Prova Filosofia (Bacharelado e Licenciatura) ENADE 2017 com Gabarito
Prova Filosofia (Bacharelado e Licenciatura) ENADE 2017 com Gabarito
OBS: as questões de 01 a 08 são de Formação Geral, portanto, cobradas em todas as provas. Para conferir elas, basta acessar essa página.
CONHECIMENTO ESPECÍFICO
BACHARELADO
QUESTÃO 09
ENADE 2017: No século XIII, quando novos textos de Aristóteles e de seus comentadores começaram a circular no ocidente Cristão, iniciou-se uma série de debates metafísicos. De fato, nem sempre foi fácil conciliar a tradição filosófica aristotélica com a doutrina cristã. Um caso exemplar encontra-se na tese da eternidade do mundo, que foi defendida, entre outros, por Averróis (1126 - 1198), comentador de Aristóteles, e que contradiz a
A) existência da primeira causa.
B) teoria da criação a partir do nada.
C) concepção de tempo como passagem.
D) teoria do movimento para a perfeição.
E) metafísica vista como transcedência do mundo.
QUESTÃO 10
ENADE 2017: Na história contada na “alegoria da caverna”, a essência da verdade é tomada como a correção da representação, isto é, todos os entes são pensados de acordo com as “ideias” e toda realidade é avaliada de acordo com os “valores”.
Aquilo que sozinho, e em primeiro lugar, é decisivo não é quais ideias e quais valores são postos, mas o fato de que o real é interpretado sob qualquer condição de acordo com as “ideias” e que o “mundo” é pesado sob qualquer condição de acordo com os “valores”. Entretanto, nós temos lembrado a essência da verdade original. A desocultação se revela para esta lembrança como o traço fundamental dos entes mesmos. Apesar disso, a lembrança da essência original da verdade tem que pensar esta essência mais originalmente.
HEIDEGGER, M. A doutrina de Platão sobre a verdade. Tradução
de Jeannelle Anlonios Maman. Revista da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo, v. 100, p. 359, jan./dez. 2005 (adaptado).
No texto acima, Martin Heidegger contrapõe-se à identificação da verdade com ideias e valores, de origem platônica, e defende a verdade como
A) desocultação do ser.
B) valoração do mundo.
C) objeto de representação.
D) conhecimento dos entes.
E) correção da representação.
QUESTÃO 11
ENADE 2017: Os primeiros princípios do universo são os átomos e o vazio; tudo o mais apenas se pensa que existe. Os mundos são infinitos, sujeitos à geração e ao perecimento. Nada é gerado pelo não ser e nada perece no não ser. Os átomos são infinitos em tamanho e número; movem-se como num vórtice e geram assim todas as coisas compostas — fogo, água, ar e terra — porque esses elementos também são uniões de determinados átomos, que, por sua solidez, são impassíveis e imutáveis.
LAÉRTIOS, D. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. Cap. 7, 544.
Tradução do grego, introdução e notas de Mario da Gama Kury.
2. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2008 (adaptado).
Considerando o texto apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. O atomismo de Demôcritos é uma escola de pensamento que atribui à natureza uma origem material.
PORQUE
II. Segundo Demôcritos, tudo é formado por átomos e é o acaso — e não a vontade dos deuses — que determina, tanto o movimento dos átomos quanto o ser que eles formam ao se juntarem.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 12
ENADE 2017: (1) Substância, em certo sentido, se diz dos corpos simples: por exemplo, o fogo, a terra, a água, e todos os corpos como estes; e, em geral, todos os corpos e as coisas compostas a partir deles, como s animais e os seres divinos e suas partes. Todas essas coisas são ditas substâncias porque não são predicadas de um substrato, mas tudo é predicado delas. (2) Noutro sentido, substância é o que é imanente às coisas que não se predicam de um substrato e que é causa de um ser: por exemplo, a alma dos animais.
(3) Ademais, substâncias são ditas também as partes imanentes a essas coisas, que delimitam essas mesmas coisas e exprimem algo determinado, cuja eliminação comportaria a eliminação do todo. Por exemplo, se fosse eliminada a superfície — segundo alguns filósofos — seria eliminado o corpo, e se fosse eliminada a linha, seria eliminada a superfície. Em geral, esses filósofos consideram que o número é uma realidade desse tipo e que é determinante de tudo, porque, se fosse eliminado o número, não restaria mais nada. (4) Além disso, chama-se substância de cada coisa também a essência, cuja noção define a coisa.
ARISTÓTELES. Metafísica. São Paulo: Edições Loyola, 2002 (adaptado).
Para Aristóteles, a substância é, entre outras coisas, um
A) elemento que é sustentado por acidentes das coisas reais.
B) ente matemático que é produzido de modo imaginário.
C) atributo que está associado a outras formas de seres existentes.
