Prova Letras Português (Bacharelado e Licenciatura) ENADE 2017 com Gabarito
Prova Letras Português (Bacharelado e Licenciatura) ENADE 2017 com Gabarito
OBS: as questões de 01 a 08 são de Formação Geral, portanto, cobradas em todas as provas. Para conferir elas, basta acessar essa página.
CONHECIMENTO ESPECÍFICO
BACHARELADO
QUESTÃO 09
ENADE 2017: A noção de nível para Émile Benveniste revela-se fundamental para os procedimentos de análise linguística, pois, segundo o autor, só o nível pode dar conta “da natureza articulada da linguagem”.
Tendo por base a noção de níveis de análise linguística e considerando a arquitetura sintática que compõe o enunciado “Os alunos assistiram ao acidente na calçada”, avalie as afirmações a seguir.
I. A ambiguidade presente na estrutura sintática do enunciado deve-se ao fato de ser possível interpretar o enunciado de duas formas: 1. o acidente ocorreu na calçada e 105 alunos assistiram a ele de outro local; e 2. 105 alunos estavam na calçada e assistiram ao acidente que ocorria em outro lugar.
II. Tratando-se da linguagem coloquial, ao se suprimir a preposição que rege o complemento do verbo “assistir” (originalmente, com a acepção de presenciar, ver), muda-se o nível sintático do enunciado, mas não se altera a semântica projetada pela língua.
III. Assim como em “João pediu a José para sair”, ocorre, no enunciado em questão, ambiguidade no nível lexical, já que a significação = emerge das possibilidades interpretativas que os elementos léxicos implicam.
IV. Conforme a tradição gramatical, a regência do verbo “assistir” (acepção de presenciar, ver) é a mesma do verbo “aspirar” (acepção de desejar); ambos admitem, também, o emprego transitivo direto, havendo alteração no nível sintático em função da semântica projetada pela língua.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e III.
B) II e III.
C) II e IV.
D) I, II e IV.
E) I, III e IV.
QUESTÃO 10
ENADE 2017: O texto exemplifica a variedade linguística
A) diatópica (geográfica).
B) diacrônica (de tempo).
C) diafásica (formal/informal).
D) diamésica (modalidade oral/escrita).
E) diastrática (camada social/profissional).
QUESTÃO 11
TEXTO 1
Autopsicografia
Fernando Pessoa
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
TEXTO 2
Apontamento
Álvoro de Campos
A minha alma partiu-se como um vaso vazio.
Caiu pela escada excessivamente abaixo.
Caiu das mãos da criada descuidada.
Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso.
Asneira? Impossível? Sei lá!
Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.
Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.
Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.
Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada
E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.
Não se zangam com ela.
São tolerantes com ela.
O que eu era um vaso vazio?
Olham os cacos absurdamente conscientes,
Mas conscientes de si-mesmos, não conscientes deles.
Olham e sorriem.
Sorriem tolerantes à criada involuntária.
Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.
Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.
AA minha obra? A minha alma principal? A minha vida?
Um caco.
E os deuses olham-no especialmente, pois não sabem porque ficou ali.
PESSOA, F. Antologia Poética: organização, apresentação e ensaios de
Cleonice Berardinelli. Bazar do Tempo: Rio de Janeiro, 2016 (adaptado).
ENADE 2017: A partir dos poemas apresentados, avalie as afirmações a seguir.
I. O texto 1, por sublinhar o fingimento poético como artifício estético, coloca em xeque o texto 2 como possibilidade de leitura da heteronímia pessoana.
II. O texto 2 pode ser lido como teorização poética do processo heteronímico em Fernando Pessoa.
II. Como metapoemas, ambos os textos sugerem possibilidades de grafias/escritas de si, tanto do Sujeito autor quanto do eu-lírico.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 12
ENADE 2017: No final da década de 40, em 1947, Murilo Rubião lança, pela editora carioca Universal, o seu primeiro livro de contos, O ex-mágico; seis anos depois novo livro é publicado, dessa vez pela editora Hipocampo, trata-se de A estrela vermelha. Segundo Antonio Candido (2006), a obra de Rubião fica na penumbra até a publicação de Os dragões e outros contos, que ocorreu em 1965. Candido também observa que, em meio às primeiras publicações de Murilo Rubião no Brasil, despontam na América Latina as obras de Jorge Luis Borges, Julio Cortázar e Gabriel García Marquez. Ou seja: Murilo Rubião pode ser considerado o precursor da tradição do insólito não só em terras brasileiras, como também pode ser reconhecido como instigador da obra de latino-americanos, como confessa Julio Cortázar, segundo relato do seu tradutor Remy Gorga Filho: “Ele dizia que o mineiro Murilo Rubião foi o primeiro autor do fantástico latino-americano, antes mesmo dele, Cortázar”.
GAMA-KHALIL, M. M. A literatura fantástica: gênero ou modo? In: Terra Roxa e
Outras Terras, v. 26, 2013 (adaptado).
A partir do texto apresentado, avalie as afirmações a seguir.
I. O insólito é uma das características estéticas da literatura fantástica.
II. No Brasil, a literatura fantástica é uma das vertentes do Modernismo.
III. À obra de Murilo Rubião recebe influência direta da literatura fantástica de escritores latino-americanos.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 13
TEXTO 1
ENADE 2017: Ao discutir os aspectos da diacronia e da sincronia na língua, Saussure apresenta-os como duas perspectivas distintas, ou seja, caracteriza-os de forma dicotômica. Segundo o autor, diacrônico relaciona-se ao que tem duração no tempo e é dinâmico; e sincrônico, ao que é momentâneo e estático. Jakobson, por sua vez, mapeia quatro combinações possíveis entre essas dicotomias: a) fatos sincrônicos e estáticos; b) fatos sincrônicos e dinâmicos; c) fatos diacrônicos e estáticos; d) fatos diacrônicos e dinâmicos.
CHAGAS, P. A mudança linguística. In: FIORIN, ). L (Org.). Introdução à linguística. São Paulo: Contexto, 2003 (adaptado).
