Prova ENADE 2021 Letras Português (licenciatura) com Gabarito
Prova ENADE 2021 Letras Português (licenciatura) com Gabarito
OBS: As questões objetivas de 01 a 08 estão disponível na prova de Formação Geral que você pode acessar clicando neste link ou neste link e/ou neste link. As questões discursivas não foram disponibilizadas com padrão de resposta. Assim que divulgadas serão atualizadas.
CONHECIMENTO ESPECÍFICO
ENADE 2021 - QUESTÃO DISCURSIVA 03
Texto I
Diante da multiplicidade de linguagens, mídias e tecnologias, torna-se necessário se fazer saber dominar áudio, vídeo, tratamento de imagem, edição e diagramação, entre outros recursos tecnológicos. Portanto são requeridas novas práticas de leitura, escrita e análise crítica; pois são necessários novos multiletramentos. A referência ao termo multiliteracies, publicado pelo New London Group em 1996, funcionaria a partir de algumas características importantes como: a) motivadores da interação (colaborativos); b) transgressores das relações de poder estabelecidas; e c) híbridos, fronteiriços e mestiços (de linguagens, modos, mídias e culturas). Essas características impõem um novo modo de conceber, por exemplo, a autoria e a recepção dos enunciados. Ou seja, o processo de produção textual não é mais exclusivamente linguístico, integra imagem, som, movimento; além disso, não se vivencia mais uma produção estritamente individual ou de mão única (aluno-professor), mas colaborativa – mais de um sujeito contribui para a produção e retextualização. Portanto, esses objetos discursivos (hipermodais e polifônicos) desafiam a se repensar concepções enunciativas de produção e de leitura de enunciados. Há, portanto, que se reconhecer uma pedagogia dos multiletramentos ao se propor a adoção, em sala de aula, de práticas situadas, de instrução aberta, de enquadramento crítico e de prática transformadora. A proposta didática, sustentada em critérios de análise crítica, é de grande interesse imediato e condiz com os princípios de pluralidade cultural e de diversidade de linguagens envolvidas no conceito de multiletramentos.
ROJO, R.; ALMEIDA, E. de M. (orgs.). Multiletramentos na escola.
São Paulo: Parábola Editorial, 2012 (adaptado).
Texto II
As práticas de linguagem contemporâneas não só envolvem novos gêneros e textos cada vez mais multissemióticos e multimidiáticos, como também novas formas de produzir, de configurar, de disponibilizar, de replicar e de interagir. As novas ferramentas de edição de textos, áudios, fotos, vídeos tornam acessíveis a qualquer um a produção e a disponibilização de textos multissemióticos nas redes sociais e outros ambientes da Web. Não só é possível acessar conteúdos variados em diferentes mídias, como também produzir e publicar fotos, vídeos diversos, podcasts, infográficos, enciclopédias colaborativas, revistas e livros digitais etc. Depois de ler um livro de literatura ou assistir a um filme, pode-se postar comentários em redes sociais específicas, seguir diretores, autores, escritores, acompanhar de perto seu trabalho; podemos produzir playlists, vlogs, vídeos-minuto, escrever fanfics, produzir e-zines, ser um booktuber, dentre outras muitas possibilidades. Em tese, a Web é democrática: todos podem acessá-la e alimentá-la continuamente. Mas se esse espaço é livre e bastante familiar para crianças, adolescentes e jovens de hoje, por que a escola teria que, de alguma forma, considerá-lo?
Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 09 set. 2021
Considerando os textos I e II, faça o que se pede nos itens a seguir.
a) Explique o conceito de multiletramentos a partir das abordagens dos textos I e II. (valor: 4,0 pontos)
b) Dê um exemplo de como esse novo contexto e as múltiplas linguagens podem ser trabalhadas em sala, nas aulas de leitura. (valor: 6,0 pontos)
PADRÃO DE RESPOSTA. (EM BREVE)
ENADE 2021 - QUESTÃO DISCURSIVA 04
TEXTO I
Todos os diversos campos da atividade humana estão ligados ao uso da linguagem. Compreende-se perfeitamente que o caráter e as formas desse uso sejam tão multiformes quanto os campos da atividade humana, o que, é claro, não contradiz a unidade nacional de uma língua. O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana. Esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo não só por seu conteúdo (temático) e pelo estilo da linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua, mas, acima de tudo, por sua construção composicional. Todos esses três elementos – o conteúdo, o estilo, a construção composicional – estão indissoluvelmente ligados no todo do enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo da comunicação. Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do discurso.
BAKHTIN, M. M. O problema dos gêneros discursivos.
In: Estética da criação verbal. Tradução Paulo Bezerra.
São Paulo: Martins Fontes. 2003, p. 261 (adaptado).
TEXTO II
Já se tornou trivial a ideia de que os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social. Fruto de trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia a dia. São entidades sociodiscursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa. No entanto, mesmo apresentando alto poder preditivo e interpretativo das ações humanas em qualquer contexto discursivo, os gêneros não são instrumentos estanques e enrijecedores da ação criativa. Caracterizam-se como eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade.
In: Dionísio, A; Machado, A. R; BEZERRA, M.A. (org.).
Gêneros textuais e ensino. RJ: Lucerna, 2005. p.19.
TEXTO III
Houve um tempo em que havia pedras no meio do caminho.
Tropeçava-se. Levantava-se. E seguia-se.
Hoje, tem uma bala no meio do caminho.
No meio do caminho tem uma bala.
Tem uma bala no meio do ca....
SPALDING, M. Minicontos e Muito Menos.
1. ed. Porto Alegre: Casa Verde, 2009. p. 45.
Considerando os textos apresentados, faça o que se pede nos itens a seguir.
a) A partir das ideias dos textos I e II, discorra sobre a estabilidade relativa dos gêneros do discurso ou gêneros textuais. (valor: 5,0 pontos)
b) Explique as características constitutivas do miniconto, texto III, considerando os textos I e II. (valor: 5,0 pontos)
PADRÃO DE RESPOSTA. (EM BREVE)
ENADE 2021 - QUESTÃO DISCURSIVA 05
Texto I
O meu nome é Regina Anastácia. Assim que ouvi essas primeiras palavras de Anastácia e contemplei seu porte tão altivo, fui tomada por uma enorme emoção. Agradeci à vida por me oferecer momentos tão raros, como o de contemplar uma pessoa dona de uma beleza que caminha para um encanto quase secular. A voz dela pausada e já marcada pelo correr de um tempo de noventa e um anos vividos, ao pronunciar o próprio nome, me soou como alguém que anuncia com respeito a chegada de alguém especial, merecedora de toda reverência. Regina Anastácia se anunciava, anunciando a presença da Rainha Anastácia frente a frente comigo. Lembranças de outras rainhas me vieram à mente: Mãe Menininha do Gantois, Mãe Meninazinha d’Oxum, as rainhas de congadas, realezas que descobri na minha infância, em Minas, Clementina de Jesus, Dona Ivone Lara, Lia de Itamaracá, Leia Garcia, Ruth de Souza.
