Prova de História ENADE 2008 com Gabarito
Prova de História ENADE 2008 com Gabarito
OBS: As questões objetivas de 01 a 08 estão disponível na prova de Formação Geral que você pode acessar clicando neste link. As questões discursivas não foram disponibilizadas com padrão de resposta.
QUESTÃO 11
ENADE: Na primeira metade do século XX, Jonathas Serrano, professor de História do Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, já percebia a importância do uso das imagens no ensino de História, afirmando que elas ajudariam os alunos a aprender “pelos olhos”.
Atualmente, em tempos de grande valorização da imagem e de maiores facilidades para a sua difusão, discute-se a sua utilização no ensino de História, em suas mais diversas modalidades. Como orientação metodológica, para que o professor use a imagem em sala de aula, o que se deve recomendar que ele considere?
(A) O seu papel como ilustração dos conteúdos, independente do tipo de imagem escolhida, tornando o aprendizado mais fácil.
(B) O seu caráter de representação fiel da realidade, capaz de levar o aluno a “viver” o passado, tal como ele aconteceu.
(C) A necessidade de os alunos fazerem a interpretação dos elementos integrantes da imagem, com os mesmos recursos utilizados para os documentos escritos.
(D) A sua condição mais satisfatória que os documentos escritos, como instrumentos de reconstituição do passado histórico.
(E) As suas múltiplas possibilidades de leitura, sem perder as referências de sua historicidade.
QUESTÃO 12
ENADE: O nascimento dos Annales marca profundamente a reflexão dos historiadores tanto acerca da sua área de estudos como acerca do seu trabalho. O programa intelectual de que a revista é porta-voz surge, assim, novo, agressivo. Organiza-se em torno de uma proposta central: a urgência em fazer sair a História do seu isolamento disciplinar, a necessidade de que esteja aberta às interrogações e aos métodos das outras ciências sociais.
REVEL, Jacques. A invenção da sociedade.
Lisboa: Difel, 1990. p. 17-18.
Conforme o trecho acima, a proposta de renovação historiográfica dos fundadores dos Annales opunha-se a um fazer historiográfico que encerrava a história num campo limitado de atuação, identificado à chamada escola metódica.
Pode-se afirmar que essa oposição, naquele momento, apresentou as características a seguir.
I - Desvalorização dos eventos de natureza política, por serem insuficientes para explicar os processos históricos por si mesmos.
II - Defesa da interdisciplinaridade como forma de dotar a história de instrumentos mais eficazes para a análise dos complexos processos sociais.
III - Desenvolvimento de um novo programa de pesquisa, baseado na micro-história, em oposição à história política tradicional.
IV - Rejeição aos métodos de pesquisa empírica e ao uso maciço dos documentos, vistos como procedimentos anacrônicos.
São corretas APENAS as características
(A) I e II
(B) II e III
(C) III e IV
(D) I, II e III
(E) II, III e IV
QUESTÃO 13
ENADE: Enfim, eu tentava ver como um acontecimento se faz e se desfaz, já que, afinal, ele só existe pelo que dele se diz, pois é fabricado por aqueles que difundem a sua notoriedade. Esbocei, pois, a história da lembrança de Bouvines, de sua deformação progressiva, pelo jogo, raramente inocente, da memória e do esquecimento.
DUBY, Georges. O domingo de Bouvines.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993. p.11-12.
Neste trecho, o historiador Georges Duby comenta a natureza de um acontecimento histórico, a Batalha de Bouvines, entre a França e o Sacro-Império, em 1214.
Ao analisar a construção da memória deste acontecimento, Duby relaciona história e memória, considerando que a história
(A) confunde-se com a memória, e uma acaba por se apresentar como o reflexo da outra.
(B) produz os acontecimentos quando eles são preservados pela memória, sem o registro dos historiadores.
(C) previne-se, por ser científica, das oscilações entre a lembrança e o esquecimento, garantindo sua neutralidade.
(D) expressa, muitas vezes, o movimento que envolve os acontecimentos, conforme são lembrados ou esquecidos.
(E) caracteriza-se, quando baseada na memória, pela deformação da verdade.