D) composto que integra a realidade das coisas do mundo.
E) sujeito último que sustenta entes desprovidos de existência própria.
QUESTÃO 13
ENADE 2017: A definição mais universal seria a de que a filosofia da história não passa da contemplação ponderada da história. Na história, o pensamento está subordinado aos dados da realidade, que mais tarde servem como guia e base para os historiadores. Por outro lado, afirma-se que a filosofia produz suas ideias a partir da especulação, sem levar em conta os dados fornecidos. Mas, como se supõe que a história compreenda os acontecimentos e ações apenas pelo que são e foram e que, quanto mais factual, mais verdadeira ela é, parece que o método da filosofia estaria em contradição com a função da história.
HEGEL, G. W. . A Razão na História: uma introdução geral à filosofia da
história. 2. ed. Inrodução de Robert S. Hartman. Tradução de Beatriz
Sidou. São Paulo: Centauro, 2001 (adaptado).
A partir do texto apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. Para Hegel, os filósofos abordam a história com ideias produzidas a partir da especulação, construindo-a, por assim dizer, a priori.
PORQUE
II. Segundo Hegel, a teoria da história e a filosofia estão em conflito.
A cerca dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 14
ENADE 2017: Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
(Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nadado que não era antes quando não somos mutantes.
(Caetano Veloso, Sampa)
No trecho da canção acima, Caetano Veloso relata o impacto causado em sua percepção estética pela cidade de São Paulo.
A canção ilustra uma abordagem estética que se caracteriza por considerar os padrões de gosto como
A) objetivos e relativos: dependem dos padrões culturais, que são objetivos, mas relativos a uma cultura.
B) subjetivos e relativos: dependem da relação da consciência do sujeito com seu ambiente cultural.
C) objetivos e não relativos: dependem do dom artístico, que objetivamente produz grandes obras de arte.
D) subjetivos e não relativos: dependem do sujeito, mas pode-se estabelecer padrões universais de gosto.
E) objetivos e não relativos: dependem de padrões universais de gosto, determinados pelos nossos sentidos.
QUESTÃO 15
ENADE 2017: A bem-aventurança não consiste principalmente nos prazeres do corpo, porque em cada coisa há o que pertence à sua essência e há o que lhe é acidental e próprio. No homem, por exemplo, uma coisa é ser animal racional mortal, outra coisa é ser capaz de rir. Deve-se ainda considerar que todo prazer é um acidente próprio que acompanha a bem-aventurança, ou uma parte da bem-aventurança.
AQUINO, T. Suma teológica, I- 1, q.2, a.6.Edições Loyola,
2005, vol. 1. (adaptado).
Com base no texto apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. O prazer e o deleite constituem a essência da bem-aventurança.
PORQUE
II. A bem-aventurança é uma contingência para o ser humano.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 16
ENADE 2017: Certamente deveria corresponder, a cada expressão que pertença a uma totalidade perfeita de sinais, um sentido determinado; mas, frequentemente, as linguagens naturais não satisfazem a esta exigência e deve-se ficar satisfeito se a mesma palavra tiver sempre o mesmo sentido num mesmo contexto. Talvez possa ser assegurado que uma expressão gramaticalmente bem construída, e que desempenhe o papel de um nome próprio, sempre tenha um sentido.
Mas com isto não se quer dizer que ao sentido corresponda sempre uma referência. As palavras “o corpo celeste mais distante da Terra" têm um sentido, mas é muito duvidoso que também tenham uma referência. A expressão “a série que converge menos rapidamente” tem um sentido, mas não tem referência, já que, para cada série convergente dada, uma outra série que converge menos rapidamente pode sempre ser encontrada. Portanto, entender-se um sentido nunca assegura sua referência.
FREGE, G. Lógica e Filosofia da Linguagem. Tradução de Paulo
Alcoforado. São Paulo: Cultrix, 1978 (adaptado).
Com base no texto apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. A expressão “o maior número natural” tem referência.
PORQUE
II. A expressão “o maior número natural” tem sentido.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 17
ENADE 2017: Cumpre saber que a suposição se divide primeiramente em suposição pessoal, simples e material. Suposição pessoal, universalmente, é aquela em que o termo supõe pelo seu significado, seja tal significado uma coisa fora da alma, uma palavra falada, uma intenção da alma, uma palavra escrita, ou o que quer que se possa ainda imaginar; de sorte que, quando quer que o sujeito ou o predicado de uma proposição supõe por seu significado, de tal maneira que seja tomado significativamente, a suposição é sempre pessoal. Exemplo do primeiro [caso]: dizendo “todo homem é um animal, “homem” supõe pelos seus significados, porque “homem' é empregado exclusivamente para significar estes homens; pois não significa propriamente algo comum a eles, mas os próprios homens.
