez mais restritivo e mutante, os jovens foram e são atingidos. Todos os jovens passaram a ter medo do futuro. Neste cenário, temos que ver todas as diferentes juventudes e suas questões sociais e raciais, suas questões de gênero e opções/orientações sexuais. Os mais vulneráveis têm mais medo de sobrar e são os mais atingidos. Estamos diante de uma geração que é atingida na possibilidade de pensar o futuro a partir de mudanças estruturais da sociedade. [...]
(5) As políticas públicas têm que somar estas duas coisas: os direitos universais (o acesso à educação, ao trabalho etc.) e os específicos. As políticas públicas têm que pensar então numa nova interface entre escolaridade e preparação para o mundo do trabalho. O Estado tem que ter o compromisso de fazer as suas políticas macro, mas tem que fazer isto com a sociedade civil, para que cada um participe, transformando a política de juventude numa política de Estado, não de Governo. Queremos colocar duas palavras na roda: direitos e oportunidades.
(6) Mas para que isso aconteça e para que este papo seja produtivo e dê resultado positivo, dependemos muito da ação de levar para a sociedade a perspectiva geracional. Uma questão complicada. A questão da juventude é uma questão marcada por uma faixa etária específica. Portanto, ela não pode ser pensada sem levar em conta a relação intergeracional. Os jovens e os adultos se colocam em todos os espaços sociais. É preciso que os jovens consigam aprender com os adultos valores da cidadania que são trazidos pela história social do país. Os jovens não podem achar que estão começando do zero. É preciso promover um diálogo intergeracional, um diálogo que traz valores. Os jovens têm que escutar os adultos e vice-versa, o que provocará um aprendizado mútuo. Só sabe o que é ser jovem hoje quem é jovem. Os adultos de hoje foram jovens em outro tempo histórico.
(7) É necessário, também, que haja um diálogo intrageracional. Esse é o maior desafio, porque as tribos existem, os grupos são heterogêneos e têm objetivos diferentes. Precisamos encontrar o que une esta geração e a partir daí desenvolver políticas públicas. Claro que as diferenças continuarão existindo.
(8) Os jovens estarão no mesmo jogo dos adultos (que às vezes não é um jogo muito bom) se eles se fragmentarem completamente, não perceberem o que há de comum entre eles a partir dos desafios e dos direitos de sua geração. Estabelecer os diálogos é difícil. Não é fácil porque muitas vezes os jovens reproduzem os preconceitos e os ‗faccionalismos‘ dos adultos. Esta geração tem uma chance de inovar na cultura política, inovar a partir de seus interesses e de uma forma que faça até mesmo que os adultos aprendam.
QUESTÃO 04
(UPE 2020) No que se refere ao emprego de algumas formas verbais no Texto 1, assinale a alternativa CORRETA.
a) Com a locução verbal empregada no trecho: "Por outro lado, este papo pode render muito." (1º §), a autora sinaliza que está percebendo a ação de 'render' como uma possibilidade.
b) No trecho: "A questão da juventude vem para a cena pública quando ela passa a ser o segmento mais vulnerável (...)" (2º §), a forma verbal no presente foi empregada para indicar uma ação que já aconteceu.
c) No trecho: "Com a mudança do mundo do trabalho, cada vez mais restritivo e mutante, os jovens foram e são atingidos." (4º §), não apenas verbos diferentes, mas também tempos e modos verbais diferentes são empregados para expressar as ideias da autora.
d) Com a afirmação de que "As políticas públicas têm que pensar então numa nova interface entre escolaridade e preparação para o mundo do trabalho." (5º §), a autora expressa a ideia de que a ação de 'pensar' já está em curso.
e) É o emprego das formas verbais no modo indicativo que confere ao segmento destacado em "Esta geração tem uma chance de inovar na cultura política, inovar a partir de seus interesses e de uma forma que faça até mesmo que os adultos aprendam." (8º §) seu tom categórico.
QUESTÃO ANTERIOR:
- (UPE 2020) Analise se, nos trechos apresentados a seguir, evidenciam-se as relações lógico-semânticas indicadas entre parênteses
GABARITO:
a) Com a locução verbal empregada no trecho: "Por outro lado, este papo pode render muito." (1º §), a autora sinaliza que está percebendo a ação de 'render' como uma possibilidade.
PRÓXIMA QUESTÃO:
- (UPE 2020) Acerca de aspectos gramaticais presentes no Texto 1, analise as afirmações a seguir.
QUESTÃO DISPONÍVEL EM:
- Prova UPE 2020 (1ª fase, 1º dia) com Gabarito
Texto 1
(1) Juventude, cidadania e participação: que papo é esse? Pode ser um papo furado, que não leve a nada. Pode ser que não renda, que seja insuficiente em termos de contribuição à democracia, de questionar padrões da cultura brasileira. Por outro lado, este papo pode render muito. Pode render, sim, com muitos desafios. Não é nada automático, nada mágico. Pode ser um importante elemento construtor de democracia, de uma sociedade mais justa de direitos.
(2) Acho que essa pergunta ―que papo é esse?‖ poderia ser substituída por ―que onda é essa?‖, ―que moda é essa?‖. Por que está na moda falar em políticas públicas para a juventude? Por que se inventou agora que a juventude é depositária de todas as possibilidades? Por que agora a juventude aparece? Infelizmente, não é por uma coisa boa. Poderia ser por reconhecimento. Mas não é. A questão da juventude vem para a cena pública quando ela passa a ser o segmento mais vulnerável frente às mudanças sociais que acontecem no mundo de hoje.