QUESTÃO 14
ENADE: Em sua obra História, Heródoto (484-425 a.C.) narra as Guerras Médicas e menciona as inóspitas e longínquas terras da Cítia, atual Ucrânia. Segundo Heródoto,
A leste (...) chega-se ao território dos citas nômades, que nada semeiam e não lavram terra alguma. Todo aquele território (...) é desprovido de árvores. (...) O inverno é tão rigoroso que durante oito meses do ano o frio é insuportável;(...) o mar congela (...) e os citas (...) passam por cima do gelo e irrompem com seus carros no território dos sindos. (...) [Nos] quatro meses restantes ainda faz frio. Esse inverno é de uma espécie diferente daquele de todas as outras terras; nessa estação, normalmente chuvosa em outras regiões, as chuvas lá são insignificantes, mas durante todo o verão chove ininterruptamente. (...)
Heródoto, História. Brasília: UnB, 1988, IV, 19-30.
A partir da citação acima, pode-se identificar algumas estratégias usadas pelo historiador grego para narrar o “outro”. No caso da caracterização dos citas, Heródoto
(A) conjugava vida comunitária, engenhosidade e isolamento.
(B) dissociava a descrição dos costumes da influência dos fatores naturais.
(C) relacionava o espaço natural e social à condição de selvageria.
(D) valorizava o nomadismo como pressuposto para o exercício da liberdade.
(E) reconhecia a diversidade e a fundamentava em termos étnicos.
QUESTÃO 15 - ANULADA
QUESTÃO 16
ENADE: Ao estudar o Império Romano na época de Trajano (98-117), o professor propõe a análise iconográfica de um aureus, uma moeda de ouro, detendo-se na efígie e na legenda que a acompanha.
Com base na análise do documento e considerando o domínio dos conhecimentos sobre o Império Romano nos dois primeiros séculos da era cristã, ao nível de Educação Básica, os alunos podem concluir que:
I - os imperadores romanos usavam as moedas como “imagens em movimento” para propagarem seus feitos político-militares e marcarem a presença imperial em todo o território;
II - o cargo de Pontífice Máximo e o título de Augusto proporcionavam prestígio político à pessoa do imperador, além de embasarem um sistema de governo teocrático;
III - o cargo de cônsul e o poder de tribuno do imperador eram exercidos no âmbito do sistema republicano de governo tanto em Roma como nas províncias;
IV - a autoridade do imperador provinha da concentração de poderes e funções que já existiam na República e parte de seus cargos eram de natureza eletiva.
São corretas APENAS as conclusões
(A) I e II
(B) I e IV
(C) II e III
(D) II e IV
(E) III e IV
QUESTÃO 17
ENADE: A topografia das cidades medievais revela diversos aspectos sobre a vida das sociedades que as habitavam, tais como organização corporativa, devoção religiosa e estratificação social. O detalhe da pintura ao lado retrata a cidade de San Gimignano nos braços de seu protetor, o bispo homônimo da cidade. Naquela época, o centro urbano contava com setenta e duas torres, das quais permanecem quinze hoje em dia.
A forma como o documento retrata a organização do espaço urbano explicita que
(A) as torres exaltam o poder das ordens mendicantes que se afirmam nos centros urbanos na Baixa Idade Média.
(B) as muralhas e os observatórios móveis de vigília glorificam o prestígio do patriciado urbano.
(C) as torres intra-muros exercem uma função militar, permitindo a defesa da nobreza que se transfere para a cidade.
(D) a muralha, como construção monumental, tinha também a função de transmitir a supremacia do poder urbano sobre o poder senhorial e eclesiástico.
(E) a cidade medieval, com suas torres e catedrais, ergue-se para o alto num impulso em direção a Deus.
QUESTÃO 18
ENADE: Considere os documentos a seguir.
(...) foi nos arredores das cidades em crescimento, no século XII, que a miséria apareceu. Repentinamente. Como uma coisa intolerável. Isso era conseqüência da migração dos camponeses para a cidade. Na periferia, onde chegavam esses migrantes desenraizados, a solidariedade primitiva estava destruída. (...) É nesse momento, ao fim do século XII, que aparece Francisco de Assis, o homem que encarna uma transformação radical do cristianismo.
DUBY, Georges. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos
medos. São Paulo: Unesp 1998, pp. 32-33.
Os documentos estabelecem relações entre a experiência franciscana e a condição da pobreza na Baixa Idade Média, podendo-se concluir que:
I - os documentos relacionam pobreza, ordens mendicantes e novas maneiras de viver o cristianismo, denunciando a desigualdade social;
II - a pobreza, no texto, é um efeito de transformações socioeconômicas; na imagem, é um meio para realizar a imitação de Cristo, sendo fruto de uma opção voluntária;
III - os documentos apresentam os pobres como os despossuídos de bens materiais: camponeses sem terra e sem trabalho e clérigos que renunciaram à riqueza terrena;
IV - a espiritualidade franciscana, no texto, é relacionada às transformações urbanas; na imagem, ela é positivada como virtude ao lado do branco da Castidade e do vermelho da Obediência.