Exemplo do segundo [caso]: dizendo “todo nome vocal é parte do discurso”, 'nome' supõe exclusivamente pelas palavras faladas, porque foi imposto para significar tais palavras faladas; por isso supõe pessoalmente. Exemplo do terceiro [caso]: dizendo “toda espécie é um universal ou “toda intenção da alma está na alma”, um e outro sujeito supõem pessoalmente, porque supõem por aquilo a que são impostos para significar. Exemplo do quarto [caso]: dizendo “toda expressão escrita é uma expressão”, o sujeito supõe unicamente pelos seus significados, ou seja, pelas [expressões] escritas; por isso, supõe pessoalmente.
OCKHAM, G. Suma de toda a Lógica, apud DE BONI, L. A. Filosofia
medieval: textos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005 (adaptado).
Com base no texto apresentado, avalie as afirmações a seguir.
I. Na proposição “todo homem é uma intenção da alma”, “homem” está em suposição pessoal.
II. Na proposição “todo homem é mamífero”, “homem” está em suposição pessoal.
III. Na proposição “todo homem tem duas sílabas”, “homem” está em suposição pessoal.
IV. Na proposição “todo homem voa”, “homem” está em suposição pessoal.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e III.
B) II e IV.
C) III e IV.
D) I, II e IV.
E)I,II e III.
QUESTÃO 18
ENADE 2017: Kant recusa tanto o racionalismo como o empirismo. Segundo ele, existem ideias puras da razão — mas são meramente princípios regulativos a serviço da experiência. Demonstrando a existência de certas condições não empíricas da experiência e , portanto, universalmente válidas, Kant prova que a metafísica é possível, mas, em contraposição ao racionalismo, somente como teoria da experiência e não como uma ciência que transcende o âmbito da experiência; e, à diferença do empirismo, não como teoria empírica, mas como teoria transcendental da experiência.
HÓFFE, O. Immanuel Kant. São Paulo: Martins Fontes, 2005 (adaptado).
Kant elabora, com sua teoria do conhecimento, uma síntese entre o racionalismo e o empirismo.
À luz do trecho apresentado, o termo transcendental remete a um princípio
A) constitutivo e fundamental da experiência.
B) inato à mente dos seres humanos, que são biologicamente idênticos.
C) obtido mediante experimentação conduzida segundo o método científico.
D) inteligível da natureza, o que enseja o conhecimento das coisas em si mesmas.
E) imanente aos objetos do mundo, existente antes de o sujeito conhecer esses objetos.
QUESTÃO 19
ENADE 2017: Lembramo-nos de ter visto aquela espécie de objetos que denominamos chama e de ter sentido aquela espécie de sensação que denominamos calor. Recordamo-nos, igualmente, de sua conjunção constante em todos os casos passados. Sem mais cerimônias, chamamos à primeira de causa e à segunda de efeito, e inferimos a existência de uma com base na existência da outra.
HUME, D. Tratado da natureza humana. Livro | Parte 3 Seção 6.
São Paulo: Unesp, 2001 (adaptado).
Considerando o texto, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. A causa e o efeito são percebidos pelos sentidos.
PORQUE
II. Tais ideias - causa e efeito - se inferem a partir das conjunções constantes em casos passados.
A cerca dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 20
ENADE 2017: Como é que os indivíduos fazem para processar mentalmente algumas informações e obter conclusões a partir dos elementos considerados? Isso é o que os lógicos usualmente denominam o estudo das inferências.
FFEITOSA, H.; PAULOVICH, L. Um prelódio à Lógica.
São Paulo: Unesp, 2005 (adaptado).
A Lógica é a ciência que estuda princípios e métodos de inferência, e tem como objetivo principal
A) criar e classificar conceitos.
B) estabelecer critérios de verdade.
C) distinguir premissas de conclusão.
D) proporcionar o exercício da mente.
E) verificaras condições em que certas proposições se seguem de outras.
QUESTÃO 21
ENADE 2017: Cidadãos secularizados não podem, à proporção que se apresentam no seu papel de cidadãos do Estado, negar que haja, em princípio, um potencial de racionalidade embutido nas cosmovisões religiosas, nem contestar o direito dos cidadãos religiosos a dar, em uma linguagem religiosa, contribuições para discussões públicas. Uma cultura política liberal pode, inclusive, manter a expectativa de que "s cidadãos secularizados participarão dos esforços destinados à tradução — para uma linguagem publicamente acessível — das contribuições relevantes, contidas na linguagem religiosa.
HABERMAS, ). Entre naturalismo e religião: estudos filosóficos.
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2007 (adaptado).
O texto acima aborda a relação entre cidadãos religiosos e secularizados numa cultura política liberal. Segundo Habermas, espera-se que os cidadãos secularizados
A) contestem a verdade das visões religiosas do mundo.