EVARISTO, Conceição. Regina Anastácia. In: Insubmissas
Lágrimas de Mulheres. Rio de Janeiro: Editora Malê, 2016 (adaptado).
Texto II
A escrevivência é o espírito de uma coletividade. A autora é porta-voz dos impossibilitados de falar e apesar de sua escrita ser um ato coletivo, ao mesmo tempo é pessoal, pois quem escreve, escreve pelos seus, mas sobretudo por si próprio. Evaristo expressa que sua produção é a manifestação de suas angústias e, como diz possuir apenas desenvoltura com a literatura, justifica: “Escrevo porque não sei dançar nem cantar. Não tenho outras formas de manifestar minhas angústias. Se não escrever, adoeço”, afirmou em uma conferência na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2012.
SILVA, E. K. S. da; CARDOSO, S. M. Conceição Evaristo: da
mulher negra à escritora. Afro-Ásia, [S. l.], n. 59, 2019 (adaptado).
Considerando os textos apresentados e os estereótipos femininos construídos pela tradição da literatura brasileira, explique a renovação promovida por Conceição Evaristo no que se refere à representação literária da mulher negra. (valor: 10,0 pontos)
PADRÃO DE RESPOSTA. (EM BREVE)
ENADE 2021 - QUESTÃO 09
BECKER, Alexandre. Disponível em: https://tirasarmandinho.tumblr.com/. Acesso em: 18 maio 2020.
No texto, houve um problema de comunicação devido à
A) ausência do artigo definido “o” após o verbo, na placa.
B) utilização do verbo “ver” na forma nominal de gerúndio.
C) omissão do pronome “eu” como sujeito do verbo na placa.
D) ambiguidade da palavra “vendo” no contexto comunicativo.
E) transitividade do verbo “vender” ao admitir dois complementos.
ENADE 2021 - QUESTÃO 10
TEXTO I
Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam. Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita inventada no cabelo.
ROSA, J. G. Fita verde no cabelo (nova velha história). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.
TEXTO II
Hoje, eu sei: meu pai tinha perdido os Nortes. Ele vislumbrava coisas que ninguém mais reconhecia. Essas aparições aconteciam, sobretudo, nas grandes ventanias que, em setembro, varrem as savanas. O vento era, para Silvestre, uma dança de fantasmas. As árvores, ventadas, convertiam-se em pessoas, eram mortos que se lamentavam, a querer arrancar as suas próprias raízes. Assim falava Silvestre Vitalício, enclausurado no quarto e barricado atrás de janelas e portas, à espera que a bonança chegasse.- O vento está cheio de doenças, o vento é, todo ele, uma contagiosa enfermidade. Nesses dias de tempestade, o velho não autorizava que ninguém saísse do quarto. Convocava-me para ficar a seu lado, e eu tentava, em vão, engordar silêncios.
COUTO, M. Antes de nascer o mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
TEXTO III
Antes de ser para a comunicação, a linguagem é para a elaboração; e antes de ser mensagem, a linguagem é construção do pensamento; e antes de ser veículo de sentimentos, ideias, emoções, aspirações, a linguagem é um processo criador.
FRANCHI, C. Linguagem: atividade constitutiva.
São Paulo: Parábola Editorial, 2011 (adaptado).
A partir da leitura dos textos apresentados, avalie as afirmações a seguir.
I. As operações morfológicas, fonéticas e/ou sintáticas atuam enquanto elementos (re)criadores da língua e delas emergem uma nova semântica e uma língua reativada em textos literários.
II. O escritor brasileiro e o escritor moçambicano são atentos à oralidade regional em que se inserem, registrando-a e empregando neologismos em seus textos.
III. Os princípios canônicos, aceitos como esteticamente válidos para se reconhecer um padrão literário, baseiam-se em elementos como o diferente e o inusitado.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
ENADE 2021 - QUESTÃO 11
Quando se trata de usar a combinação PREPOSIÇÃO + PRONOME RELATIVO, os falantes do português do Brasil têm à sua disposição três estratégias diferentes. Aqui vão elas:
Esse é um filme de que eu gosto muito.
Esse é um filme que eu gosto muito dele.
Esse é um filme ø que eu gosto muito.
A estratégia 1 é a única aceita pela tradição gramatical. Por isso, vamos chamá-la de relativa padrão. A estratégia 2, rejeitada pela gramática normativa, é chamada pelos linguistas de relativa copiadora. Tem esse nome porque, nela, há uma repetição, por meio de um "pronome-cópia", do elemento que deveria ser substituído pelo pronome relativo, aquilo que nas gramáticas recebe o nome de ANTECEDENTE. A estratégia 3, também rejeitada pela gramática normativa, é chamada pelos linguistas de relativa cortadora. Recebe esse nome porque a preposição que o verbo rege é "cortada", ou seja, é apagada na segunda oração.
BAGNO, M. Português ou Brasileiro? um convite à pesquisa.
São Paulo: Parábola, 2001, p. 83-84 (adaptado).
A partir do texto apresentado, avalie as afirmações a seguir.
I. As relativas do tipo padrão são caracterizadas pela anteposição da preposição regida pelo verbo principal da oração relativa, que aparece antes do pronome relativo.
II. Como é a única estratégia de relativização aceita pela gramática normativa, a relativa padrão é a única estratégia de relativização que deve ser analisada na escola.
III. No exemplo 2, o pronome-cópia é "ele", que aparece acoplado à preposição "de", regida pelo verbo "gostar", e que tem como antecedente o substantivo "filme".
IV. As relativas cortadoras são muito frequentemente usadas, mesmo entre os falantes escolarizados do português brasileiro, não sendo consideradas variantes estigmatizadas.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e II.
B) II e III.
C) III e IV.
D) I, II e IV.
E) I, III e IV.
ENADE 2021 - QUESTÃO 12
Texto I
Vício da fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
ANDRADE, Oswald de. Disponível em: https://www.escritas.org/.
Acesso em: 28 maio 2020.
Texto II
Poema de beco
Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
- O que vejo é o beco.
BANDEIRA, M. Estrela da Manhã. In: Estrela Da Manhã e Outros Poemas.
Rio de Janeiro: Círculo do Livro, 1987.
A partir da leitura dos textos acima, avalie as afirmações a seguir.
I. No texto I, traços da oralidade foram adotados não apenas como recurso estilístico, mas também como instrumento de legitimação de variedades linguísticas do Brasil.
II. No texto II, a simplicidade da linguagem e o desequilíbrio métrico dos dois versos consubstanciam a própria perspectiva do sujeito poético.
III. No texto II, a estrutura ultrassintética compromete o caráter e a apreciação estética do texto modernista.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
ENADE 2021 - QUESTÃO 13
TEXTO I
Sendo linguisticamente diversificada, a colônia portuguesa viu o idioma da metrópole tornar-se oficial em suas terras somente no século XVIII, quando Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), Ministro de Estado do Rei José I (1750-1777) e futuro Marquês de Pombal, viu a necessidade da integração definitiva dos nativos para garantir a soberania do Estado Português sobre aquele território. Na ocasião, entre outras medidas, ele expulsou os padres jesuítas, proibiu a chamada “língua geral” e a escravidão indígena no Maranhão e incentivou a miscigenação entre portugueses e índios. No século XIX, a língua portuguesa já era predominante.