São corretas APENAS as conclusões
(A) I e II
(B) I e III
(C) II e III
(D) I, III e IV
(E) II, III e IV
QUESTÃO 19
ENADE: Um dos aspectos que caracteriza as Cruzadas e a jihad islâmica como guerra santa é uma visão radicalmente espiritual do mundo, em que a alma é mais importante que o corpo, e a vida eterna, com Deus, melhor que a vida terrena.
Qual das frases explicita esse aspecto?
(A) “É horrendo, irmãos, que vocês estendam a mão rapace contra outros cristãos. Mas é um bem singular vibrar a espada contra os sarracenos!” (Papa Urbano II, Concílio de Clermont, 1905)
(B) “Ó crentes, que sucedeu quando vos foi dito para partirdes para o combate pela causa de Allah, e vós ficastes apegados à terra? Acaso, preferíeis a vida terrena à Outra?” (Corão, sura 9, 38-39)
(C) “Os esforços devem ser concentrados para destruir, combater e matar o inimigo até que, por graça de Deus, será completamente derrotado.” (Osama bin Laden, Declaração de guerra contra os americanos, 1996)
(D) “Essa ordem foi instituída (...) como milícia contra os inimigos da Cruz e da Fé, para expulsar dos confins da Cristandade os espantalhos noturnos das trevas dos infiéis.”(Estatutos dos Cavaleiros Teutônicos, 1199)
(E) “Foi-me ordenado combater os homens até que eles testemunhem que não há outro Deus que não Allah e que Maomé é o mensageiro de Deus.” (Preceito de Maomé, Sunna, século IX)
QUESTÃO 20
Retiraremos do discurso em que, a 15 de março de 1844, Lord Ashley apresentou a sua moção sobre a jornada de 10 horas à Câmara dos Comuns alguns dados que não foram refutados pelos industriais sobre a idade dos operários e a proporção de homens e mulheres. (...) Sobretudo o trabalho das mulheres desagrega completamente a família; porque, quando a mulher passa cotidianamente 12 ou 13 horas na fábrica e o homem também trabalha aí ou em outro emprego, o que acontece às crianças? Crescem, entregues a si próprias como a erva daninha, entregam-nas para serem guardadas fora (...), e podemos imaginar como são tratadas. É por essa razão que se multiplicam de uma maneira alarmante, nos distritos industriais, os acidentes de que as crianças são vítimas por falta de vigilância. (...) As mulheres voltam à fábrica muitas vezes três ou quatro dias após o parto, deixando, bem entendido, o recém-nascido em casa. (...).
ENGELS, Friedrich. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Global, 1986. p. 170-171.
ENADE: Os dados apresentados por Engels no texto escrito em 1845 referem-se a alguns dos efeitos da Revolução Industrial na Inglaterra.
Com base nessas informações, conclui-se que, ao longo do século XIX, a incorporação da mulher ao mercado de trabalho
(A) favoreceu a emancipação feminina, garantindo o acesso a serviços profissionais de educação infantil.
(B) causou um aumento sensível nos índices de mortalidade infantil, como conseqüência da irresponsabilidade das mães operárias.
(C) produziu o aumento de separações, pois as mulheres passaram a assumir o papel de chefes de família, antes restrito aos homens.
(D) resultou, principalmente, da necessidade de complementar a renda familiar, diante do crescente custo de vida na cidade industrial.
(E) contribuiu para o aumento da criminalidade, devido ao surgimento de gerações de crianças criadas por terceiros e carentes de cuidados maternos.
QUESTÃO 21
(A) no século XIX, houve uma diminuição do fluxo de escravos africanos para Cuba.
(B) no século XIX, a proibição do tráfico negreiro nas colônias britânicas eliminou o fluxo de escravos para a América do Norte.
(C) nos séculos XVIII e XIX, o fluxo de escravos africanos para regiões de colonização portuguesa na América sofreu pouca oscilação.
(D) ao longo do século XVII, a maioria dos escravos africanos transportados para a América dirigiu-se para colônias espanholas.
(E) no último quartel do século XVII, houve um aumento do fluxo de escravos africanos para a América Espanhola Continental.