TEXTO 2
Os morfemas classificatórios têm como função enquadrar os vocábulos nas classes dos nomes e dos verbos. São as vogais temáticas nominais (-26,-0) e verbais (-a, -e, -i). Nos nomes terr-a, pent-e e livr-o, são as vogais átonas finais que classificam essas formas na classe dos nomes. Já as formas verbais cant-a-, vend-e-r e part.-r têm como elemento caracterizador da conjugação as vogais -a, e, -. As formas linguísticas desprovidas desse elemento mórfico são chamadas de atemáticas. No caso dos nomes, são atemáticos os terminados por consoante (mar, fóssil, revólver) ou por vogal tônica (cajá, café, cipó). São exemplos de formas verbais atemáticas a primeira pessoa do presente indicativo (canto, vendo e parto), todas as pessoas do presente do subjuntivo (cante, cantes, cante, cantemos, canteis, cantem) entre outras formas.
RIBEIRO, M. G. C. Morfologia da língua portuguesa. Disponível em: <http;//biblioteca vírtual.ufpb.br>. Acesso em: 15 jul. 2017 (adaptado).
TEXTO 3
A partir dos textos apresentados, avalie as afirmações a seguir.
I. A substituição atual e gradativa do uso do pronome pessoal de primeira pessoa do plural “nós” pela expressão “a gente” exemplifica o que Jakobson denomina fato sincrônico e dinâmico.
II. A perspectiva saussureana filia-se a um trabalho linguístico de ordem diacrônica, ou seja, descreve a língua por meio da observação dos aspectos históricos de variação e mudança.
III. Um exemplo de fato diacrônico e estático é a existência permanente de três conjugações verbais no português.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 14
TEXTO 1
Joan Miró sentia a mão direita demasiado sábia e que de saber tanto já não podia intentar nada. Quis então que desaprendesse o muito que aprendera a fim de reencontrar a linha ainda fresca da esquerda. Pois que ela não pôde, ele pôs-se a desenhar com esta até que, se operando, no braço direito ele a enxerta. A esquerda (se não se é canhoto) é mão sem habilidade: reaprende a cada linha, cada instante, a recomeçar-se. Piet Mondrian, também, da mão direita andava desgostado; não por ser ela sábia: porque, sendo sábia, era fácil. Assim, não a trocou de braço: queria-a mais honesta e por isso enxertou outras mais sábias dentro dela. Fez-se enxertar réguas, esquadros e outros utensílios para obrigar a mão a abandonar todo improviso. Assim foi que ele, à mão direita, impôs tal disciplina: fazer o que sabia como se o aprendesse ainda.
MELO NETO, ). C. “O sim contra o sim” In: Serial e antes.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997 (adaptado).
ENADE 2017: Ao estabelecer relações intersemióticas com os procedimentos composicionais dos pintores Joan Miró e Piet Mondrian, o poeta
A) valoriza a imposição de constantes desafios ao ato de criação, em um gesto de recusa à improvisação artística.
B) defende o predomínio da inspiração sobre a técnica, no intuito de desvincular a criação artística do controle racional.
C) nega o papel da disciplina no ato da composição artística, com o propósito de resgatar a origem libertária da obra de arte.
D) enaltece a importância da sabedoria e da humildade no trabalho artístico, em um elogio à resignação diante da insatisfação.
E) relaciona a inabilidade artística ao desenvolvimento de uma técnica pictórica singular, em vista de contrapor a originalidade à imitação.
QUESTÃO 15
TEXTO 1
ENADE 2017: Em suma, a cultura cabo-verdiana, denominada “crioula”, assenta-se sobre um processo de hibridação que gerou as formas de expressão da culinária, da música, da língua e da literatura. A identidade cabo-verdiana, portanto, formou-se pela reelaboração de traços culturais originários dos grupos étnicos que aportaram às ilhas, isto é, portugueses e africanos levados da costa da Guiné para o arquipélago.
GOMES, S. E. Cabo Verde: interfaces entre Literatura, culinária e música. In: BRITO-SEMEDO, M. et al. (eds.). Estudos da AIL em Literaturas « Culturas Africanas de Língua Portuguesa. Santiago de Compostela, Coimbra: Associação Internacional de Lusitanistas, 2015 (adaptado).
TEXTO 2
De orla a barlavento
[...]
II
Poeta! todo o poema:
geometria de sangue & fonema
Escuto Escuta
Um pilão fala
árvores de fruto
ao meio do dia
E tambores
erguem
na colina
Um coração de terra batida
Elon longe
Do marulho á viola fria
Reconheço o bemol
Da mão doméstica
Que solfeja
Mar & monção mar & matrimónio
Pão pedra palmo de terra
Pão & património
FORTES, &. Pão & Fonema. Lisboa: Sá da Costa Editora, 1980 (adaptado).
TEXTO 3
— “ ..Sonhei um Cabo Verde despertado cada manhãzinha pelo som repicado do tambor, substituindo a horrenda música do programa radiofónico Bom Dia Cabo Verde, abafando para sempre a inestética publicidade, rivalizando harmoniosamente com o cantar dos galos, o riso das galinhas, os motores, catchupa na frigideira, trapiches e computadores.
SALÚSTIO, D. A indústria de tambores. In: Mornas eram as noites. 3. ed.
Praia: Instituto da Biblioteca Nacional, 2002 (adaptado).
Com base nos textos apresentados, avalie as afirmações a seguir.
I. O texto 1 considera crioulas a identidade e a cultura presentes nas ilhas que compõem o arquipélago de Cabo Verde, e sublinha sua natureza homogênea resultante do encontro entre europeus e africanos.
II. O texto 2 emprega recursos estruturais, tais como imagens de instrumentos e aliterações, privilegiando oclusivas e nasais bilabiais, com o intuito de evidenciar a natureza rítmica sugerida no poema.
III. O texto 3 integra uma coletânea cujo título põe em evidência tanto o clima tropical quanto o gênero musical mais representativo do patrimônio cabo-verdiano, ambos materializados na linguagem do fragmento.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 16
ENADE 2017: A informação e os conteúdos transbordam na web e o prefixo hiper, também aí, é demandado. Nesse contexto de hiperinformação, as ações de seguir, curtir, taguear e comentar ganham destaque.
O ato de seguir alguém, alguma publicação ou instituição é, entre outras possibilidades, uma forma de filtrar algo de interesse no meio de um oceano de conteúdo.
Frente ao que se segue (ou ao que é de alguma forma publicado) na rede, é possível ter diferentes níveis de resposta: algumas acessíveis diretamente a quem publica o conteúdo - curtir, comentar, redistribuir (sem comentar), redistribuir com comentário fundamentado (redistribuição crítica) etc.; outras não tão diretamente acessíveis - publicações em outras redes ou espaços sem referências diretas às origens.