(3) Quando a gente soma, em especial no Brasil, uma história de desigualdades sociais e de exclusão com uma realidade mundial de mudanças de relações de produção e de exclusão de grupos sociais, a juventude torna-se o segmento mais atingido. É por isso que a juventude aparece, atualmente, como um ator social, enfrentando diversos desafios da sociedade contemporânea. A grande questão é que o jovem dos dias atuais tem medo de sobrar. A sua inserção produtiva não está garantida.
(4) Há quem possa dizer que sempre foi assim. Sempre existiu o jovem pobre e o jovem rico, o jovem incluído e o excluído. Sim, isto é verdade. Mas acontece que tínhamos um sistema de produção que garantia uma reprodução: o filho do camponês continuaria o trabalho do pai, da mesma forma que o filho do operário. Era injusto porque o jovem não tinha possibilidade de ascender socialmente, mas havia a possibilidade de pensar o futuro a partir de um lugar social. Aqueles que estudavam, que passavam no funil, tinham a garantia de que poderiam exercer a sua profissão ao final dos estudos. Com a mudança do mundo do trabalho, cada vez mais restritivo e mutante, os jovens foram e são atingidos. Todos os jovens passaram a ter medo do futuro. Neste cenário, temos que ver todas as diferentes juventudes e suas questões sociais e raciais, suas questões de gênero e opções/orientações sexuais. Os mais vulneráveis têm mais medo de sobrar e são os mais atingidos. Estamos diante de uma geração que é atingida na possibilidade de pensar o futuro a partir de mudanças estruturais da sociedade. [...]
(5) As políticas públicas têm que somar estas duas coisas: os direitos universais (o acesso à educação, ao trabalho etc.) e os específicos. As políticas públicas têm que pensar então numa nova interface entre escolaridade e preparação para o mundo do trabalho. O Estado tem que ter o compromisso de fazer as suas políticas macro, mas tem que fazer isto com a sociedade civil, para que cada um participe, transformando a política de juventude numa política de Estado, não de Governo. Queremos colocar duas palavras na roda: direitos e oportunidades.
(6) Mas para que isso aconteça e para que este papo seja produtivo e dê resultado positivo, dependemos muito da ação de levar para a sociedade a perspectiva geracional. Uma questão complicada. A questão da juventude é uma questão marcada por uma faixa etária específica. Portanto, ela não pode ser pensada sem levar em conta a relação intergeracional. Os jovens e os adultos se colocam em todos os espaços sociais. É preciso que os jovens consigam aprender com os adultos valores da cidadania que são trazidos pela história social do país. Os jovens não podem achar que estão começando do zero. É preciso promover um diálogo intergeracional, um diálogo que traz valores. Os jovens têm que escutar os adultos e vice-versa, o que provocará um aprendizado mútuo. Só sabe o que é ser jovem hoje quem é jovem. Os adultos de hoje foram jovens em outro tempo histórico.
(7) É necessário, também, que haja um diálogo intrageracional. Esse é o maior desafio, porque as tribos existem, os grupos são heterogêneos e têm objetivos diferentes. Precisamos encontrar o que une esta geração e a partir daí desenvolver políticas públicas. Claro que as diferenças continuarão existindo.
(8) Os jovens estarão no mesmo jogo dos adultos (que às vezes não é um jogo muito bom) se eles se fragmentarem completamente, não perceberem o que há de comum entre eles a partir dos desafios e dos direitos de sua geração. Estabelecer os diálogos é difícil. Não é fácil porque muitas vezes os jovens reproduzem os preconceitos e os ‗faccionalismos‘ dos adultos. Esta geração tem uma chance de inovar na cultura política, inovar a partir de seus interesses e de uma forma que faça até mesmo que os adultos aprendam.
Regina Novaes. Disponível em:
Acesso em: 16/08/2019. Adaptado.
QUESTÃO 04
(UPE 2020) No que se refere ao emprego de algumas formas verbais no Texto 1, assinale a alternativa CORRETA.
a) Com a locução verbal empregada no trecho: "Por outro lado, este papo pode render muito." (1º §), a autora sinaliza que está percebendo a ação de 'render' como uma possibilidade.
b) No trecho: "A questão da juventude vem para a cena pública quando ela passa a ser o segmento mais vulnerável (...)" (2º §), a forma verbal no presente foi empregada para indicar uma ação que já aconteceu.
c) No trecho: "Com a mudança do mundo do trabalho, cada vez mais restritivo e mutante, os jovens foram e são atingidos." (4º §), não apenas verbos diferentes, mas também tempos e modos verbais diferentes são empregados para expressar as ideias da autora.
d) Com a afirmação de que "As políticas públicas têm que pensar então numa nova interface entre escolaridade e preparação para o mundo do trabalho." (5º §), a autora expressa a ideia de que a ação de 'pensar' já está em curso.
e) É o emprego das formas verbais no modo indicativo que confere ao segmento destacado em "Esta geração tem uma chance de inovar na cultura política, inovar a partir de seus interesses e de uma forma que faça até mesmo que os adultos aprendam." (8º §) seu tom categórico.
QUESTÃO ANTERIOR:
- (UPE 2020) Analise se, nos trechos apresentados a seguir, evidenciam-se as relações lógico-semânticas indicadas entre parênteses
GABARITO:
a) Com a locução verbal empregada no trecho: "Por outro lado, este papo pode render muito." (1º §), a autora sinaliza que está percebendo a ação de 'render' como uma possibilidade.
PRÓXIMA QUESTÃO:
- (UPE 2020) Acerca de aspectos gramaticais presentes no Texto 1, analise as afirmações a seguir.
QUESTÃO DISPONÍVEL EM:
- Prova UPE 2020 (1ª fase, 1º dia) com Gabarito
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