QUESTÃO 22
ENADE: O mercantilismo foi definido e batizado por seus adversários. (...) Denunciando no mercantilismo o triunfo dos interesses egoístas dos mercadores, ignoraram que era também um sistema manufatureiro, agrícola, e toda uma concepção do poder estatal. (...) Do século XVI ao XVIII, ninguém se declarou mercantilista, e não existe nenhuma profissão de fé que permita classificar por comparação os escritos e as práticas econômicas do tempo. (...) Não existe definição comum do mercantilismo e de seus caracteres fundamentais.
Nenhum ministro se proclamou mercantilista (...). O mercantilismo, enquanto sistema de pensamento e de intervenção, foi definido pelos liberais do fim do século XVIII, para designar e desqualificar aqueles cujos argumentos e práticas repudiavam.
DEYON, Pierre. O mercantilismo. 4a ed. 1a reimpr. São Paulo: Perspectiva, 2004. p. 10-11; 46.
De acordo com o texto, o mercantilismo pode ser entendido como
I - um aspecto da crítica iluminista ao Antigo Regime;
II - uma noção inventada pelos adversários do intervencionismo estatal na economia;
III - um conjunto articulado de práticas econômicas defendidas por economistas do século XVII;
IV - uma política comercial metalista adotada pelos Estados absolutistas europeus da Idade Moderna.
São interpretações corretas do texto APENAS
(A) I e II
(B) I e III
(C) II e III
(D) II e IV
(E) III e IV
QUESTÃO 23
ENADE: ...o fato maior do século XIX é a criação de uma economia global única, que atinge progressivamente as mais remotas paragens do mundo, uma rede cada vez mais densa de transações econômicas, comunicações e movimentos de bens, dinheiro e pessoas ligando os países desenvolvidos entre si e ao mundo não desenvolvido.[...] Sem isso não haveria um motivo especial para que os Estados europeus tivessem um interesse algo mais que fugaz nas questões, digamos, da bacia do rio do Congo, ou tivessem se empenhado em disputas diplomáticas em torno de algum atol do Pacífico. Essa globalização da economia não era nova, embora tivesse se acelerado consideravelmente nas décadas centrais do século.
HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios. 1875-1914. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1988. p. 95.
Para Hobsbawm, o que caracteriza a expansão imperialista europeia no século XIX?
(A) A ausência do Estado protecionista na criação de uma economia global única.
(B) A criação de uma economia global única no contexto do crescimento industrial europeu.
(C) A composição de forças das nações industrializadas no domínio colonial.
(D) O favorecimento social das regiões coloniais com a ampliação dos investimentos europeus.
(E) Os benefícios econômicos proporcionados às massas descontentes dos impérios.
QUESTÃO 24
ENADE: Nenhum Congresso dos Estados Unidos já reunido, ao examinar o estado da União, encontrou uma perspectiva mais agradável do que a de hoje [...] A grande riqueza criada por nossa empresa e indústria, e poupada por nossa economia, teve a mais ampla distribuição entre nosso povo, e corre como um rio a servir à caridade e aos negócios do mundo. As demandas da existência passaram do padrão da necessidade para a região do luxo. A produção que aumenta é consumida por uma crescente demanda interna e um comércio exterior em expansão. O país pode encarar o presente com satisfação e prever o futuro com otimismo.
Presidente dos Estados Unidos Calvin Coolidge, Mensagem ao
Congresso, 04 dez. 1928.
As nossas dificuldades, graças a Deus, apenas se referem a coisas materiais. Os preços desceram a níveis inimagináveis; os impostos subiram; a administração sofre graves reduções de receitas, a todos os níveis; os meios de trocas estão bloqueados nos canais congelados do comércio; as folhas mortas das indústrias juncam o solo por toda a parte; os rendeiros não encontram mercados para os seus produtos; desapareceram as economias amealhadas durante numerosos anos por milhares de famílias. A nossa grande obrigação, a primeira, é fazer voltar o povo ao trabalho [...].
Discurso do Presidente dos Estados Unidos Franklin Roosevelt, 1933.
Sem ele [o colapso econômico entre as guerras], com certeza não teria havido Hitler. Quase certamente não teria havido Roosevelt. É muito improvável que o sistema soviético tivesse sido encarado como um sério rival econômico e uma alternativa possível ao capitalismo mundial. [...] O mundo do século XX é incompreensível se não entendermos o impacto do colapso econômico.
HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-
1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 90-91.
Apenas cinco anos separam a mensagem do presidente republicano Calvin Coolidge e o discurso do presidente democrata Franklin Roosevelt. Ambos apresentaram avaliações bastante distintas acerca da realidade econômico-social pela qual passavam os Estados Unidos da América. O texto de Eric Hobsbawm permite entender um pouco melhor as avaliações dos presidentes.