ROJO, R.; BARBOSA, I. R. Gêneros do discurso, multiletramentos e hipermodernidade.
In: Hipermodernidade, multiletramentos e gêneros discursivos. São Paulo: Parábola, 2015 (adaptado).
Considerando as informações apresentadas no texto, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. Na web, os diferentes níveis de publicações/respostas acessíveis, direta ou indiretamente, a quem publica o conteúdo podem ser multimodais.
PORQUE
II. As publicações/respostas, além de poderem se basear em outros textos, podem ser acrescidas de diferentes tipos de linguagens, como imagens, vídeos e áudios.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e 11 são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 17
TEXTO 1
Pechada
[..] — Aí, Gaúcho! — Fala, Gaúcho! Perguntaram para a professora por que o Gaúcho falava diferente. A professora explicou que cada região tinha seu idioma, mas que as diferenças não eram tão grandes assim. Afinal, todos falavam português. Variava a pronúncia, mas a língua era uma só. E os alunos não achavam formidável que num país do tamanho do Brasil todos falassem a mesma língua, só com pequenas variações? [...] O Jorge fez cara de quem não se entregara. Um dia o Gaúcho chegou tarde na aula e explicou para a professora o que acontecera. — O pai atravessou a sinaleira e pechou. — O quê?
— O pai. Atravessou a sinaleira e pechou. [...]
— Gaúcho... Quer dizer, Rodrigo: explique para a classe o que aconteceu.
— Nós vinha...
— Nós vínhamos.
— Nós vínhamos de auto, o pai não viu a sinaleira fechada, passou no vermelho e deu uma pechada noutro auto.
A professora varreu a classe com seu sorriso. Estava claro o que acontecera? Ao mesmo tempo, procurava uma tradução para o relato do gaúcho. Não podia admitir que não o entendera. Não com o Jorge rindo daquele jeito. “Sinaleira”, obviamente, era sinal, semáforo. “Auto” era automóvel, carro. Mas “pechar” o que era? Bater, claro. Mas de onde viera aquela estranha palavra? Só muitos dias depois a professora descobriu que “pechar” vinha do espanhol e queria dizer bater com o peito, e até lá teve que se esforçar para convencer o Jorge de que era mesmo brasileiro o que falava o novato. Que já ganhara outro apelido: Pechada.
— Aí, Pechada! — Fala, Pechada!
VERISSIMO, L. Pechada. Revista Nova Escola, maio, 2014. Disponível em: <https://novaescola.org.br>.
TEXTO 2
Todos sabem que existe um grande número de variedades linguísticas, mas, ao mesmo tempo em que se reconhece a variação linguística como um fato, observa-se que a nossa sociedade tem uma longa tradição em considerar a variação numa escala valorativa, às vezes até moral, que leva a tachar os usos característicos de cada variedade como certo ou errado, aceitáveis ou inaceitáveis, pitorescos, cômicos etc.
TRAVAGUA L C. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramática. São Paulo: Cortez Editora, 2009 (adaptado).
ENADE 2017: Considerando a imagem apresentada, os sentidos estabelecidos pelo texto 1 e a reflexão provocada pelo texto 2, conclui-se que a professora
A) identifica “pechada” como um caso de estrangeirismo na fala de seu aluno, incorporado à língua portuguesa como empréstimo aceitável da língua espanhola.
B) identifica o fenômeno de variação diafásica em nível lexical, ao compreender o contexto de uso dos vocábulos “sinaleira” e “auto”.
C) ignora a possibilidade de discutir o tema do preconceito linguístico com relação ao uso de variações linguísticas diatópicas.
D) evita, ao abordar as variedades linguísticas do português brasileiro, que o estudante Rodrigo sofra preconceito linguístico.
E) explica os diferentes modos de falar de seus alunos conforme a ocorrência de variações morfológicas e sintáticas na fala de Rodrigo.
QUESTÃO 18
ENADE 2017: Variantes linguísticas são diversas maneiras de se dizer a mesma coisa em um mesmo contexto e com o mesmo valor de verdade. A um conjunto de variantes dá-se o nome de variável linguística.
TARALLO, F. A Pesquisa Sociolinguística. São Paulo: Ática, 1986 (adaptado).
Assinale a opção que apresenta dois pares legítimos de variação linguística.
QUESTÃO 19
TEXTO 1
ENADE 2017: O processo de canonização não pode ser isolado dos interesses dos grupos que foram responsáveis por sua constituição, e, no fundo, o cânon reflete estes valores e interesses de classe. O cânon é um evento histórico, visto ser possível rastrear a sua construção e a sua disseminação.
Não é suficiente repensá-lo ou revisá-lo, lendo outros e novos textos, não canônicos e não canonizados, substituindo os “maiores' pelos “menores, os escritores pelas escritoras e assim por diante. Tampouco basta - ainda que seja extremamente necessário — dilatar o cânon e nele incorporar outras formações discursivas, como a telenovela, o cinema, o cordel, a propaganda, a música popular, os livros didáticos ou infantis, a ficção científica, buscando uma maior representatividade dos discursos culturais. O que é problemático, em síntese, é a própria existência de um cânon, de uma canonização que reduplica as relações injustas que compartimentam a sociedade.
REIS, R.C. 1n: JOBIM, |.L (Org.). Palavras da crítica. Rio de Janeiro: Imago, 1992 (adaptado).
TEXTO 2
Uma vida inteira pela frente. O tiro veio por trás.
MOSCOVICH, C. Uma vída inteira pela frente. In: FREIRE, M. (Org.). Os cem menores contos brasileiros do século.
2. ed. Cotia: Ateliê Editorial, 2004 (adaptado).
Considerando a discussão sobre o cânon literário apresentada no texto 1 e o gênero do miniconto, exemplificado no texto 2, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. A forma literária do miniconto, por ser semelhante à da crônica, deve ser considerada expressão literária de valor para que a seleção de obras que integram o cânon seja democrática.
PORQUE
II. A formação do cânon é derivada de valores estéticos e políticos, e a sua existência promove a valorização justa de obras e a manutenção da divisão social.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 20
Disponível em: <htto://ewnw.antoniomiranda.com.br>. Acesso em: 12 jul. 2017 (adaptado).
ENADE 2017: O texto A primavera endoideceu é um poema não linear, em que a palavra é um elemento muito bem explorado para a construção da imagem. Esse modo de organizar o texto caracteriza
A) a intertextualidade, diálogo existente entre os textos, que conecta a literatura a outros gêneros do discurso.