Disponível em: https://museudalinguaportuguesa.org.br/.
Acesso em: 29 maio 2020 (adaptado).
TEXTO II
Quando ouvir dizer que o Brasil é um país tupiniquim, não se irrite. Nos primeiros dois séculos após a chegada de Cabral, o que se falava por estas bandas era o tupi mesmo. O idioma dos colonizadores só conseguiu se impor no litoral no século XVII e, no interior, no XVIII. Em São Paulo, até o começo do século passado, era possível escutar alguns caipiras contando casos em língua indígena. No Pará, os caboclos conversavam em nheengatu até os anos 40. Mesmo assim, o tupi foi quase esquecido pela História do Brasil. Ninguém sabe quantos o falavam durante o período colonial. Era o idioma do povo, enquanto o português ficava para os governantes e para os negócios com a metrópole. Os principais documentos, como as gramáticas e dicionários dos jesuítas, só começaram a ser recuperados a partir de 1930. A própria origem do tupi ainda é um mistério. Calcula-se que tenha nascido há cerca de 2 500 anos, na Amazônia, e se instalado no litoral, no ano 200 d.C.
Disponível em: https://super.abril.com.br/. Acesso em: 29 maio 2020 (adaptado).
Com base nos textos apresentados, é correto afirmar que
A) O fato de o tupi ter deixado de ser falado no Brasil deveu-se a motivações políticas, ideológicas e culturais.
B) A convivência de dois idiomas – o tupi e o português – ao mesmo tempo, no Brasil, ocasionou conflitos linguísticos em estados como Pará e São Paulo.
C) O português não teria prevalecido sobre o tupi se não fosse a interferência do Marquês de Pombal.
D) O “idioma do povo” prejudicou a fixação do idioma português no Brasil, pois já estava sendo usado pelo povo por muito tempo.
E) O português prevaleceu sobre o tupi por razões práticas, pois seria impossível à língua tupi atender às demandas políticas e sociais que o império português imporia à nação brasileira.
ENADE 2021 - QUESTÃO 14
John Milton (1994) afirma que “talvez somente nos últimos dez anos é que podemos ver que há certa mudança na aceitação de linguagem popular na tradução de romances clássicos”. Apesar de haver maior aceitação do uso dessa linguagem no mercado editorial, não se pode dizer que, de uma maneira geral, as editoras sejam receptivas ao emprego de formas em descompasso com a norma culta.
Milton salienta que, em muitos romances, o dialeto das obras originais foi traduzido para o português padrão. De acordo com o autor, a ênfase no conteúdo seria a característica desses romances, “importando o que diz a personagem e não como diz”, como se “o dialeto fosse uma simples fachada, uma distração desnecessária para conhecer as verdadeiras qualidades da personagem”.
Disponível em: https://periodicos.unemat.br/. Acesso em: 21 jul. 2020 (adaptado).
Considerando as variedades linguísticas e a caracterização de personagens em obras traduzidas, avalie as afirmações a seguir.
I. O uso de ocorrências próximas à oralidade nos diálogos remete o leitor ao contexto sócio-histórico retratado na obra.
II. O modo como os participantes da narrativa se expressam interfere na construção de sentido da obra.
III. A opção dos editores pela linguagem padrão nos textos literários justifica-se pela sua universalidade.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
ENADE 2021 - QUESTÃO 15
Capim sabe ler? Escrever? Já viu cachorro letrado, científico? Já viu juízo de valor? Em quê? Não quero aprender, dispenso. Deixa pra gente que é moço. Gente que tem ainda vontade de doutorar. De falar bonito. De salvar vida de pobre. O pobre só precisa ser pobre. E mais nada precisa. Deixa eu, aqui no meu canto. Na boca do fogão é que fico. Tô bem.
O que eu vou fazer com essa cartilha? Número?
Só para o prefeito dizer que valeu a pena o esforço? Tem esforço mais esforço que o meu esforço? Todo dia, há tanto tempo, nesse esquecimento. Acordando com o sol. Tem melhor bê-á-bá? Assoletrar se a chuva vem? Se não vem? Morrer, já sei. Comer, também. De vez em quando, ir atrás de preá, caruá. Roer osso de tatu. Adivinhar quando a coceira é só uma coceira, não uma doença. Tenha santa paciência!
Será que eu preciso mesmo garranchear meu nome? Desenhar só pra mocinha aí ficar contente? Dona professora, que valia tem o meu nome numa folha de papel, me diga honestamente? Coisa mais sem vida é um nome assim, sem gente. Quem está atrás do nome não conta? No papel, sou menos ninguém do que aqui, no Vale do Jequitinhonha. Pelo menos aqui todo mundo me conhece. Grita, apelida. Vem me chamar de Totonha. Quase não mudo de roupa, quase não mudo de lugar. Sou sempre a mesma pessoa. Que voa.
Para mim, a melhor sabedoria é olhar na cara da pessoa. No focinho de quem for. Não tenho medo de linguagem superior. Deus que me ensinou. Só quero que me deixem sozinha. Eu e minha língua, sim, que só passarinho entende, entende? Não preciso ler, moça. A mocinha que aprenda. O doutor. O presidente é que precisa saber o que assinou. Eu é que não vou baixar minha cabeça para escrever. Ah, não vou.
FREIRE, M. Totonha. In: FREIRE, M. Contos negreiros. Rio de Janeiro: Record, 2005. p. 79-81.
Tendo em vista que a escrita performática pode ser entendida como uma espécie de encenação, avalie as afirmações a seguir.
I. Há nesse excerto de conto uma dicção própria de narrativas orais, construída pelo uso de frases curtas e de perguntas retóricas que instaura um suposto interlocutor.
II. Constata-se no texto um discurso que desconstrói certas ideias prontas no que toca à aquisição do código formal da língua como meio de reduzir as desigualdades sociais.
III. Identifica-se nesse texto um investimento perceptivo e sensorial na sua escritura, cuja leitura mobiliza o visual e o auditivo.
IV. Verifica-se na narrativa a perpetuação das hierarquias do regime da linguagem, em que a variante oral é especificidade de grupos sociais marginalizados.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e IV.
B) II e III.
C) II e IV.
D) I, II e III.
E) I, III e IV.
ENADE 2021 - QUESTÃO 16
A experiência literária não só permite saber da vida por meio da experiência do outro, como também vivenciar essa experiência. Ou seja, a ficção feita palavra na narrativa e a palavra feita matéria na poesia são processos formativos tanto da linguagem quanto do leitor e do escritor. Uma e outra permitem que se diga o que não sabemos expressar e nos falam de maneira mais precisa o que queremos dizer ao mundo, assim como nos dizer a nós mesmos.
COSSON, R. Letramento literário: teoria e prática.
2. ed. São Paulo: Contexto, 2011, p. 17(adaptado).
Considerando a informação apresentada, bem como o ensino e a aprendizagem de literatura, avalie as afirmações a seguir.