Nesse contexto, analise as afirmativas a seguir.
I - O New Deal representou uma mudança significativa no modelo tradicional de economia de mercado praticada pelos norte-americanos.
II - A Grande Depressão atingiu todos os países que mantinham algum tipo de relação com os Estados Unidos da América, como a Inglaterra, a França, a União Soviética e o Brasil.
III - A Grande Depressão foi um dos fatores que colaboraram para a construção de discursos críticos sobre o modelo liberal-democrático.
IV - A Grande Depressão, no Brasil, atingiu os setores agrícola e industrial, devido à falta de investimento externo norte-americano.
Estão corretas APENAS as afirmações
(A) I e II
(B) I e III
(C) I e IV
(D) II e III
(E) III e IV
QUESTÃO 25
ENADE: Após apresentar as imagens, o professor introduziu o debate acerca das disputas entre Estados Unidos e União Soviética sobre a memória da 2ª Guerra Mundial.
Com base na análise das imagens e no encaminhamento sugerido pelo professor, conclui-se que:
I - a manchete da revista Time reitera a idéia transmitida pela foto do soldado soviético;
II - a edição especial da revista Time busca ressaltar a importância do “Dia D” para a derrota de Hitler;
III - os dois documentos servem ao objetivo de minimizar a importância dos esforços conjuntos dos aliados para a vitória final sobre Hitler;
IV - a foto do soldado soviético denuncia o golpe de Estado promovido pelo Exército Vermelho com o intuito de instalar o comunismo na Alemanha.
Estão corretas APENAS as afirmativas
(A) I e II
(B) I e III
(C) II e III
(D) III e IV
(E) I, II e IV
QUESTÃO 26
ENADE: No seu nascedouro, a palavra “descolonização” já vem carregada de ideologia, parecendo definir um destino histórico dos povos colonizados: depois de ter colonizado, o europeu “descoloniza”, estando, pois, implícita a vontade do país colonizador de abrir mão de pretensos direitos adquiridos em determinado momento. A generalização do termo implica, de certa forma, uma interpretação eurocêntrica da História, ou seja, a noção de que só a Europa possui uma história ou é capaz de elaborá-la. Os outros não têm história: nem passado a ser contado nem futuro a ser elaborado.
LINHARES, Maria Yedda Leite. Descolonização e lutas de libertação nacional. In: REIS FILHO, Daniel Aarão; FERREIRA, Jorge; ZENHA, Celeste (orgs.).
O século XX. O tempo das dúvidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. 3 v. Vol. 3: p. 41.
Nas décadas de 1950 e 1960, as reivindicações das ex-colônias africanas e asiáticas resultaram em alterações na dinâmica bipolar do sistema internacional da Guerra Fria. Por meio do Movimento de Países Não-Alinhados (MPNA), os países do “Terceiro Mundo” buscaram (re)escrever a sua história e elaborar projetos próprios para o futuro.
A respeito da descolonização do mundo afro-asiático e da formação do Terceiro Mundo, constata-se que:
(A) o não-alinhamento implicou a recusa a qualquer forma de cooperação com alguma das duas superpotências.
(B) o discurso terceiro-mundista, esboçado na Conferência de Bandung, consolidou-se no MPNA, denunciando o subdesenvolvimento como fruto da dominação imperialista.
(C) o MPNA buscou articular um pólo alternativo de poder, eqüidistante das duas superpotências da Guerra Fria, para atuar no Conselho de Segurança da ONU.
(D) o MPNA entrou em declínio nas décadas de 1970 e 1980, devido à “diplomacia do pingue-pongue”, à crise do pan-arabismo e ao fracasso militar das lutas de libertação nacional.
(E) a Conferência de Bandung contou com a participação exclusiva de países subdesenvolvidos e excluiu das discussões os países alinhados aos EUA ou à URSS.
QUESTÃO 27
ENADE: A economia brasileira sofre transformações na primeira metade do século XX, conforme se observa nas Tabelas 1 e 2.
A análise das tabelas acima possibilita identificar que
I - a taxa de crescimento do PIB manteve-se estável durante as décadas de 1930 e 1940;
II - a indústria brasileira se equipou significativamente durante a primeira metade da década de 1920 e o período de 1933 a 1936;
III - o setor de serviços, incluindo o governo, ocupou sempre um papel de destaque no PIB, durante a primeira metade do século XX;
IV - a participação do setor agrícola no PIB manteve-se estável na primeira metade do século XX, o mesmo não acontecendo com a indústria.