B) a relação da literatura com outros sistemas semióticos, cujo efeito mais imediato é plástico e semântico.
C) a tradição cultural regional, a exemplo do cordel e da xilogravura, que tratam de situações do cotidiano.
D) a construção de uma sintaxe refinada, com preciosismo vocabular e predomínio de termos eruditos.
E) a impossibilidade de disposição linear das palavras para a construção de conteúdos poéticos.
QUESTÃO 21
Disponível em: <http://avepalavra1.blogspot.com.br>. Acesso em: 14 out. 2017 (adaptado).
ENADE 2017: Os gêneros (tanto da literatura quanto da língua), ao longo dos séculos de sua existência, acumulam as formas de uma visão do mundo e de um pensamento. Se o escritor artesão serve-se do gênero como clichê externo, o grande artista, por sua vez, revela as virtualidades do sentido latente no gênero. Shakespeare explorou e passou à sua obra os imensos tesouros de um sentido potencial que, em sua época, não podia ser descoberto nem compreendido em sua plenitude.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003 (adaptado).
Tomando como referência o texto apresentado e considerando o cartum, avalie as afirmações a seguir.
I. Os elementos estéticos que organizam a linguagem no cartum põem em evidência aspectos que singularizam o texto e conferem-lhe, mesmo que de maneira indireta, o status de gênero literário.
II. O valor literário não emerge de simples peculiaridades formais expressas, como as ilustradas no diálogo entre as personagens do cartum, pois, no gênero literário, os elementos da expressão articulam-se com o plano do conteúdo, recriando novas formas de expressão.
III. O efeito sonoro presente no diálogo das personagens do cartum é uma peculiaridade do gênero poesia e constitui recurso estético que visa à desautomatização da linguagem, conferindo ao plano da expressão certo ritmo intensificador.
É correto afirmar o que se afirma em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 22
A luz da nossa língua
ENADE 2017: O incêndio que atingiu o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, não provocou piores danos - excetuando a perda, sempre irreparável, de uma vida humana — pela simples razão de aquilo que nele se mostrava ser resistente ao fogo. A língua portuguesa é patrimônio imaterial. Não há incêndio capaz de a devorar, a não ser o da ignorância.
Compreender como se formou e afirmou a língua que falamos, conhecer as diferentes variantes do português, ajuda-nos a perceber melhor a história do mundo e — acredito - pode tornar-nos um pouco mais abertos ao outro. O pensamento xenófobo e racista que volta e meia aflora, como uma doença repugnante, em certas franjas das sociedades brasileira e portuguesa, é, em larga medida, uma expressão da ignorância da história da língua que nos deu origem.
Acredito que existe hoje um maior conhecimento mútuo das diferentes variantes da língua portuguesa, desde logo porque as novas tecnologias tendem a derrubar fronteiras. Persiste, mesmo assim, muita ignorância. Recordo certa ocasião, há alguns anos, quando, em viagem pelo interior de Pernambuco, parei junto a um pequeno bar para pedir informações. O rapaz que me recebeu não compreendeu o meu sotaque. Repeti a mesma questão uma e outra vez, sem qualquer sucesso. Tentei de novo, mas dessa vez com o meu melhor sotaque pernambucano. O rosto do rapaz iluminou-se: “Moço, se você fala português, por que estava falando comigo em estrangeiro?”.
Numa outra ocasião, no Rio, um taxista, estranhando o meu sotaque, quis saber de onde eu vinha. “Angola?! E em que estado fica isso?” Quando lhe expliquei que Angola é um país, na costa ocidental de África, fez questão de me parabenizar pela qualidade do meu português. Disse-lhe que em Angola também falamos português: “Jura?!” — retorquiu. — “Pensei que só no Brasil se falasse português”.
Se nós criamos as línguas, as línguas também nos criam a nós. Não é a mesma coisa crescer falando português, tupi ou swahili. Um dos meus sobrinhos, Samuel, nasceu e cresceu em Luxemburgo, filho de pai luxemburguês. Aprendeu a falar português com a mãe e luxemburguês e alemão com o pai. Como os pais falavam um com o outro em francês, domina também essa língua desde o berço. Sempre que muda do português para o alemão, e deste para o francês ou o luxemburguês, há alguma coisa em Samuel, um sutil aspeto da personalidade, que parece se alterar também. É como se coexistissem dentro dele várias pessoas, cada uma se exprimindo num idioma diferente.
Em Cabo Verde, o bilinguismo é uma situação vulgar. As pessoas falam naturalmente duas línguas maternas, o português e o crioulo. Fascina-me a forma como os cabo verdianos cultos trocam de língua, enquanto conversam, dependendo do tema e do interlocutor. Ao mudarem do crioulo para o português, verifica-se também uma ligeira mudança de personalidade. Um cabo-verdiano ao falar português torna- se um tudo nada mais formal. Não por acaso, a esmagadora maioria da riquíssima música cabo-verdiana usa o crioulo, ao passo que a língua portuguesa reina quase isolada na literatura.
AGUALUSA, 1. E. A luz da nossa lingua. n: O Globo, 28 dez. 2015 (adaptado).
Das passagens a seguir, retiradas do texto aquela cujo conteúdo é apropriado para exemplificar a definição de língua como forma (“lugar”) de interação é
A) “A língua portuguesa é patrimônio imaterial. Não há incêndio capaz de a devorar, a não ser o da ignorância."(1ºparágrafo)
B) “..conhecer as diferentes variantes do português [...] - acredito — pode tornar-nos um pouco mais abertos ao outro.” (2º parágrafo)
C) “O pensamento xenófobo e racista que volta e meia aflora (...) é, em larga medida, uma expressão da ignorância da história da língua que nos deu origem."(2º parágrafo)
D) “Se nós criamos as línguas, as línguas também nos criam.” (5º parágrafo)
E) “Em Cabo Verde, o bilinguismo é uma situação vulgar.” (6º parágrafo)
QUESTÃO 23
Poema tirado de uma notícia de Jornal
ENADE 2017: João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
BANDEIRA, M. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993 (adaptado).
Considerando o poema, avalie as afirmações a seguir.
I. A ausência de um sobrenome convencional e de um número no barracão propicia a ampliação de sentidos do poema.
II. O discurso jornalístico imbricado no discurso poético comprova que a matéria-prima utilizada em ambos pode misturar-se.
III. O poema, retomando o registro jornalístico, tem o objetivo de narrar em 3º pessoa a veracidade de um acontecimento cotidiano nas grandes cidades.