I. O objetivo do ensino de literatura deve ser desenvolver no estudante sua visão crítica de mundo, a percepção das múltiplas maneiras de expressão da linguagem e sua habilidade de leitor com eficiência e conhecimento dos diversos textos literários representativos de nossa cultura.
II. O atual ensino da literatura deve ser pautado em aulas em que o professor deve se fundamentar em livros didáticos que contemplam autores clássicos, panoramas históricos e características de estilos literários de épocas importantes para o cenário do ensino.
III. A aprendizagem nas aulas de literatura engloba um processo de interlocução que envolve leitor/autor mediado pelo texto literário, afinal o leitor é o agente em constante procura de significações que precisam ser explicitadas e registradas para construção do conhecimento.
IV. As dificuldades no ensino e aprendizagem de literatura vêm se tornando uma grande preocupação enfrentada pelos professores, que estão comprometidos com a qualidade do ensino e com o desenvolvimento de estudantes como indivíduos questionadores.
É correto o que se afirma em
A) I e II.
B) I e IV.
C) II e III.
D) I, III e IV.
E) II, III e IV.
ENADE 2021 - QUESTÃO 17
O componente Língua Portuguesa da BNCC assume “a centralidade do texto como unidade de trabalho e as perspectivas enunciativo-discursivas na abordagem, de forma a sempre relacionar os textos a seus contextos de produção e o desenvolvimento de habilidades ao uso significativo da linguagem em atividades de leitura, escuta e produção de textos em várias mídias e semioses.”
Disponível em: https://nossogoias.com.br/. Acesso em: 8 set. 2021.
Com base no excerto, assinale a opção correta.
A) Por dar centralidade ao texto como unidade de trabalho, os conhecimentos sobre os gêneros discursivos/gêneros textuais ocupam lugar tangencial no ensino de língua portuguesa na BNCC.
B) A leitura no contexto da BNCC é tomada em um sentido mais amplo, dizendo respeito não somente ao texto escrito, mas também a imagens estáticas ou em movimento e ao som, que acompanha e cossignifica em muitos gêneros digitais.
C) Estudos de natureza teórica e metalinguística – sobre a língua, sobre a literatura, sobre a norma padrão e outras variedades da língua – são tomados como um fim em si mesmos na BNCC, de modo que permitam aos estudantes ampliarem suas capacidades de uso da língua/linguagens em leitura e em produção.
D) As práticas de análise linguística/semiótica, que envolvem análise textual, gramatical, lexical, fonológica e as materialidades das outras semioses, devem ser desenvolvidas em sala de aula posteriormente aos eixos leitura/escuta e produção oral, escrita e multissemiótica.
E) O eixo da produção de textos restringe-se às práticas de linguagem relacionadas à autoria individual do texto escrito.
ENADE 2021 - QUESTÃO 18
A oposição tradicional entre gramática e léxico fundamenta-se na existência de duas espécies de unidades na primeira articulação – ou plano do conteúdo.
[...] uma língua como o português reúne duas espécies de unidades mínimas no plano do conteúdo: unidades renováveis, inventáveis a qualquer momento, cuja substituição não interfere no arranjo interno da frase; e unidades que garantem a existência daquele arranjo. As primeiras unidades, ditas semantemas ou morfemas lexicais, pertencem a um conjunto aberto (léxico) e constituem a base dos substantivos, verbos e adjetivos; as últimas, ditas morfemas gramaticais, pertencem a um sistema fechado (gramática) e exprimem certas relações entre as unidades lexicais no interior da frase, acionam a criação de unidades lexicais a partir de outras, expressam distinções obrigatórias que caracterizam os membros de certas classes etc.
AZEREDO, J. C. de. Iniciação à sintaxe do português.
2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1993. p. 11-12 (adaptado).
Considerando o texto apresentado, avalie as afirmações a seguir.
I. Os morfemas lexicais pertencem a um inventário dito aberto porque, enquanto algumas unidades caem em desuso, outras surgem, estando esse conjunto em constante renovação.
II. Os morfemas gramaticais são elementos mínimos significativos que carregam significado extralinguístico, referente às noções gerais do mundo (designação de seres, ações, conceitos abstratos etc.).
III. As desinências nominais e verbais são consideradas morfemas gramaticais, pois são unidades pouco numerosas e organizadas em paradigmas fechados da língua.
IV. Na constituição da palavra alegremente, há a presença de morfema lexical e morfema gramatical.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e II.
B) II e III.
C) III e IV.
D) I, II e IV.
E) I, III e IV.
ENADE 2021 - QUESTÃO 19
Texto I
A Carlos Drummond de Andrade
Não há guarda-chuva
contra o poema
subindo de regiões onde tudo é surpresa
como uma flor mesmo num canteiro.
NETO, J. C. de M. Obra completa. Editora Nova Aguilar: Rio de Janeiro, 1994.
Texto II
Dez poemas mais um
E, por último, sem que isto seja o fim,
não há guarda-chuva, João,
contra os enguiços do poema,
o qual jamais é a deusa
tal como o poeta a viu
(em silêncio e na matriz).
Razão por que, fingindo,
ele inventa pedaços
de um canto
que ouviu por inteiro.
VIEIRA, A. Mitografias. Mindelo: Ilhéu Editora, 2007.
Com base no poema do brasileiro João Cabral de Melo Neto e no do cabo-verdiano Arménio Vieira, avalie as afirmações a seguir.
I. A intertextualidade entre os poemas torna-se evidente porque ambos fazem referência a um renomado poeta.
II. Nos poemas, encontram-se reflexões acerca do fazer poético, entendido como trabalho racional.
III. A expressão “não há guarda-chuva contra” possui significação diferente em cada poema.
IV. A referência às “regiões onde tudo é surpresa” (Texto I) e aos “enguiços do poema” (Texto II) remetem ao esforço da produção poética.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e III.
B) II e III.
C) II e IV.
D) I, II e IV.
E) I, III e IV.
ENADE 2021 - QUESTÃO 20
Considerando a linguagem utilizada pelo personagem João nas duas situações comunicativas, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. A língua é um organismo vivo e, dentro de um mesmo sistema, apresenta-se com diferenciações como a variação no nível diafásico.
PORQUE
II. O contexto comunicativo determina a escolha do registro linguístico a ser utilizado pelo falante.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são falsas.
ENADE 2021 - QUESTÃO 21
• assistir
verbo transitivo indireto 1. Estar presente a determinado evento; comparecer: “chorava sempre que se comovia.
Às vezes no teatro, assistindo à representação”.
verbo transitivo indireto 2. Presenciar determinado fato ou ocorrência; observar, testemunhar:
“E a mísera, sem opor uma palavra, assistia ao despejo acocorada na rua”.
verbo transitivo indireto 3. Acompanhar e assessorar alguém no desempenho de suas atividades, missão ou tarefa: Ela assiste a um deputado estadual.
verbo transitivo indireto 4. Prestar ajuda ou assistência a; ajudar, socorrer: Dona Matilde sempre assiste às pessoas necessitadas.
verbo transitivo direto e verbo transitivo indireto 5. Dar assistência a; zelar por pessoa doente:
O enfermeiro assiste mais de vinte doentes todos os dias. Joana, sempre zelosa, assiste ao avô doente com muito carinho.