Estão corretas APENAS as afirmações
(A) I e II
(B) I e IV
(C) II e III
(D) II e IV
(E) III e IV
QUESTÃO 28
ENADE: Não se esqueça de por algumas embaíbas, que são formosas e enfeitam o bosque pelo caráter especial de suas folhas (...). Lembre-se bem das nossas árvores e troncos retos, carregados de plantas diversas, altas e com coqueiros e com palmitos pelo meio, pois estes crescem à sombra dos grandes madeiros. Pouco, mas característico, mas genuinamente brasileiro.
Carta de Araújo Porto Alegre para Victor Meirelles, 4/2/1859.
Apud. COLI, Jorge. Primeira Missa e a invenção da descoberta.
In: NOVAES, Adauto (org). A descoberta do homem e
do mundo. São Paulo: Cia das Letras, 1998, p. 120.
As recomendações de Araújo Porto Alegre, então diretor da Academia Imperial de Belas Artes, a Victor Meirelles, no trecho da carta transcrita, por ocasião da pintura do quadro Primeira missa no Brasil, expressam, no que se refere à identidade nacional brasileira, em meados do século XIX, a preocupação de
(A) associar natureza e barbárie.
(B) caracterizar a paisagem local.
(C) enaltecer as heranças ibéricas.
(D) domesticar o habitante nativo.
(E) destacar a miscigenação do povo.
QUESTÃO 29
ENADE: É de lá [dos estados] que se governa a República, por cima das multidões que tumultuam, agitadas, nas ruas da capital da União. (...) A política dos estados (...) é a política nacional.
SALES, Campos. Da Propaganda à Presidência.
São Paulo: s. ed., 1908, p. 252.
O governo federal entregava cada um dos estados à facção que dele primeiro se apoderasse. Contanto que se pusesse nas mãos do presidente da República, esse grupo de exploradores privilegiados receberia dele a mais ilimitada outorga, para servilizar, corromper e roubar as populações.
Rui Barbosa apud LESSA, Renato. A Invenção Republicana: Campos Sales, as bases e a decadência da Primeira República
Brasileira. Rio de Janeiro, Topbooks, 1999. p. 154.
A historiografia brasileira caracteriza o governo de Campos Sales (1898-1902) como o período de construção de práticas de estabilização política do regime republicano. Os testemunhos de Campos Sales e Rui Barbosa apresentam uma dessas práticas, a política dos estados, que pode ser entendida como
(A) o revezamento entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais na chefia da Presidência da República.
(B) o controle da política estadual por parte do governo federal, por meio de intervenção regular na política local.
(C) o compromisso político entre os coronéis, os governos estaduais e o presidente da República, fundado na fraude eleitoral.
(D) o pacto construído entre os estados de primeira grandeza (São Paulo e Minas Gerais) para beneficiar os interesses dos cafeicultores.
(E) a liberdade de ação das oligarquias estaduais, em troca do apoio, na Câmara dos Deputados, a projetos do governo federal.
QUESTÃO 30
ENADE: Diante do empreendimento de tamanha magnitude, como o que estamos aqui realizando, não posso ocultar o meu entusiasmo patriótico e a minha confiança na capacidade dos brasileiros. O que representam as instalações da usina siderúrgica de Volta Redonda, aos nossos olhos deslumbrados pelas grandiosas perspectivas de um futuro próximo, é bem o marco definitivo da emancipação econômica do país. Aqui ele está plantado, em cimento e ferro, desafiando ceticismos e desalentos [...].
VARGAS, Getúlio. Volta Redonda e a capacidade construtiva dos
brasileiros, 1943, A nova política, v. 10, Rio de Janeiro: José
Olympio, 1938-1947, p. 54.
A Companhia Siderúrgica Nacional (1941) é um dos resultados da forma como o Governo de Vargas, entre 1930 e 1945, enfrentou o problema da infra-estrutura no Brasil, que envolvia principalmente três questões: o petróleo, a siderurgia e a energia elétrica.
PORQUE
Questões relativas a petróleo, siderurgia e energia elétrica eram entendidas pelo governo como fundamentais para a promoção do desenvolvimento industrial brasileiro que viria após a crise internacional, marcada pela quebra da bolsa de valores de Nova Iorque e a Segunda Guerra Mundial.
Analisando as afirmações acima, conclui-se que
(A) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
(B) as duas afirmações são verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
(C) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa.