B) apresentem uma fundamentação religiosa para discussões públicas.
C) traduzam a linguagem religiosa para uma linguagem acessível a todos.
D) harmonizem o Estado democrático com uma visão de mundo secularista.
E) contribuam para os debates públicos por meio de uma linguagem religiosa.
QUESTÃO 22
ENADE 2017: O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer “isto é meu” e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: “Defendei- vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém!”.
Grande é a possibilidade, porém, de que as coisas já então tivessem chegado ao ponto de não poder mais permanecer como eram. Foi preciso fazer-se muitos progressos, adquirir-se muita indústria e luzes, transmiti-las e aumentá-las de geração para geração, antes de chegar a esse último termo do estado de natureza.
ROUSSEAU, 1... Discurso sobre a origem e os fundamentos da
desigualdade entre os homens. In: Os Pensadores.
São Paulo: Abril Cultural, 1979 (adaptado).
Considerando o texto, avalie as afirmações a seguir com base nas ideias de Rousseau.
I. A desigualdade moral ou política depende de uma convenção entre os homens.
II. Há privilégios de que alguns homens gozam em prejuízo de outros homens.
III.A ideia de propriedade se formou repentinamente no espírito humano.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II , apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 23
PAPE, L. Língua Apunhalada. 1968.
ENADE 2017: Ao longo do século XX, filósofos e filósofas se dedicaram a interrogar o lugar da filosofia como um lugar de neutralidade, no qual os discursos de poder foram naturalizados como universais, mas, de fato, escritos e protagonizados por homens. Há, no entanto, uma história da filosofia feita por mulheres que não nos foi contada. Na França do século XVIII, quando Olympes de Gouges enfrentou os argumentos misóginos de ).. Rousseau, na Inglaterra do mesmo período, quando Mary Woolstonecraft reivindicou direitos para as mulheres, na Alemanha de Lou Salomé no século XIX e de Hannah Arendt no século XX, ao longo de todo esse período as mulheres produziram filosofia assim como realizaram outras tantas obras — porém, invisíveis.
Além disso, o movimento da descolonização do saber e o desenho de outra geopolítica do pensamento, nos impele a buscar uma representação mais plural das vozes femininas, abrindo espaço para divulgação das ideias das filósofas africanas, latino-americanas e brasileiras. Trata-se aqui de começarmos a ensinar e trabalhar em torno do pensamento de filósofas dando-lhes a projeção merecida de suas obras.
Disponível em: <http;://anpoforg>. Acesso em: 10 jul. 2017 (adaptado).
Considerando a imagem e o texto acima, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. A ausência de mulheres na história da filosofia mostra que o discurso proferido pela mulher foi omitido por muito tempo, por meio de uma violenta dominação masculina.
PORQUE
II. A neutralidade da filosofia e o seu compromisso com a verdade anulam o caráter dominador do protagonismo masculino presente em todos os campos da sociedade e da história.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 24
ENADE 2017: 57 — As boas qualidades dos animais mostram-se no vigor do corpo; as dos homens, na excelência do caráter.
152 — Nenhum raio enviado por Zeus, que não guardasse o brilho do éter.
168 - Os discípulos de Demôcritos chamavam os átomos de: natureza. No vazio são projetados em todas as direções.
247 — Para um homem sábio, todas as terras são acessíveis, pois a pátria de uma alma virtuosa é o mundo.
DEMÔCRITOS apud CABALLERO, A. A Filosofia através dos textos.
São Paulo: Cultrix, 1971 (adaptado).
Com base nos fragmentos apresentados, extraídos das discussões filosóficas de Demôcritos, e na filosofia de Sócrates, assinale a opção em que se apresenta uma questão filosófica debatida por ambos os filósofos.
A) A elucidação fisicalista do mundo ético.
B) A explicação última da realidade pelo ser da physis.
C) A concepção da origem do cosmos por um princípio único.
D) A explicação da realidade por meio da evocação dos deuses da mitologia.
E) A preocupação antropológica com o desenvolvimento moral.
QUESTÃO 25
ENADE 2017: Uma ética do meio ambiente acharia que poupar e reciclar recursos seria virtuoso, e que o seu consumo extravagante e desnecessário seria uma depravação. Para citar apenas um exemplo: da perspectiva de uma ética do meio ambiente, a nossa escolha de entretenimentos não é neutra. Atualmente, encaramos a opção entre corridas de automóveis ou de bicicletas, entre esqui aquático e windsurf uma mera questão de gosto. No entanto, há uma diferença essencial entre elas: as corridas de automóveis e o esqui aquático exigem o consumo de combustíveis fósseis e a descarga de dióxido de carbono na atmosfera. As corridas de bicicleta e o windsurf, não.
SINGER, P. Ética prática. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. 3.
ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002 (adaptado).