ETIMOLOGIA lat. assistere.
• beber
verbo transitivo direto e verbo intransitivo 1. Ingerir líquidos: “A mulata convidou-os logo a comer um bocado e beber um trago. A proposta foi aceita alegremente”. João come e bebe demais.verbo intransitivo 2. Ter o hábito de consumir bebida alcoólica; embriagar-se: “Cá de fora sentia-se perfeitamente o prazer que aquela gente punha em comer e beber à farta, com a boca cheia, os beiços envernizados de molho gordo”. Bebe sempre e torna-se inconveniente.
ETIMOLOGIA lat. bibere.
MICHAELIS, Dicionário. Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa.
Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/.
Acesso em: maio 2020 (adaptado).
Considerando o papel dos dicionários como repositório dos usos que podem ser feitos da língua, avalie as afirmações a seguir.
I. O verbete de “assistir” registra adequadamente o emprego desse verbo nas diversas variantes do português brasileiro, uma vez que, no sentido de comparecer a eventos ou vê-los, tal verbo é usado necessariamente com a preposição a, não podendo ser submetido à passivização.
II. O verbete do verbo “beber” registra adequadamente o processo de destransitivização desse verbo, o qual pode indicar uma referência tanto a ações rotineiras inespecíficas quanto ao fato de que o complemento omitido do verbo, no caso, a bebida, é visto de forma negativa.
III. Os verbetes de ambos os verbos demonstram a correspondência de um para um entre regência e significado, sendo que, para cada regência específica de um dado verbo, haverá, necessariamente, um e apenas um significado possível.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
ENADE 2021 - QUESTÃO 22
– Que falta fazem aqueles dois troca-línguas. Não pensei que fosse sentir tanto.
– Deveras? Isso mostra que tinham prestança.
– Exato. Mas saírem assim. De sopetão, como negros fugidos.
– Ficaram devendo? Carregaram petrechos alheios?
– Que eu saiba, não.
– Então qual é a queixa? O mundo é grande e formoso, e a vida da gente é curta. Quem finca os pés num lugar e não arreda mais, acaba virando estaca. O senhor não acha?
– Eu? Não acho nem desacho, pesar de ter zanzado muito eu mesmo. – Ele pensou, olhando para dentro do forno do cachimbo, parece que procurando inspiração para nova investida. E voltou à carga. – Então a senhora não sente a falta deles.
– Olha, seu Joaquim. Falta de alguém eu já senti muito, porém foi de minha mãe. Mas faz tanto tempo que perdi ela, que já me acostumei. Hoje em dia só sinto falta é de um fuminho cheiroso quando não tenho, de um pedaço de toicinho pra temperar um feijão, de um punhadinho de açúcar pra temperar um café, essas coisas miúdas que a gente aprende a apreciar e cujas aprende também a abrir mão quando vasqueiam. Agora me diga uma coisa, seu Joaquim. Em que parte a falta daqueles dois está fazendo pisadura no senhor?
– Em parte nenhuma, ora essa. É que a gente já tinha se acostumado com eles, e achei esquisito eles terem ido embora sem dizer até-um-dia.
VEIGA, J. J. A casca da serpente. 7. ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003, p. 128.
Considerando a linguagem singular representada na fala dos personagens do texto e característica da variedade regional do português do Sertão do Nordeste, avalie as afirmações a seguir.
I. Prestança, no segundo parágrafo, e fazendo pisadura, no oitavo parágrafo, são ocorrências de léxico característico da variedade regional empregada pelos personagens desse texto.
II. A construção sintática perdi ela, no oitavo parágrafo, em que o pronome ela exerce função de objeto direto, é marca específica dessa variedade diatópica.
III. A aférese, metaplasmo que provocou a queda do fonema inicial da locução conjuntiva “apesar de” (pesar de), no sétimo parágrafo, é um processo fonológico sistemático na fala dos sertanejos.
IV. O emprego do pronome cujas, no oitavo parágrafo, é um exemplo de uso, pela personagem, da norma padrão da língua.
É correto apenas o que se afirma em
A) I.
B) IV.
C) I e III.
D) II e III.
E) II e IV.
ENADE 2021 - QUESTÃO 23
Aos 21 anos, Nega Lu descobre poesias em coisas que nunca vira antes. Do cabelo ao colar étnico que exibe orgulhosamente no peito, tudo é inspiração para suas criações. As palavras não saem da boca como se fossem um simples ato de comunicação. Transformam-se em política. Brotam guerreiras do corpo de mulher negra e periférica da cidade de Santa Maria.
Aos 27 anos, Araian arrancou da gaveta dois livros de poemas que guardou por uma década, quando lutou contra depressão. Hoje, as frases de sua autoria correm pelo corpo como se fossem o próprio sangue. Intensa, é capaz de contagiar a plateia nos primeiros instantes de performance poética. As ideias dão identidade à miscigenação de negros e índios que acolhem a trajetória feminina de luta fincada na Ceilândia.
Nega Lu e Araian se enchem de pertencimento quando se identificam como poetas do slam (em inglês, batida) – movimento de rua nascido no círculo operário norte-americano, na década de 1980, que contagiou a França no começo do século XXI e, agora, espalha-se com velocidade pelas periferias brasileiras.
“Houve um engajamento feminino imediato no slam porque as expressões culturais de rua são machistas e tentam pôr as mulheres como coadjuvantes da cena”, aponta Nega Lu, graduada em
Assistência Social.
Disponível em: http://cultura.gov.br/. Acesso em: 5 jun. 2020 (adaptado).
Considerando o texto apresentado e a relação entre literatura, performance e oralidade, avalie as afirmações a seguir.
I. O cenário da poesia performática, o slam, defende o poeta como sujeito que reflete a realidade, reverte sentidos por meio de expressões culturais.
II. Os poetas se apropriam do slam para abordar aspectos da sociedade, como a questão racial e a denúncia da desigualdade social.
III. O slam é um gênero literário que mostra a performance poética dos autores que lutam por questões relacionadas a etnia e gênero, entre outras.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
ENADE 2021 - QUESTÃO 24
Os degraus subindo sinuosos alcançavam uma graça firme tão leve que Virgínia perdia a sua percepção quase ao possuí-la e interrompia-se à sua frente vendo apenas madeira empoeirada e veludo encarnado, degrau, degrau, ângulos secos. Sem saber por quê, detinha-se no entanto, abanando os braços nus e finos; ela vivia à margem das coisas. A sala.
A sala cheia de pontos neutros. O cheiro de casa vazia. Mas o lustre! Havia o lustre. A grande aranha escandecia. Olhava-o imóvel, inquieta, parecia pressentir uma vida terrível. Aquela existência de gelo. Uma vez! Uma vez a um relance – o lustre se espargia em crisântemos e alegria. Outra vez – enquanto ela corria atravessando a sala – ele era uma casta semente. O lustre. Saía pulando sem olhar para trás.