(D) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira.
(E) as duas afirmações são falsas.
QUESTÃO 31
ENADE: A imagem corresponde a uma representação recorrente de Tiradentes, cultuado oficialmente como herói republicano desde 1890. Ela resulta de uma construção historiográfica e política do personagem, que encontrou grande receptividade junto à população a partir do século XX.
Uma das características dessa representação, que ajuda a explicar essa receptividade e a força de Tiradentes no imaginário brasileiro, é
(A) a altivez de Tiradentes, que indica uma posição de repúdio às autoridades políticas e religiosas.
(B) a identificação de Tiradentes com as causas populares, representadas pela figura do carrasco negro.
(C) a resistência de Tiradentes à religião, indicando sua ligação com o Iluminismo.
(D) a abnegação cristã de Tiradentes, indicando a entrega de si ao sacrifício por um ideal.
(E) o estado físico de Tiradentes, indicando seu sofrimento pelas torturas na prisão.
QUESTÃO 32
ENADE: Numa aula sobre a estrutura política do Império brasileiro, o professor apresentou a seus alunos o trecho da Constituição de 1824 e a charge reproduzidos abaixo.
Depois de pedir aos alunos que lessem os artigos da Constituição selecionados, o professor apresentou a charge acima, com as devidas ressalvas quanto ao anacronismo presente na caricatura. A seguir, sugeriu à turma que relacionasse a Constituição de 1824 à interpretação da charge. Ao final da aula, os alunos resumiram suas discussões às quatro afirmações apresentadas abaixo.
I - A charge confirma a Constituição de 1824, que garante amplos poderes ao Imperador.
II - A charge contesta o texto da Constituição, que estabelece a submissão do Estado à Igreja.
III - A charge contraria o texto da Constituição, que afirma o caráter Sagrado da pessoa do Imperador.
IV - A charge ratifica o texto da Constituição de 1824, que assegura a supremacia do Poder Moderador sobre os demais poderes.
Estão corretas APENAS as afirmativas
(A) I e II
(B) I e III
(C) I e IV
(D) II e III
(E) III e IV
QUESTÃO 33
ENADE: Documento I
E, segundo que a mim e a todos pareceu, esta gente não lhes falece outra coisa para ser toda cristã, senão entender nos, porque assim tomavam aquilo que nos viam fazer, como nós mesmos, por onde nos pareceu a todos que nenhuma idolatria, nem adoração têm. E bem creio que, se Vossa Alteza aqui mandar quem entre eles mais devagar ande, que todos serão tornados ao desejo de Vossa Alteza. E por isso, se alguém vier, não deixe logo de vir clérigo para os batizar, porque já então terão mais conhecimento de nossa fé, pelos dois degredados, que aqui entre eles ficam, os quais, ambos, hoje também comungaram.
Carta de Pero Vaz de Caminha. In: PEREIRA, Paulo Roberto (org). Os três únicos testemunhos do Descobrimento do Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lacerda, 1999. p. 54;57.
Documento II
... nenhuma fé têm, nem adoram a algum deus; nenhuma lei guardam ou preceitos, nem têm rei que lha dê e a quem obedeçam, senão é um capitão, mais pera a guerra que pera a paz.
SALVADOR, Frei Vicente do. História do Brasil (1500-1627). Revista por Capistrano de Abreu, Rodolfo Garcia e Frei Venâncio Willeke, OFM. 6 ed. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1975.
A partir da análise desses documentos conclui-se que, no período compreendido entre a produção do primeiro e do segundo,
(A) a administração portuguesa no Brasil orientou-se pelas observações dos autores dos documentos e optou pelo isolamento das populações indígenas por considerar que eram inúteis ao processo de colonização.
(B) a Coroa deixou integralmente a cargo da Igreja Católica a responsabilidade pela integração das populações indígenas ao modo de vida europeu, conforme as sugestões dos autores dos documentos.
(C) a predominância das ações de natureza religiosa, por meio da catequese junto às populações indígenas, preservou sua cultura e impediu que elas fossem escravizadas.
(D) o entendimento dos portugueses acerca das populações indígenas e de seus costumes favoreceu o seu processo de integração pela religião, finalizado no século XVII.
(E) os colonizadores empenharam-se em transplantar para o interior das comunidades indígenas as formas de organização da sociedade portuguesa, usando a religião e a presença de europeus entre eles.
QUESTÃO 34
ENADE: Considerando as duas fontes, analise as afirmações a seguir.