Considerando a discussão apresentada no texto, avalie as afirmações a seguir.
I. Uma ética ambientalista considera os interesses de todas as criaturas sencientes, incluindo as gerações futuras.
II. Uma ética ambientalista rejeita os ideais de uma sociedade materialista, de acúmulo e consumo.
II. Uma ética ambientalista considera o entretenimento um reflexo das escolhas éticas do indivíduo.
IV. Uma ética ambientalista não considera como elemento relevante a discussão acerca da felicidade humana.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e IV.
B) II e III.
C) III e IV.
D) I, II e III.
E) I, II e IV.
QUESTÃO 26
ENADE 2017: Quem quer que tu sejas, sustentas que, se há na inteligência um ser do qual não é possível pensar nada maior, ele não existe ali de maneira que obrigue 2 admitir a sua realidade, e que, quando afirmo que é necessário que uma coisa exista verdadeiramente desde que concebida pelo pensamento como superior a tudo, esta demonstração — dizes — não é legítima, como não seria igualmente legítimo se se concluísse que aquela “ilha perdida” existe de verdade só porque quem ouve a sua descrição tem a ideia dela na mente.
SANTO ANSELMO. Proslógio. Resposta de Anselmo a Gaunilo.
In: Os Pensadores. São Paulo: Editora Abril, 1973 (adaptado).
No texto apresentado, Santo Anselmo expõe o aspecto fundamental da crítica levantada por Gaunilo contra o seu argumento para provar a existência de Deus.
Nesse contexto, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. Segundo a interpretação de Gaunilo, o argumento de Anselmo não é legítimo.
PORQUE
II. Se o argumento de Anselmo for aplicado a uma “ilha perdida”, o simples fato de pensá-la implicará admitir a sua existência na realidade.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 27
ENADE 2017: Nem o Cristianismo nem a Antiguidade Clássica foram profanos e progressistas como nós. Se existe algum aspecto em que as perspectivas grega e bíblica da história sejam concordantes entre si, é o de estarem ambas isentas da ilusão de progresso. O mundo pós-cristão é uma criação sem criador e um saeculum (na acepção eclesiástica do termo) transformado em secular devido à falta de perspectiva religiosa. O fato de o saeculum cristão ter se tornado secular revela a história moderna em uma perspectiva paradoxal: é cristã por derivação e anticristã por consequência.
A curiosa mistura do nosso “mundo cristão” vive da esperança de um mundo melhor e, no entanto, baseia a sua esperança na produção e no bem-estar material. As duas grandes forças impulsionadoras da história moderna que, segundo Burckhardt, são a luta pelo lucro e a luta pelo poder, são em si mesmas insaciáveis, tanto mais que se satisfazem e articulam com a esperança escatológica numa realização final.
LOWITH, K. O sentido da História. Lisboa:
Edições 70, 1990 (adaptado).
A partir da leitura do texto apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. O mundo moderno possui um caráter paradoxal frente à Antiguidade Clássica e ao Cristianismo.
PORQUE
II. A perspectiva moderna da história liga-se à ideia de progresso e à esperança de se produzir um mundo melhor pautado no bem-estar material.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 28
ENADE 2017: A religião, quando chega a falar de conhecimento, não entende por isso o comportamento no ético de um sujeito pensante para com um objeto pensado neutro, mas a real reciprocidade de um contato presente na plenitude da vida, de existência atuante para exigência atuante; e a fé é entendida por ela como o ingressar nessa reciprocidade, como unir-se a um ser que não pode ser apontado, nem constatado, mas ainda assim ao que se pode estar unido, que pode ser experimentado, um ser do qual todo sentido procede.
BUBER, M. Eclipse de Deus: considerações sobre a relação entre
religião e filosofia. Campinas: Versos Editora, 2007 (adaptado).
Considerando-se as ideias defendidas pelo autor no texto apresentado, é correto afirmar que
A) a religião pressupõe uma reciprocidade dialogal entre seres em posição de sujeito.
B) a religião estabelece um pensamento que torna a divindade o objeto do sujeito consciente.
C) a fé é acreditar em algo sagrado, mesmo que esse algo seja representado por um objeto, como um amuleto.
D) o ser humano é quem faz a divindade para atender suas necessidades e fraquezas, superando, assim, suas debilidades.
E) a religião está ligada aos ritos, e não com a plenitude da existência.
QUESTÃO 29
ENADE 2017: Se os filósofos não forem reis nas cidades ou se os que hoje são chamados reis e soberanos não forem filósofos genuínos e capazes e se, numa mesma pessoa, não coincidirem poder político e filosofia e não for barrada agora, sob coerção, a caminhada das diversas naturezas que, em separado, buscam uma dessas duas metas, não é possível, caro Gláucon, que haja para as cidades uma trégua de males e, penso, nem para o gênero humano.