LISPECTOR, Clarice. O Lustre. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995.
Considerando o texto apresentado e as inter-relações da literatura com outros sistemas culturais e semióticos, avalie as afirmações a seguir.
I. O recurso da linguagem utilizado pela autora apoia-se em elementos que a fazem criar imagens sugestivas e permitem ao leitor visualizar, no texto apresentado, a escada, a sala vazia e o próprio objeto “lustre”, descrito como uma beleza plástica, pictórica, captada através do jogo de luz, sombras, cores.
II. A relação cinema/literatura está presente no texto da escritora Clarice Lispector e fundamentase nos conceitos e nas técnicas de montagem que substituem a perspectiva da personagem pela perspectiva externa da câmera ou do diretor de cinema, permitindo um olhar global da cena.
III. A escritora Clarice Lispector escreve sequências de frases como uma montagem cinematográfica, em que a imagem e a percepção (da personagem e do leitor/espectador) se aliam, como mostra o texto apresentado em: “degrau, degrau, ângulos secos”; “ela vivia à margem das coisas”; “a sala cheia de pontos neutros”.
IV. O exercício da leitura do texto de Clarice Lispector é realizado a partir do vaguear dos olhos pelas cenas que se desenvolvem por meio da linguagem, para delas extrair uma interpretação entre mundo real e ficcional invocado na imaginação leitora, em uma forma própria de uso da estética cinematográfica.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e II.
B) I e IV.
C) II e III.
D) I, III e IV.
E) II, III e IV.
ENADE 2021 - QUESTÃO 25
A proposta de confecção do livro artesanal tem como objetivos levar a(o)s aluna(o)s, futura(o)s professora(e)s e crianças em instituições de educação infantil e ensino fundamental a compreender os elementos constitutivos da feitura do livro; e refletir sobre o livro enquanto materialidade do impresso, objeto que abriga o escrito: o tipo de papel (ou outro suporte), o tipo e tamanho da letra, o formato do livro.
Entre os seus objetivos também se incluem refletir sobre a relação estabelecida entre o leitor com o livro e a leitura, desconstruir a ideia de leitura única e pensar a leitura atravessada pelos sentidos (leitura tátil, auditiva, visual); escapar de uma visão escolar e conteudística na qual a leitura literária está a serviço da transmissão de normas e comportamentos, com um fim utilitarista; e, finalmente, mas não menos importante, privilegiar a ludicidade na composição do livro infantil.
DEBUS, E., SILVEIRA, R. de F. K. Fabrico e uso de livros artesanais
na formação de educadores. RAMOS, A. M. (org.) Aproximações ao livro-objeto:
das potencialidades criativas às propostas de leitura.
Porto: Tropelias e Companhia, 2017 (adaptado).
A respeito da fabricação de livros com leitores, avalie as afirmações a seguir.
I. As formas assumidas pelos livros-brinquedo fabricados pelas crianças estimulam o gosto pela leitura, por despertarem no leitor o prazer da descoberta de surpresas sensoriais e literárias.
II. As estruturas movediças (abas que se levantam, molas, dobras, alto-relevo etc.) do livro-brinquedo são amplamente exploradas pelos estudos literários, especialmente em se tratando da busca por marcas de autoria.
III. A exposição dos livros fabricados permite a reflexão sobre os significados sociais do livro enquanto objeto cultural e contribui para a formação de leitores, autores e críticos.
É correto o que se afirma em
A) II, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) I e III, apenas.
E) I, II e III.
ENADE 2021 - QUESTÃO 26
O estatuto do leitor e da leitura, no âmbito dos estudos literários, leva-nos a dimensionar o papel do professor não só como leitor, mas como mediador, no contexto das práticas escolares de leitura literária. A condição de leitor direciona, em larga medida, no ensino da Literatura, o papel dos mediadores para o funcionamento de estratégias de apoio à leitura da Literatura, uma vez que o professor opera escolhas de narrativas, poesias, textos para teatro, entre outros materiais de diferentes linguagens que dialogam com o texto literário. Essas escolhas ligam-se não só às preferências pessoais, mas a exigências curriculares dos projetos pedagógicos da escola.
Chama-se a atenção para a necessidade de formação literária dos professores de Português, sobretudo no âmbito da proximidade com a pesquisa e, consequentemente, do vínculo com a universidade, em percurso de mão dupla, já que essa não pode jamais esquecer seu compromisso com a educação básica. Além de mediador de leitura, portanto leitor especializado, também se requer do professor um conhecimento mais especializado, no âmbito da teoria literária.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica.
Orientações curriculares nacionais para o ensino médio.
v. 1: Linguagens Códigos e suas Tecnologias. Brasília, 2006. p. 75.
Acerca do processo de ensino e de aprendizagem de literatura, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. No discurso oficial sobre o ensino de literatura, são enfatizadas a formação acadêmica e a literária do professor de Português.
PORQUE
II. O trabalho de mediação do aprendizado pressupõe a figura de um professor com conhecimento teórico bem fundamentado.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
ENADE 2021 - QUESTÃO 27
Rotina familiar durante isolamento social vira crônica visual
Contemplada pelo Edital Cultura Dendicasa, da Secretaria de Cultura do Ceará (Secult), na categoria Audiovisual, “Rotina familiar – Crônica visual” submerge o público no barulho da rede que balança na sala, nos passos da avó que cozinha e trabalha e nas brincadeiras das crianças. A rotina dessa família durante o período de isolamento cria uma crônica visual.
“A ideia surgiu durante a quarentena, nas primeiras semanas de março. Estava a fotografar minha casa, e também a gravar pequenos takes”, diz o diretor do filme.Segundo ele, a obra é, ao mesmo tempo, um filme, um curta, uma crônica. “Traz uma movimentação de tempo e espaço dessa casa. Claro que ela nem sempre é assim, pois muitas das vezes todos estão em suas correrias. Foi necessário um certo momento de olharmos. Vermos ao redor e percebermos essa sintonia, essa pequena correria que, querendo ou não, está carregada de afeto”.
Disponível em: https://g1.globo.com/ce/ceara/.
Acesso em: 19 jun. 2020 (adaptado).
Supondo-se que o filme seja do gênero crônica e considerando-se as características desse gênero, é correto afirmar que essa obra apresenta seus recursos de linguagem organizados de forma a
A) narrar cenas cotidianas sob um ponto de vista particular e criativo.
B) ilustrar, por meio de sátira, os acontecimentos atuais mais recentes.
C) expor determinado ponto de vista sobre um assunto novo e polêmico.
D) escrever com detalhes as ações da família ao longo do período de um ano.
E) evidenciar situações especiais, com foco em personagens típicos da região.
ENADE 2021 - QUESTÃO 28
Texto I
Texto II
Analisar o discurso implica interpretar os sujeitos falando, tendo a produção de sentidos como parte integrante de suas atividades sociais. A ideologia materializa-se no discurso, que, por sua vez, é materializado pela linguagem em forma de texto; e/ou pela linguagem não verbal, em forma de imagens. Quando nos referimos à produção de sentidos, dizemos que no discurso os sentidos das palavras não são fixos, não são imanentes, conforme, geralmente, atestam os dicionários. Os sentidos são produzidos segundo os lugares ocupados pelos sujeitos em interlocução. Assim, uma mesma palavra pode ter diferentes sentidos em conformidade com o lugar socioideológico daqueles que a empregam.