IV. O que caracteriza o poema como tal é o fato de não contemplar todas as perguntas básicas da notícia, já que não há um porquê para o fato.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e II.
B) I e III.
C) III e IV.
D) I, II e IV.
E) II, III e IV.
QUESTÃO 24
ENADE 2017: Em um portal de notícias sobre celebridades, lê-se o seguinte enunciado, ao qual segue um conjunto de fotos de atores e atrizes.
Confira quem são os famosos cinquentões que só melhoram com o tempo
Disponível em: <http;/ /www. estrelando.com.br>. Acesso em: 10 jul. 2017.
Considerando que o propósito do enunciador - de enaltecer a resistência dos famosos à ação do tempo — é comprometido pela ambiguidade de sentido decorrente da estrutura sintática do enunciado, avalie as seguintes propostas de reescrita, para evitar a ambiguidade da sentença.
I. Confira quem são os famosos cinquentões que, com o tempo, só melhoram.
II. Confira quem são os famosos cinquentões que melhoram só com o tempo.
III. Confira quem são os famosos cinquentões que, só com o tempo, melhoram.
É correto o que propõe em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 25
ENADE 2017: Com relação ao cartum, avalie as afirmações a seguir.
I. A constituição referencial dos sujeitos que participam da história, por meio da utilização dos pronomes (eu/você/ele), é mantida conforme os estudos tradicionais acerca das pessoas do discurso (quem fala/para quem se fala/de quem se fala).
II. Na última fala do cartum, nota-se a presença de um artifício discursivo que oferece à identidade dos sujeitos do discurso um efeito de indeterminação, evidenciado no emprego das 2º e 3º pessoas que não apresentam uma identidade específica.
III. As ocorrências do pronome “ele”/“eles”, presentes nas falas do 2º, 3º e 4º quadrinhos, encontram ancoragem referencial no substantivo “esquilo”/“esquilos”.
IV. A ocorrência, na última fala do cartum, de “você”, no singular, e de “eles”, no plural, não são suficientes para indicar o número de participantes envolvidos no processo discursivo em questão.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e III.
B) I e IV.
C) II e III.
D) I, II e IV.
E) II, III e IV.
QUESTÃO 26
TEXTO 1
ENADE 2017: Em nosso dia a dia, no contato com outras pessoas e com as diversas informações que recebemos, estamos expostos a várias situações comunicativas, cada uma situada em seu devido contexto. Na escrita e na fala, existem algumas estruturas padronizadas que recebem o nome de gêneros textuais.
No simples ato de abrir um jornal ou uma revista, já estamos expostos aos diversos gêneros textuais: nesses dois meios de comunicação é possível encontrar artigos, cartas de leitor, artigos de opinião, notícias, reportagens, charges, tirinhas, ensaios, e-mails e tantos outros textos que se adequam às necessidades de quem os escreve, apresentando finalidades distintas e definidas. Assim são os gêneros, eles existem em grande quantidade justamente porque as práticas sociocomunicativas são dinâmicas evariáveis.
Disponível em: <http:/R/brasilescola.uol.com.br>. Acesso em: 7 jul. 2017 (adaptado).
TEXTO 2
As reflexões teóricas sobre a noção de gênero do discurso (ou de texto, conforme a perspectiva) têm sido ampliadas em vários campos de estudo e assumem especial importância para a metodologia do ensino eda aprendizagem de língua portuguesa, considerando os objetivos atualizados nas propostas curriculares contemporâneas.
FURLANETTO, M. M. Gênero do discurso como componente do arquivo em Dominique Maingueneau.
In: MEREU, A. ; BONINI, A; MOTTA-ROTH. D. Gêneros: teorias, métodos, debates. São Pauto: Parábola, 2005 (adaptado).
Considerando os textos apresentados, avalie as afirmações a seguir.
I. Os gêneros textuais são formas relativamente estáveis de um enunciado, determinadas sócio-historicamente.
II. Os gêneros textuais possuem características específicas, que dependem dos usuários da linguagem e das necessidades em sua comunicação.
III. O leitor/produtor de textos é um usuário proficiente da linguagem à medida que recorre aos gêneros textuais para, em diferentes situações comunicativas, externalizar os sentidos dos textos que lê ou produz.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 27
RECEITA DE SOPA DE AIPIM COM CARNE
Ingredientes:
* 500gde aipim;
* 1cebolapicada;
* 300gde paleta;
* 1dentede alho amassado;
* cheiro verde a gosto;
* pimenta do reino a gosto;
* sal a gosto;
* azeite para refogar.
Modo de preparo:
Descasque a mandioca e pique em cubos, assim como a paleta. Em uma panela de pressão, doure o alho, adicione a cebola e deixe-a refogar. Em seguida, coloque a carne e sele até secar a água. Adicione a mandioca e despeje água até cobrir os ingredientes. Adicione sal e pimenta. Tampe e deixe pegar pressão. Quando pegar pressão, conte 25 minutos. Então, tire a pressão, abra a panela e adicione o cheiro verde. Se a mandioca ainda estiver dura, coloque por mais um tempo na pressão; caso contrário, basta servir.
Disponível em: <htto;//uwwtudogostoso.com.br.
“Acesso em: 23 ago. 2017 (adaptado).
ENADE 2017: Considerando o conceito de variação linguística, é correto afirmar que a alternância entre os vocábulos “aipim” e “mandioca” se realiza por meio da variável
A) morfológica.
B) semântica.
C) sintática.
D) fonética.
E) lexical.
QUESTÃO 28
TEXTO 1
Combina as linguagens verbal e visual, que tornam a comunicação rápida, conquistando leitores de todas as idades como meio de diversão. A palavra e a imagem, em geral e na prática, possuem o mesmo peso, o que torna o ritmo da leitura mais acelerado ainda. Utiliza alguns recursos icônico- verbais próprios ou muito recorrentes, com uma morfossintaxe e sintaxe discursivas específicas: o desenho, o requadro ou vinheta, o balão, a figura, 0 uso de onomatopeias e de legendas, a elipse, a página ou prancha, conjugando discurso verbal e pictogramas.
COSTA, S. R. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica editora, 2008 (adaptado).
TEXTO 2
Geralmente com três ou quatro quadros, apresenta um texto sincrético que alia o verbal e o visual no mesmo enunciado e sob a mesma enunciação. Circula em jornais ou revistas, numa só faixa horizontal de mais ou menos 14 cm x 4 cm, em geral no caderno de diversões, amenidades ou também conhecido como recreativo, onde se podem encontrar cruzadas, horóscopo etc.