PLATÃO. A República, Livro V. São Paulo:
Martins Fontes, 2006 (adaptado).
Considerando as ideias de Platão no trecho apresentado e a concepção organicista de Estado, avalie as afirmações a seguir.
I. A desigualdade de classes não é necessariamente um problema, pois representa a divisão das funções na cidade em conformidade com a natureza.
II. A cidade justa é composta por três ordens (classes) com funções diferentes: artesãos, guardiães e governantes.
III. Como característica natural para o cumprimento da função de rei ou magistrado, o domínio da razão é elementar, por isso o rei deverá ser filósofo.
IV. A democracia representa a melhor forma de organização da pólis; o rei filósofo, escolhido pelo povo, deverá considerar em seu governo as necessidades de todos.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e IV.
B) II e III.
C) II e IV.
D) I, II e III.
E) I, III e IV.
QUESTÃO 30
ENADE 2017: A imagem apresentada, que expressa a ideia de “filiação”, mostra o mestre Sócrates cuidando da evolução espiritual do seu discípulo. Na história do desenvolvimento espiritual no Brasil, há uma lacuna a se considerar: a falta de seriação nas ideias, a ausência de uma genética. Por outros termos: entre nós um autor não procede de outro; um sistema não é uma consequência de algum que o precedeu. É uma verdade afirmar que não temos tradições intelectuais no rigoroso sentido. Na história espiritual das nações cultas, cada fenômeno de hoje é um último elo de uma cadeia; a evolução é uma lei. Na evolução filosófica, Kant dá Fichte; este dá Schelling e, por uma razão imanente ao sistema, aparecem, ao mesmo tempo, Hegel e Schopenhauer.
Neste país, ao contrário, os fenômenos mentais seguem outra marcha; o espírito público não está ainda criado e muito menos o espírito científico. As ideias dos filósofos, que vou estudando, não descendem umas das dos outros pela força lógica dos acontecimentos. É que a fonte onde nutriam suas ideias é extranacional. Não é um prejuízo; antes equivale a uma vantagem.
ROMERO, S. A filosofia no Brasil. In: Obra filosófica. São Paulo: Edusp, 1969 (adaptado).
Considerando as ideias do autor no texto apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. É uma vantagem para a filosofia no Brasil filiar-se a correntes estrangeiras.
PORQUE
II. Na história da filosofia nas nações cultas, a evolução é uma lei.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 31
ENADE 2017: [Segundo Popper:] o papel da lógica da pesquisa científica é analisar o método das ciências empíricas. Para o autor, não se justifica inferir enunciados universais de enunciados singulares, pois a conclusão sempre pode se revelar falsa. Independentemente de quantos cisnes brancos sejam observados, não se justifica a conclusão de que todos os cisnes são brancos.
POPPER, K. R. A lógica da pesquisa científica.
São Paulo: Cultrix 2004 (adaptado).
Considerando o texto apresentado, as afirmações atribuídas à teoria de Popper referem-se a uma
A) crítica ao método indutivista na pesquisa científica.
B) defesa da teoria falsificacionista pelos cientistas.
C) justificativa do indutivimo na atividade científica.
D) crítica ao falsificacionismo dos enunciados universais.
E) redução dos enunciados universais em inferências indutivas.
QUESTÃO 32
ENADE 2017: Em A estrutura das revoluções científicas, Thomas Kuhn procurou explicitar algumas implicações da historiografia da ciência contemporânea, considerando as experiências e crenças relevantes partilhadas pelas comunidades científicas em relação ao desenvolvimento da ciência. Para o autor, é difícil conceber o desenvolvimento da ciência por acréscimo ou acumulação.
KUHN, 1.S. A estrutura das revoluções científicas.
São Paulo: Perspectivas, 1992 (adaptado).
Nesse contexto, segundo Kuhn, a historiografia da ciência contemporânea demonstra que
A) o desenvolvimento da ciência é exemplificado pela reunião de métodos, leis e teorias.
B) os acidentes de investigação são relevantes na formação das crenças de uma comunidade científica.
C) as contribuições permanentes de uma ciência mais antiga respondem pelo desenvolvimento da ciência.
D) as teorias obsoletas são a científicas e devem ser descartadas em prol do desenvolvimento da ciência.
E) o desenvolvimento da ciência independe da competição entre diferentes concepções científicas.
ENADE 2017 - QUESTÃO 33 - ANULADA
QUESTÃO 34
ENADE 2017: O príncipe não precisa possuir todas as qualidades acima citadas [piedade, lealdade, humanidade, integridade e religiosidade], bastando que aparente possuí-las. Antes, teria eu a audácia de afirmar que, possuindo-as e usando-as todas, essas qualidades seriam prejudiciais, ao passo que, aparentando possuí-las, são benéficas. Por exemplo: de um lado, parecer ser efetivamente piedoso, fiel, humano, íntegro, religioso, e, de outro, ter o ânimo de, sendo obrigado pelas circunstâncias a não o ser, tornar-se o contrário. Nas ações de todos os humanos, máxime dos príncipes, onde não há tribunal a que recorrer, o que importa é o êxito bom ou mau. Procure, pois, 0 príncipe vencer e conservar o Estado.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1987 (adaptado).