FERNANDES, C. A. Análise do Discurso: reflexões Introdutórias.
2.ed. São Carlos: Editora Claraluz, 2008. p. 15 (adaptado).
A partir da leitura dos textos I e II, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. O Texto I produz efeitos de sentido depreciativos e preconceituosos sobre as famílias brasileiras em situação de vulnerabilidade.
PORQUE
II. A materialidade linguística do enunciado “Rede social aqui em casa é outra coisa” pressupõe que o pai da família representada não sabe o que significa a expressão rede social.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, mas a asserção II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, mas a asserção II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
ENADE 2021 - QUESTÃO 29
Com base no cartaz apresentado, avalie as afirmações a seguir.
I. O cartaz apresentado possui características do tipo de texto injuntivo, visto que organiza instruções que objetivam dar orientações para o comportamento do interlocutor, como se verifica em “reaja”, “peça ajuda” e “tome uma atitude”.
II. As características do tipo de texto argumentativo estão presentes no cartaz pelo fato de apresentar a defesa de um ponto de vista sobre o aumento da violência contra a mulher na sociedade.
III. A utilização dos verbos de ação referentes aos diferentes níveis da violência praticada contra a mulher, como “chantagear”, “mentir”, “ignorar”, permite afirmar que o cartaz possui características do tipo de texto narrativo.
IV. As características do tipo de texto expositivo estão presentes no cartaz porque ele transmite informações, além de atos relacionados aos diferentes níveis da violência praticada contra a mulher, desde os mais brandos até os mais graves, como matar.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e II.
B) I e IV.
C) II e III.
D) I, III e IV.
E) II, III e IV.
ENADE 2021 - QUESTÃO 30
Texto I
As cantigas de amigo
As cantigas de amigo surgiram a partir das tradições da península Ibérica. Apresentam um cenário que é costumeiramente ligado à natureza (campo, árvores, rios). O trovador assume a voz da donzela que exprime seus sentimentos pelo amigo, tendo como tema mais frequente a saudade da moça cujo amante partiu para a guerra. A linguagem e estrutura empregadas são simples, sendo marcadas pela forma paralelística, em que as coplas (conjunto de duas estrofes) apresentam versos de sentidos equivalentes.
Disponível em: http://www.acrobatadasletras.com.br/. Acesso em: 26 jul. 2017.
Texto II
A meu amigo, que eu sempr’amei,
des que o vi, mui mais ca mim nem al,
foi outra dona veer por meu mal;
mais eu, sandia, quando m’acordei,
nom soub’eu al em que me del vengar
senom chorei quanto m’eu quis chorar.
Mailo amei ca mim nem outra rem,
des que o vi, e foi-m’ora fazer
tam gram pesar que houver’a morrer;
mais eu, sandia, que lhe fiz por en?
Nom soub’eu al em que me del vengar
se nom chorei quanto m’eu quis chorar.
Sab’ora Deus que no meu coraçom
nunca rem tiv[i] ¿no seu logar,
e foi-mi ora fazer tam gram pesar;
mais eu, sandia, que lhe fiz entom?
nom soub’eu al em que me del vengar
se nom chorei quanto m’eu quis chorar.
Glossário
al (em frases negativas) - mais nada
mais ca mi/m nem al - mais do que a mim mesmo
ou a qualquer outra coisa
por em - por isso
rem – coisa
sandia – louca
Disponível em: https://cantigas.fcsh.unl.pt/.
Acesso em: 2 set. 2021 (adaptado)
Texto III
O meu coração ateu quase acreditou
Na tua mão que não passou de um leve adeus
Breve pássaro pousado em minha mão
Bateu asas e voou
Meu coração por certo tempo passeou
Na madrugada procurando um jardim
Flor amarela, flor de uma longa espera
Logo meu coração ateu
Se falo em mim e não em ti
É que nesse momento já me despedi
COSTA, Sueli. Coração ateu. In: Coração ateu. Intérprete Maria
Bethânia. Brasil. EMI-Odeon, 1975. 1 LP.
Texto IV
Nenhuma força virá me fazer calar
Faço no tempo soar minha sílaba
Canto somente o que pede pra se cantar
Sou o que soa eu não douro a pílula
Tudo o que eu quero é um acorde perfeito maior
Com todo o mundo podendo brilhar num cântico
Canto somente o que não pode mais se calar
Noutras palavras sou muito romântico
MUITO romântico. CAETANO VELOSO. In: Muito – Dentro da
estrela azulada. 1978. LP. Acesso em: 14 set. 2021.
Texto V
Quando ele chegou,
O estranho rapaz,
seu olhar estrangeiro olhou para mim,
Eu nunca tinha ouvido a fala do amor, o frio o calor,
Eu logo entendi que quando o rapaz,
seu olhar estrangeiro olhou para mim,
Seu olhar estrangeiro falava uma língua que eu logo entendi,
senti no meu corpo uma coisa tão louca,
Que eu nunca senti
ESTRANHO rapaz. CAPINAN, José Carlos; MENDES, Roberto. Tempo Tempo Tempo Tempo.
Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2005. 1 DVD. Intérprete Maria Bethânia
Algumas letras de canções populares brasileiras atualizam certas marcas idiossincráticas das cantigas de amigo, apesar de estas serem de origem medieval, portanto oriundas da tradição literária galego-portuguesa.
Considerando as informações apresentadas nos textos, avalie as afirmações a seguir.
I. A letra de canção “Coração ateu” de Sueli Costa (texto III) expressa características de cantigas de amigo, como a interlocução objetiva da voz poética amiga com seu amante.
II. A letra de canção “Muito romântico” de Caetano Veloso (texto IV) tem aspectos comuns às cantigas de amigo, já que exibe excesso de romantismo do sujeito lírico masculino.
III. A letra de canção “Estranho Rapaz” de José Carlos Capinan e Roberto Mendes (texto V) dialoga com as cantigas de amigo, porque o eu-lírico feminino expressa seus sentimentos pelo amigo amante, fazendo referência a ele.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
ENADE 2021 - QUESTÃO 31 - LICENCIATURA
Os quilombolas, compreendidos também como povos ou comunidades tradicionais, exigem que as políticas públicas a eles destinadas considerem a sua inter-relação com as dimensões históricas, políticas, econômicas, sociais, culturais e educacionais que acompanham a constituição dos quilombos no Brasil. Consequentemente, a Educação Escolar Quilombola não pode ser pensada somente se levando em conta os aspectos normativos, burocráticos e institucionais relacionados à configuração das políticas educacionais. A sua implementação deverá ser sempre acompanhada de consulta prévia e realizada pelo poder público junto às comunidades quilombolas e suas organizações.
BRASIL/CNE. Parecer CNE/CEB n. 16/2012. Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Escolar Quilombola, 2012 (adaptado).