OSTA, S. R. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica editora, 2008 (adaptado).
ENADE 2017: Os textos 1 e 2 apresentam a definição de (dois gêneros textuais distintos. Levando em consideração os elementos estruturadores de cada um dos gêneros definidos, sua função e circulação, é correto afirmar que as definições correspondem, respectivamente, a
A) um anúncio e uma caricatura.
B) uma caricatura e uma HQ.
C) uma charge e um anúncio.
D) O uma tirinha e uma charge.
E) uma HQ e uma tirinha.
QUESTÃO 29
ENADE 2017: Tanto a fala como a escrita se dão num contínuo de variações, surgindo daí semelhanças e diferenças ao longo de dois contínuos sobrepostos, tal como ilustra a figura a seguir.
Distribuição dos Gêneros Textuais no Contínuo
MARCUSCHI, L. A. Oralidade e escrita. Signótica, n. 9, p. 137, 1997 (adaptado).
Considerando o exposto, avalie as afirmações a seguir.
I. Ao comparar o texto de uma exposição acadêmica com o de uma conversação espontânea, percebe-se que, embora os dois sejam representantes da linguagem oral, o primeiro apresenta características muito próximas da linguagem escrita.
II. A proposta de perceber a fala e a escrita por meio de um contínuo reafirma a necessidade de que sejam referendadas algumas dicotomias entre essas duas modalidades, tais como: descontextualização (na fala) x contextualização (na escrita), não planejamento (na fala) x planejamento (na escrita).
III. De acordo com o contínuo apresentado, está equivocada a perspectiva teórica que considera a fala como dialogada e a escrita como monologada, já que o diálogo e o monólogo correspondem 2 formas de textualização presentes nas duas modalidades de língua.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 30
ENADE 2017: Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez alguma recomendação. Nossa mãe, a gente achou que ela ia esbravejar, mas persistiu somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou: — “Cê vai, cê fique, você nunca volte!” Nosso pai suspendeu a resposta. Espiou manso para mim, me acenando de vir também, por uns passos. Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito.
O rumo daquilo me animava, chega que um propósito perguntei: — “Pai, o senhor me leva junto, nessa sua canoa?” Ele só retornou o olhar em mim, e me botou a bênção, com gesto me mandando para trás. Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato, para saber. Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo — a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida longa.
ROSA, I. G. Fleção completa: volume Il. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994 (adaptado).
Com relação ao excerto acima, extraído do conto “A terceira margem do rio”, de Guimarães Rosa, avalie as afirmações a seguir.
I. No trecho “Cê vai, ocê fique, você nunca volte”, as variações pronominais revelam o distanciamento criado entre a mãe e o pai.
II. A topicalização é um recurso gramatical utilizado no trecho “Nossa mãe, a gente achou que ela ia esbravejar”.
III. Predominam, no trecho, elementos do discurso descritivo, característica comum em textos do gênero conto.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 31
EXP
mal vc abre os olhos
e uma voz qq vem lhe dizer
o q fazer o q comer
como vestir
todos querem se meter
numa coisa que só
a vc compete:
viver a sua vida
deletar, destruir, detonar
esses atravessadores
a vida é uma só
e a única verdade
é a sua experiência
não terceirize sua vida
viva viva viva essa é a sua vida
CHACAL, R. Belvedere [1971-2007]. São Paulo:
Cosac Naify, 2007 (adaptado).
ENADE 2017: Nesse texto de Chacal, autor representante da Poesia Marginal, surgida na década de 1970 no Brasil, a utilização de palavras abreviadas está relacionada
A) à irreverência na construção estética, que se traduz em versos com ritmo mais acelerado.
B) à organização do texto em estruturas curtas, que o associam a elementos visuais.
C) à transgressão dos aspectos formais do texto, o que o aproxima do cânone literário.
D) o rompimento com a contracultura brasileira, inspirada em movimentos estrangeiros.
E) o inconformismo em relação aos padrões linguísticos instituídos, o que distancia o texto dos modelos tradicionais.
QUESTÃO 32
ENADE 2017: Com base nos textos 1 e 2, avalie as afirmações a seguir.
I. O texto 1 exemplifica uma forma literária poética de origem japonesa, o Haicai, que ganhou destaque nas obras de escritores brasileiros e cujas principais características são a concisão e a objetividade.
II. Tanto o texto 1 quanto o texto 2 seguem a recomendação de serem construídos com um máximo de 140 caracteres, o que demostra que o estabelecimento de limites formais não interfere no processo de produção literária.
III. O texto 2 representa um tipo de construção e publicação literária realizada na internet, a twitteratura, e estabelece uma relação entre a literatura publicada por meio de um suporte impresso e a experiência estética que surge com a utilização do Twitter, uma das redes sociais da atualidade.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 33
TEXTO 1
A avaliação dos textos literários (sua comparação, sua classificação, sua hierarquização) deve ser diferenciada do valor da literatura em si mesmo. Mas é claro que os dois problemas não são independentes: um mesmo critério de valor (por exemplo, o estranhamento, ou a complexidade, ou a obscuridade, ou a pureza) preside, em geral, à distinção entre textos literários e não literários, e à classificação dos textos literários entre si.
COMPAGNON, A. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Belo Horizonte: UFMG, 2003 (adaptado).
TEXTO 2
A constituição da linguagem literária e do discurso que a configura pode ser entendida como resultado de um acto discursivo próprio, propondo a uma comunidade de leitores um texto que essa comunidade reconhecerá como texto literário.
REIS, C. O conhecimento da literatura: introdução 2os estudos lterários. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2001 (adaptado).
Considerando os fragmentos de texto apresentados, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. A definição de um texto como texto literário depende não só da observação das especificidades da linguagem literária, mas também da própria conceituação do que é literatura.
PORQUE
II. Na avaliação e classificação de textos literários não se devem ignorar aspectos extrínsecos (sociais, históricos, políticos etc.) que, em determinado momento, condicionam a percepção de um texto como literário por parte de uma comunidade de leitores.