Considerando as ideias expostas no trecho apresentado e a concepção de política de Maquiavel, avalie as afirmações a seguir.
I. A visão de Maquiavel é marcada pela compreensão da política também como um fim em si mesma, ou seja, não apenas como meio para alcançar outros fins.
II. Maquiavel concebe a política como estudo dos mecanismos de controle do povo e de sustentação do príncipe no poder, por meio do uso da força e de outras estratégias destituídas de orientação moral.
III. Maquiavel considera que o espaço da política é dinâmico e histórico e que o governante deve ser capaz de interpretar o momento histórico, agindo com base nos resultados de sua ação, sem absolutizar ideais éticos prévios e abstratos.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 35
ENADE 2017: A educação não pode desempenhar papel nenhum na política, pois, na política, lidamos com aqueles que já estão educados. Quem quer que queira educar adultos na realidade pretende agir como guardião e impedi-los de atividade política. Quem desejar seriamente criar uma nova ordem política mediante a educação, isto é, nem através de força e coação, nem através da persuasão, se verá obrigado à pavorosa conclusão platônica: o banimento de todas as pessoas mais velhas do Estado a ser fundado.
Mas, de fato, é negado, mesmo às crianças que se quer educar para que sejam cidadãos de um amanhã utópico, seu próprio papel futuro no organismo político, pois, do ponto de vista dos mais novos, o que quer que o mundo adulto possa propor de novo é necessariamente mais velho do que eles mesmos.
ARENDT, H. A crise na educação. In: Entre o passado e o futuro.
São Paulo: Perspectiva, 2001 (adaptado).
Com base no texto apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. Em contraposição ao paradigma platônico, o processo educacional requer relações socialmente igualitárias.
PORQUE
II. A articulação da atividade política com o processo educacional estimula as crianças, como futuras cidadãs, a um mundo novo.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
LICENCIATURA
QUESTÃO 26
ENADE 2017: Para reconhecer, pois, se as mulheres são menos capazes que os homens para as ciências, é preciso atentar para qual é o princípio que conduz a esse conhecimento. Todos sabem que a diferença dos sexos só é relativa ao corpo e não existe mais que nas partes propagadoras da espécie humana; porém, a alma, que não concorre senão por sua união com o corpo, obra em tudo da mesma maneira sem atenção ao sexo.
Toda sua diferença, pois, vem da educação, do exercício e da impressão dos objetos externos, que nos cercam nas diversas circunstâncias da vida. Nosso cérebro é perfeitamente semelhante ao deles; nós recebemos as impressões dos sentidos como eles; formamos e conservamos as ideias pela imaginação e memória, da mesma maneira que eles; temos os mesmos órgãos e os aplicamos aos mesmos usos que eles; ouvimos pelos ouvidos, vemos pelos olhos e gostamos do prazer também como eles.
FLORESTA, N. Direitos das mulheres e injustiça dos homens (1832). In: MA DUARTE,
C. Nísia Floresta. Fundação Joaquim Nabuco.
Recife: Editora Massangana, 2010 (adaptado).
Com base nas ideias apresentadas, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. Nísia Floresta trata de aspectos fundamentais do feminismo, tais como a desigualdade entre os gêneros no que diz respeito à capacidade intelectual e o direito à educação científica.
PORQUE
II. A autora entende que as diferenças entre os gêneros se atêm ao aspecto biológico da reprodução e que, em relação às funções da alma, tais diferenças desaparecem.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a 1l não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 27
ENADE 2017: Um certo ensino de filosofia pode, então, ser um vetor de criação de saídas e, por isso mesmo, de criação de diferenças. Ensinar filosofia, ainda que de dentro da escola hoje, e, talvez até principalmente por isso, pode funcionar como um ato de jogar sementes ao vento. O que se estaria semeando? O pensar filosófico — essa outra forma de pensar o mundo e a si mesmo, essa outra prática, tão incomum hoje no varejo das ideias, das ações e nas relações do dia a dia, prática tão pouco lucrativa. Uma prática muito pouco produtiva sob o ponto de vista do mercado, mas uma possibilidade de produzir saídas. A saída dá-se a partir de um conceito que se cria. A saída em si é ação, é a prática de um conceito. E isso só a filosofia pode fazer. Pensamos em criar um ensino de filosofia que enxameie saídas.