Considerando o texto e as discussões sobre políticas de articulação escola/comunidade quilombola, avalie as afirmações a seguir.
I. A relação entre educação e movimentos sociais na educação quilombola objetiva adequar essa organização cultural ao sistema educacional.
II. A história, a memória, o território, a ancestralidade e os conhecimentos tradicionais da comunidade quilombola são aspectos considerados na garanti a do direito à educação quilombola.
III. O papel da comunidade quilombola é determinante nos processos decisórios acerca da educação escolar a ser nela implementada.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
ENADE 2021 - QUESTÃO 32 - LICENCIATURA
O pensamento de Paulo Freire – a sua teoria do conhecimento – deve ser entendido no contexto em que surgiu o Nordeste brasileiro, onde, no início da década de 1960, metade de seus 30 milhões de habitantes vivia na “cultura do silêncio”, como ele dizia, isto é, eram analfabetos. Era preciso “dar-lhes a palavra” para que transitassem para a participação na construção de um Brasil que fosse dono de seu próprio destino e que superasse o colonialismo.
GADOTTI, Moacir. Paulo Freire : uma bibliografia.
São Paulo: Cortez, 1996.
Com base no texto e nas ideias freireanas, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. Paulo Freire denunciou a opressão e a exclusão gerada pela supressão do direito à educação e à cidadania, defendendo a educação como uma empreitada coletiva.
PORQUE
II. A educação deve ser compreendida como um ato político, pois deve incentivar a reflexão e a ação consciente e criativa do sujeito em seu processo de libertação.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
ENADE 2021 - QUESTÃO 33 - LICENCIATURA
O Decreto n. 5.626/2005, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) considera a pessoa surda como aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais. Em consonância com o decreto, nas escolas públicas em que há crianças surdas ou com deficiência auditiva matriculadas, faz-se necessário o desenvolvimento de práticas capazes de garantir o seu direito à educação.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm.
Acesso em 20 abr. 2020 (adaptado).
Considerando as ações necessárias para a escola garanti r o direito à educação das crianças surdas, avalie as afirmações a seguir.
I. É necessário criar situações em sala de aula que promovam o convívio social entres as crianças, que estimule o respeito às diferenças, promovendo o reconhecimento das suas potencialidades e o desenvolvimento afetivo, cognitivo, linguístico e sociocultural.
II. A Libras deve ser assegurada como a primeira língua da criança surda, considerando-se a Língua Portuguesa, na modalidade escrita, como a segunda.
III. É fundamental disponibilizar intérpretes de Libras para as crianças surdas, e caso não seja possível, é preciso solicitar aos familiares que procurem outra escola mais preparada.
IV. A escola deve fomentar parcerias com os pais com o objetivo de acolhê-los e ajudá-los a constituir uma imagem positiva de seu filho surdo, auxiliando-o na compreensão da sua realidade.
V. Os professores precisam desenvolver, em relação aos alunos surdos, processos de avaliação mais subjetivos com foco nas dificuldades de aprendizagem desses alunos.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e V.
B) II e III.
C) I, II e IV.
D) I, III, IV e V.
E) II, III, IV e V.
ENADE 2021 - QUESTÃO 34 - LICENCIATURA
As percepções sobre o termo liderança revelam uma configuração ainda precária da realidade brasileira no campo da gestão escolar. As pesquisas internacionais apresentam uma gama significativa de resultados sobre o tema há, pelo menos, mais de duas décadas. Vale lembrar que os estudos sobre escolas eficazes, na sua maioria, apontam o efeito da liderança do gestor como um dos principais fatores explicativos dessa equação.
Um sobrevoo nos dados da pesquisa Olhares Cotidianos sobre a Gestão Escolar (OCGE), realizada com gestores e professores de seis escolas de um município brasileiro, permite identificar, de forma geral, noções sobre o termo, ao se solicitar ao grupo algum tipo de caracterização mais precisa de liderança:
"Isso aí é uma coisa que se tem ou não se tem." (Ana, Grupo Liderança).
"O dom da palavra, do convencimento..." (Andrea, Grupo Liderança).
"Carisma" (Cíntia, Grupo Liderança).
"A pessoa nasce com isso ou não." (Adriana, Grupo Liderança).
COELHO, F. M. O Cotidiano da Gestão Escolar: o método de caso na sistematização de problemas.
educação & realidade, Porto Alegre, v. 40, n. 4, out./dez. 2015, p. 1.261-1.276 (adaptado).
Relacionando as ideias de liderança expostas pelas participantes da pesquisa sobre o exercício da gestão escolar, avalie as afirmações a seguir.
I. As respostas de Ana e Adriana reforçam as concepções defendidas pelas investi gaçõescientíficas do campo educacional contemporâneo sobre liderança, que afirmam que nem todos podem ser gestores escolares e que é preciso ter a qualidade de empreendedor para ocupar esse cargo.
II. Ana e Cíntia expõem ideias que são coerentes com os estudos atuais sobre a prática da gestão escolar, pois enfatizam o estilo administrativo do gestor, que é um fator fundamental para se compreender a liderança e as suas relações com os objetivos educacionais das escolas.
III. Em suas respostas, Andrea e Cíntia expressam a ideia de liderança a parti r de um de seus aspectos, o interpessoal, embora outros fatores relevantes interfiram na gestão escolar, como o administrativo e/ou o pedagógico.
IV. As afirmações das participantes relacionam a liderança a uma capacidade de convencimento e a uma habilidade inata do líder – concepções já ultrapassadas pelas investigações educacionais sobre o tema no cenário contemporâneo.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e IV.
B) II e III.
C) III e IV.
D) I, II e III.
E) I, II e IV.
ENADE 2021 - QUESTÃO 35 - LICENCIATURA
As redes sociais promovem formas de interação entre indivíduos agrupados por interesses mútuos, identidades semelhantes e também por valores compartilhados. Nesse contexto, a Internet vem se tornando um importante espaço para movimentos sociais por possibilitar uma acelerada e ampla difusão de ideias e absorção de novos elementos em busca de algo em comum. Assim, o s movimentos sociais se fazem valer cada vez mais da “ democracia informaciona l”, da “ ciberdemocracia” e da prática do “ ciberativismo”.
A parti r das ideias sobre comunicação e interação virtual, avalie as afirmações a seguir.
I. Os movimentos sociais tendem a perder força, prestígio e visibilidade com o crescimento da virtualidade junto à nova geração de jovens e adultos.
II. Ciberdemocracia, democracia informacional e ciberativismo podem ser classificados como movimentos advindos da virtualidade.
III. As redes sociais potencializam o ativismo fazendo uso da virtualidade, no entanto, ainda são pouco exploradas pelos movimentos sociais da atualidade.
IV. Tempo e espaço são conceitos a serem repensados a parti r da inserção cada vez maior da virtualidade na vida social.
V. É papel do educador formar e preparar os alunos para uma atuação responsável e crítica frente à virtualidade, explorando suas potencialidades.
É correto apenas o que se afirma em
A) I, II, e III.
B) I, III e IV.
C) I, IV e V.
D) II, III e V.
E) II, IV e V.
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