I - A política de redistribuição de terras, definida no Estatuto da Terra, equacionou os conflitos no mundo rural.
II - O Estatuto da Terra era um projeto de Estado, que compartilhava a responsabilidade sobre a reforma agrária com os atores do campo.
III - A luta pela reforma agrária, entre os anos 1940 e 1960, contribuiu para a afirmação do trabalhador rural como ator político.
IV - O Hino do Camponês expressa a luta contra o domínio dos latifundiários, caracterizado pela super-exploração do trabalho no campo.
Estão corretas APENAS as afirmações
(A) I e II
(B) I e III
(C) II e III
(D) III e IV
(E) I, II e IV
QUESTÃO 35
ENADE: Em 1926, Langston Hughes, escritor negro norte-americano, da chamada Renascença do Harlem, escreveu o seguinte poema:
Eu, também
Eu, também, canto a América
Eu sou o mais escuro
Eles me mandam comer na cozinha
Quando as visitas chegam
Mas eu rio
E como bastante
E cresço forte.
Amanhã,
Eu estarei à mesa
Quando as visitas chegarem
Ninguém ousará
Dizer-me
‘Coma na cozinha’
Então,
Ademais,
Eles verão quão belo eu sou
E se envergonharão –
Eu, também, sou a América.
Citado em PAMPLONA, Marco A. Revendo o sonho americano: 1890-1972. São Paulo: Atual, 1995. p. 44.
No poema, o autor
(A) aceita a discriminação sofrida pelo negro na América.
(B) prevê uma América dividida entre brancos e negros.
(C) reconhece o negro como beneficiário de uma América branca.
(D) exclui o branco do seu sonho de nação.
(E) reivindica seu pertencimento à América.
QUESTÃO 36
ENADE: A pintura mural mexicana do século XX caracteriza-se por suas grandes dimensões, sendo exibida em espaços públicos como palácios, bibliotecas, escolas e museus. Abrange temas da história nacional que vão desde o período pré-hispânico até a Revolução Mexicana.
Ao trabalhar o tema da Revolução Mexicana iniciada em 1910, um professor do ensino médio propõe aos alunos a análise de duas pinturas do muralismo mexicano.
Após a análise, professor e alunos chegaram a algumas conclusões sobre as pinturas, dentre as reproduzidas a seguir.
I - Revelam disputas na construção de uma memória nacional da Revolução Mexicana.
II - Retratam de maneira semelhante os líderes revolucionários de etapas distintas da Revolução.
III - Contêm variadas simbologias da luta revolucionária mexicana.
IV - Mostram a preponderância da atuação do povo mexicano na Revolução.
Estão corretas APENAS as conclusões
(A) I e III
(B) II e IV
(C) I, II e III
(D) I, II e IV
(E) II, III e IV
QUESTÃO 37
ENADE: Essas ilhas são apêndices naturais do continente norte-americano, e uma delas – quase visível a olho nu de nossas costas – tornou-se, por muitas considerações, um objeto de importância transcendente para os interesses comerciais e políticos da nossa União. (...) Entre os interesses daquela ilha e deste país, tais são, certamente, as relações geográficas, comerciais, morais e políticas formadas pela natureza, a cristalizarem-se no processo do tempo, neste momento mesmo alcançando a maturidade, (...) é difícil resistir à convicção de que a anexação de Cuba por nossa República Federal será indispensável à continuidade e à integridade da nossa própria União... Há leis da política como há leis da gravitação física. E se uma maçã, separada de uma árvore nativa pela tempestade, não pode escolher, mas apenas cair no chão, Cuba, por força desligada do seu vínculo não natural com a Espanha, e incapaz de se auto-sustentar, só pode gravitar na direção da União Norte-Americana, a qual, pela mesma lei da natureza, não pode segregá-la do seu seio.
Carta de John Quincy Adams, secretário de Estado dos Estados Unidos, a Hugh Nelson,
representante norte-americano em Madri, 23 de abril de 1823.
Analisando o texto acima e considerando a política externa norte-americana, conclui-se que
(A) os interesses dos Estados Unidos no Caribe datam da sua participação na Guerra Hispano-Americana.
(B) a idéia de pan-americanismo era fortalecida pela proposta de parceria na política e na economia com as nações do continente.
(C) a essência da Doutrina Monroe, “América para os americanos”, definia o continente como zona de influência dos EUA.
(D) a criação de um império de portas abertas contribuiu para o declínio da idéia de expansão das fronteiras.
(E) a percepção de uma identidade americana abrangente firmou-se no hemisfério ocidental.
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