Com certeza não seria fazendo uma lista de saídas históricas ou possíveis, a partir da análise de uma situação. Nunca se pode repetir uma saída. Podemos tentar copiá-la e testá-la, mas, assim fazendo, estaremos reativando uma saída já criada, em outro contexto, para outro problema, o que faz com que ela já não seja a mesma. De nada serve tentar fazer uma história das saídas, não há cálculo de saídas, não há fórmula. Esse ensino de filosofia teria de ser um modo de fazer-nos lembrar do poder de criar. Fazer resistência pela criação.
GALLO, S; ASPIS, R. L. Ensino de filosofia e cidadania nas
“sociedades de controle”: resistência e linhas de fuga.
Pro-Posições. Campinas, v.21, n. 1(61),
2010 (adaptado).
De acordo com os autores do texto apresentado, a filosofia tem importância incontestável como disciplina do currículo escolar porque, segundo eles, a filosofia é capaz de fazer com que o estudante
A) produza perspectivas pragmáticas e bem delineadas como resultado de suas reflexões.
B) tenha ferramentas para que se adapte da melhor forma às demandas profissionais do seu tempo.
C) invente respostas para as suas questões com uma postura criadora atenta aos fatos que ele vivencia.
D) associe uma situação presente a um molde universal identificado nos relatos dos eventos passados.
E) tome as suas especulações finalidades em si mesmas como exercício da curiosidade desinteressada.
QUESTÃO 28
ENADE 2017: Apesar de alguns filósofos afirmarem que o ateísmo, diferentemente do ateísmo, é empurrado pela evidência e dizerem que a crença religiosa é irracional, secularistas contemporâneos tais como eu ficam satisfeitos em dizer que ele é politicamente perigoso. Em nossa perspectiva, a religião é irrepreensível na medida em que é privada — na medida em que as instituições eclesiásticas não tentam animar a fé por trás de propostas políticas e na medida em que os crentes e não crentes concordam em seguir uma política de viver e deixar viver.
RORTY, R. Anticlericalismo e ateísmo. In: RORTY, R. & VATTIMO, G.
( futuro da religião: solidariedade, caridade, ironia.
Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2006 (adaptado).
No texto apresentado, ao relacionar política e religião, Rorty propõe que se
A) recuse a racionalidade das religiões.
B) aumente a indiferença no espaço público.
C) estimule a vida de fé no ambiente político.
D) circunscreva a prática religiosa à esfera privada.
E) reconheça a si mesmo contrário à crença em Deus.
QUESTÃO 29
ENADE 2017: Crê-se geralmente que não é preciso fazer experiência em assuntos educacionais e que se pode julgar com a razão se uma coisa será boa ou má. Quanto a isso, erra-se muito e a experiência nos ensina que nossas tentativas produziram, de fato, resultados opostos àqueles que esperávamos. Vê-se, pois, que, sendo nesse assunto necessária a experiência, nenhuma geração pode criar um modelo completo de educação.
KANT, I. Sobre a pedagogia. Piracicaba: Unimep, 2011 (adaptado).
De acordo com as ideias de Kant apresentadas nesse texto, o erro em assuntos educacionais deve- se ao fato de se
A) conciliar razão e história.
B) conciliar razão e experiência.
C) julgar as coisas apenas pela experiência.
D) julgar as coisas mais pela experiência do que pela razão.
E) julgar as coisas pela razão apenas, prescindindo- se da experiência.
QUESTÃO 30
ENADE 2017: Colocar a história da filosofia em afroperspectiva permitiria a consideração do pensamento filosófico dos povos ameríndios, dos povos asiáticos, da Oceania, além da produção filosófica africana. Analisamos os dez livros mais usados no Brasil, e nenhum deles apresentava uma versão sobre o surgimento da filosofia que fosse diferente da mais corriqueira, que a diz nascida em berço grego. Além disso, uma pesquisa feita entre os anos de 2010 e 2014 verificou que, entre os cinco livros mais usados por professoras e professores de filosofia, nenhum tinha capítulos sobre a produção filosófica fora da Europa e dos Estados Unidos da América.
NOGUERA, R. O ensino de Filosofia e a Lei 10.639.
Rio de Janeiro: Pallas Editora, 2014 (adaptado).
A partir das informações apresentadas no texto, avalie as afirmações a seguir.
I. A perspectiva proposta pelo autor abre a possibilidade de inclusão, no ensino de filosofia e da história da filosofia, de todos os povos e culturas e respectivas contribuições à filosofia.
II. A omissão nos livros didáticos brasileiros da filosofia produzida fora da Europa e dos Estados Unidos da América limita a apreensão do significado plural da filosofia.
III. A ausência de abordagens das filosofias africanas e asiáticas no ensino de filosofia e da história da filosofia no Brasil deve-se à geopolítica ocidental, que estabelece uma hierarquização entre os povos.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
COMENTÁRIOS