ENADE 2017: A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 34
TEXTO 1
A conceituação do termo ideologia tem sido marcada por transformações ao longo da história. Criado pelo pensador francês Desturt de Tracy (1754 - 1836), o termo ideologia, na explicação de Alfredo Bosi, apresenta dois sentidos: “Há uma concepção ampla e flexível de ideologia que se confunde um pouco com a cultura da época, o estilo, em que a ideologia entra como um componente difuso na cultura. E há um sentido que foi desenvolvido principalmente por Marx e Engels no livro A Ideologia Alemã, que precede O Capital, em que a palavra ideologia tem um sentido negativo - isto é, a ideologia é a racionalização que as classes dominantes fazem do conhecimento da sociedade.
A literatura e, por extensão, outras formas de expressão cultural podem oferecer ao leitor textos comprometidos ideologicamente com um grupo social ou uma ideia ou exercer o papel de uma contraideologia, criando uma literatura de resistência, explica Bosi.
BOS I, A. Entrevista. Poesia como resistência à ideologia dominante. Revista Aduspm,n. 58, 2015 (adaptado).
TEXTO 2
Os mendigos assaltaram o depósito do lixão.
Puseram nos sacos sobejos de valor. Foram pelas ladeiras alegres, mas sem abrir a boca, o vento era frio e os dentes de sorrir doíam.
Lá nos viadutos fizeram a partilha.
Quero a boneca pra minha neta.
Que nada, ela é minha!
Sem conversa o chefe saltou sobre o da boneca e dividiu sua cara ao meio com uma giletada.
O sangue quente nos dentes...
Todos sacaram suas giletes e retocaram uns aos outros.
O velho barrigudo segurava a torneira da jugular.
A netinha aproveitou para tomar a boneca e correr, os cabelos espetando o vento, um olho aberto e outro fechado, sorriso de brinquedo.
Sãs e salvas, as duas moram no sinal.
A boneca, olho fechado, olho aberto, mão estendida recebe as moedas.
O sujeito do outro lado da rua tem planos para a menina.
PONTES, C. G. O sorriso de brinquedo. In: FERNANDES, R. (Org.). Contos cruéis: as narrativas mais violentas da literatura brasileira
contemporânea. São Paulo: Geração Editorial, 2006 (adaptado)
ENADE 2017: Considerando os textos apresentados, conclui-se que a narrativa do texto 2 evidencia
A) uma perspectiva ideológica, identificada pelo interesse do narrador em combater a violência contra crianças por meio da criação literária.
B) uma perspectiva contraideológica, manifestada pela elaboração de um discurso narrativo sensível à violência que atinge sujeitos em situação de marginalidade e vulnerabilidade social.
C) uma perspectiva ideológica e contraideológica, marcada pela defesa dos sujeitos marginalizados e pelo emprego de uma linguagem neutra na abordagem da violência.
D) uma perspectiva ideológica, assinalada pela construção de um discurso panfletário a favor das camadas populares, que sofrem violência social.
E) uma perspectiva contraideológica, alicerçada pelo discurso entrecruzado de narrador e personagens que lutam pela boneca.
QUESTÃO 35
ENADE 2017: Como arte narrativa, a literatura cede suas histórias ao cinema. O cinema, em retribuição, ao se apropriar das narrativas, confere a elas cor, movimento e som. Literatura e cinema são expressões artísticas, há muito, marcadas por uma inter-relação paradoxal de atração e repulsão. Ao mesmo tempo em que são fortemente unidas, disputam credibilidade artística, valor e importância.
Por estarmos ante linguagens diferentes, a relação entre literatura e cinema deve ser vista como uma rede na qual os textos se comunicam entre si e ainda com os outros. Gerard Genêtte, depois Laurent Jenny e, mais recentemente, Yanick Mouren, refletindo sobre os conceitos de intertextualidade, explicam s relações dialógicas entre dois ou mais textos autônomos. Um não depende do outro para existir. Nunca devemos propor critérios de comparação adotando aspectos valorativos. Nem o texto de origem, nem o de chegada, no trânsito intersemiótico, é melhor ou pior, se comparados um ao outro. São diferentes.
Para analisá-los, devemos propor critérios específicos e adequados à linguagem em que se estruturam. A teoria da literatura, por exemplo, embora possa ser utilizável como ferramenta de análise, não dá conta da especificidade do fazer cinematográfico, nem como arte, nem como linguagem específica.
CARDOSO, I. Cinema e Iteratura: contrapontos intersemióticos. In: Revista Literatura em Debate, v.5, n. 8, 2011 (adaptado).
Considerando o texto apresentado, avalie as afirmações a seguir.
I. O processo de transpor a literatura para o cinema ou vice-versa é denominado transmutação ou tradução intersemiótica.
II. Os elementos estruturadores de textos literários devem ser iguais aos elementos organizadores de textos cinematográficos.
III. Ainda que presente tanto na literatura quanto no cinema, a narração produz uma sintaxe que se Organiza de modo distinto em ambos os sistemas semióticos.
É correto o que se afirma em
A) II, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) I e III, apenas.
E) I, II e III.
LICENCIATURA
QUESTÃO 26
ENADE 2017: Considerando a transposição do cartum acima para uma situação de ensino e aprendizagem de língua portuguesa, avalie as afirmações a seguir.
I. A concepção de linguagem que a professora revela em sua prática desvincula a língua de seu funcionamento social e histórico.
II. O ensino de língua portuguesa concebido como o ensino do “português correto” toma a língua como um sistema de regras autônomas, privilegiando uma análise interna do objeto.
III. A situação de comunicação apresentada no cartum evidencia a concepção de língua como atividade sociointerativa situada e fonte geradora de aprendizagem.
IV. A valorização do conhecimento linguístico de que o aluno dispõe ao chegar à escola sustenta a noção de língua como sistema de práticas linguísticas não fechadas e em permanente constituição.
A) I e II.
B) II e III.
C) III e IV.
D) I, II e IV.
E) I, III e IV.
QUESTÃO 27
ENADE 2017: Penso que é fundamental lembrar que a educação literária está imbricada no estudo da linguagem, esse constructo poderoso, “perigoso” e seletivo de conscientização. Educar pela literatura implica refletir sobre a palavra como construção artística, com a consciência de que a definição da arte é outro complexo ideológico sobre o que significa ser belo, bom, certo, historicamente relevante e ético-esteticamente — duradouro.
Educar pela literatura implica entender que a arte literária se situa em determinado momento no tempo e no espaço, carreando questões sociais, culturais, políticas e econômicas inevitáveis e preciosas.
Se levarmos em consideração o tripé conceitual e filosófico em que se apoia a educação literária, escaparemos das garras da linearidade historicizada, enriquecendo a leitura e a análise do texto escrito com elementos linguísticos, ético-estéticos e socioculturais, de questionamento crítico e consciente.
LEAHY-DIOS, C.; LAGE, C. Lingua e literatura: uma questão de educação? Campinas: Papirus, 2001 (adaptado).
A partir da concepção de literatura evidenciada no texto, é correto afirmar que
A) o ensino da literatura deve ser desvinculado de questões ideológicas, pois o texto literário, como manifestação artística, é neutro.
B) o texto literário pode vir a formar leitores críticos por ser um fenômeno de linguagem que congrega aspectos estéticos, éticos, sociais e culturais.
C) a educação literária deve focar no estudo estrutural da palavra artística e atribuir importância à sua linearidade histórica na fruição do texto.
D) o ensino da literatura prescinde do estudo da linguagem, pois, nos textos literários, a palavra sofre transgressões que a distanciam da linguagem cotidiana.
E) a análise e o ensino do texto literário devem focar questões sociais, culturais, políticas e econômicas sem levar em conta o trabalho criativo com a palavra.
QUESTÃO 28
ENADE 2017: Nas sociedades contemporâneas, textos não são apenas verbais. Há uma variedade de composição de textos que articulam o verbal, o visual, o gestual, à sonoro — o que se denomina multimodalidade de linguagens. Assim, o ensino da Língua Portuguesa deve considerar o texto em suas muitas modalidades: as variedades de textos que se apresentam na imprensa, na TV, nos meios digitais, na publicidade, em livros didáticos e, consequentemente, também os vários suportes em que esses textos se apresentam.
Disponível em: <http://mec.gov.br>. “Acesso em: 12 Jul. 2017 (adaptado).
Considerando a concepção de texto apresentada no excerto, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. O ensino que foque no desenvolvimento de novas habilidades linguísticas, aumentando os recursos que o usuário da língua já possui, é mais adequado do que uma abordagem prescritiva do ensino da língua, mesmo que, em situações práticas, tais concepções não sejam excludentes.
PORQUE
II. O ensino de língua portuguesa embasado no texto como centro de referência permite que se entenda a língua em um processo interlocutivo, por meio do qual a significação é ativada, ao passo que a tarefa de estudar o texto implica desvendar as potencialidades da língua em situações de interação.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 29
TEXTO 1
A dedução, feita a partir da definição de literatura como uma escrita altamente valorativa, de que ela não constitui uma entidade estável, resulta do fato de serem notoriamente variáveis os juízos de valor. Assim como uma obra pode ser considerada como filosofia num século, e como literatura no século seguinte, ou vice-versa, também pode variar o conceito do público sobre o tipo de escrita considerado como digno de valor. Até as razões que determinam a formação do critério de valioso podem se modificar. Isso, como disse, não significa necessariamente que venha a ser recusado o título de literatura a uma obra considerada menor: ela ainda pode ser chamada assim, no sentido de pertencer ao tipo de escrita geralmente considerada como de valor. Não existe uma obra ou uma tradição literária que seja valiosa em Si a despeito do que se tenha dito, ou se venha a dizer, sobre isso. Valor é um termo transitivo: significa tudo aquilo que é considerado como valioso por certas pessoas em situações específicas, de acordo com critérios específicos e à luz de determinados objetivos.
EAGLETON, T. Teoria da literatura: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2006 (adaptado).
TEXTO 2
Solicitamos que alunos separassem de um bloco de textos, que iam desde poemas de Pessoa e Drummond até contas de telefone e cartas de banco, textos literários e não literários, de acordo com suas definições mais tradicionais. Um dos grupos não fez qualquer separação. Questionados, os alunos responderam: “Todos são não literários, porque servem apenas para fazer exercícios na escola” E Drummond?
Responderam: “Drummond é literato, porque vocês afirmam que é, eu não concordo. Acho ele um chato. Por que Zé Ramalho não é literatura? Ambos são poetas, não é verdade?”
BRASIL Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais:Tinguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília, 2000 (adaptado).
ENADE 2017: À luz do que se discute no Texto 1, constata-se que o Texto 2 faz um relato de experiência escolar na qual a atividade proposta aos alunos propicia a discussão de questões que, no âmbito da Teoria da Literatura, estão relacionadas
A) ao método de escolarização da leitura literária.
B) o conceito de poeta e poesia na modernidade.
C) ao processo de canonização de autores e obras.
D) o papel do professor no ensino da fruição estética.
E) à função do autor na construção do sentido do texto literário.
QUESTÃO 30
ENADE 2017: Uma playlist comentada conta com texto de apresentação, que descreve ou relata algo envolvendo as produções em questão, e trechos apreciativos, que podem envolver argumentação, contemplando assim diferentes sequências textuais. Além disso, supõe a produção de um roteiro e sua leitura oral/falada, o que requer observar a adequação da linguagem oral, tendo em vista as condições de produção dadas.
Em termos de ações, práticas e procedimentos próprios da web, a produção de uma playlist comentada permite vivenciar o papel do curador: alguém que seleciona exemplares entre muitos, no caso músicas ou canções, a partir de algum critério, organiza-os de determinada forma e destaca, a respeito das canções escolhidas ou de seus autores ou executores, algo para comentar. Além disso, supõe a escrita de um roteiro e o manuseio de um editor de áudio. Pode também supor a disponibilização desse arquivo na internet, o que poderia ensejar ações de curtir e/ou redistribuir.
ROJO, R.; BARBOSA, |. P. Hipermodernidade, multiletramentos e gêneros discursivos. São Paulo: Parábola editorial, 2015 (adaptado).
No texto apresentado, mencionam-se algumas ações, práticas e procedimentos comuns em ambiente digital. Considerando que tais informações permitem que o trabalho do docente de Língua Portuguesa favoreça a reflexão sobre gênero discursivo e ambiente digital, avalie as afirmações a seguir, acerca do uso de playlist em sala de aula.
I. Atividades de reescritura de sequências textuais semelhantes ou diferentes voltadas para o uso podem enriquecer a compreensão do gênero playlist comentada.
II. A análise da estrutura de uma playlist comentada favorece a abordagem de características que revelem as aproximações e os distanciamentos entre textos orais e escritos.
III. À playlist comentada, enquanto recurso didático, permite a análise de diferentes tipos de argumentação utilizados em ambiente digital.
É correto o que se afirma em
A) II, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) I e III, apenas.
E) I, II e III.
COMENTÁRIOS