Prova Jornalismo ENADE 2015 com Gabarito
Prova Jornalismo ENADE 2015 com Gabarito
OBS: as questões de 01 a 08 são de Formação Geral, portanto, cobradas em todas as provas. Para conferir elas, basta acessar essa página.
CONHECIMENTO ESPECÍFICO
QUESTÃO 09
ENADE 2015: Os olimpianos estão presentes em todos os setores da cultura de massa. Heróis do imaginário cinematográfico, são também os heróis da informação vedetizada. Estão presentes nos pontos de contato entre a cultura de massa e o público: entrevistas, festas de caridade, exibições publicitárias, programas televisados ou radiofônicos. Eles fazem universos se comunicarem: o do imaginário, o da informação e o dos conselhos, das incitações e das normas. Concentram neles os poderes mitológicos e os poderes práticos da cultura de massa. Nesse sentido, a sobre individualidade dos olimpianos é o fermento da individualidade moderna.
MORIN, E. Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo. 2 ed. São Paulo: Forense, 1969. (adaptado).
Disponível em: <http://eshow globo.com/>. Acesso em: 28 ago. 2015.
Considerando o texto e a imagem apresentados, avalie as afirmações a seguir.
I. As descrições feitas por Edgar Morin em relação à cultura do século XX não são aplicáveis ao atual contexto neste início de século XXI, pois, com o advento da internet, os chamados olimpianos deixaram de exercer tanta influência no público.
II. A promoção das chamadas “celebridades” pelos veículos de comunicação serve para impulsionar o mercado de venda de bens culturais, como roupas e músicas, o que se enquadra na interpretação feita pela Teoria Crítica, que analisa os meios de comunicação pela perspectiva de indústria cultural.
III. Os meios de comunicação, por meio das novelas e do jornalismo de “celebridade”, incentivam a formação de padrões estéticos que influenciam a formação de crianças e jovens, pois os olimpianos se convertem em modelos desejáveis pela sociedade.
IV. A leitura sobre a vida das celebridades é um tipo de lazer adequado ao século XXI e tem reduzidas implicações econômicas, pois essa atividade pode ser realizada em qualquer lugar, por intermédio de smartphones, e não é cara.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e III.
B) I e IV.
C) II e III.
D) I, II e IV.
E) II, III e IV.
QUESTÃO 10
ENADE 2015: Suponha que você seja um repórter de TV e que acabe de chegar à redação com uma reportagem sobre um assunto relacionado ao governo de seu estado. Entretanto, faltam apenas 30 minutos para o telejornal entrar no ar e você precisa editar a matéria. Naturalmente, sua edição dará prioridade à entrevista com o governador do estado. Mas isso não quer dizer que você esteja manipulando a reportagem a favor do governo. Apenas seguiu uma das lógicas internas da rotina produtiva, como a hora do fechamento e a escolha da figura mais representativa (o governador), que é um critério de noticiabilidade.
PENA, F. Teorias do Jornalismo. São Paulo: Contexto, 2005 (adaptado).
O segmento de texto apresentado exemplifica a dinâmica das redações dos meios de comunicação a partir do Newsmaking. Essa matriz teórica caracteriza-se pelo jornalismo, compreendido
A) como espelho do real, tendo-se em vista a neutralidade de sua linguagem, o que permite relação direta entre fato, reportagem e entrevistados.
B) como conjunto de rotinas produtivas com procedimentos e limites próprios, que interfere na dinâmica e na natureza da notícia.
C) como processo produtivo cuja figura central é o gatekeeper, que atua como filtro ideológico na edição e na escolha dos entrevistados.
D) como conjunto de procedimentos derivados dos valores de tradição e identidade, que orienta a escolha de seus entrevistados e a edição.
E) como atividade empresarial e de captação de recursos por meio da escolha de entrevistados.
QUESTÃO 11
Favela Amazônia: A selva se urbaniza
ENADE 2015: É tempo de crime, fúria e ódio extremos na floresta. A Amazônia revive a explosão da violência urbana de morros, subúrbios e periferias do Rio de Janeiro e São Paulo dos anos 80 do século passado, a “década perdida”. Hoje, 37,4% da população das 62 cidades com mais de 50 mil habitantes da Região Norte mora em áreas ocupadas pelo tráfico de drogas, nas quais a reportagem teve de pedir autorização para entrar.
Em levantamento confrontamos mapas de devastação ambiental, dados de prefeituras, relatórios de secretarias estaduais de segurança pública e depoimentos de autoridades e ativistas sociais. Há um paradoxo: no momento em que está mais conectada, com a expansão do uso do celular e da internet, a floresta se afasta da curva da melhoria de vida do Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Nordeste.
Favela Amazônia. Estado de S. Paulo, São Paulo, jul. 2015. Disponível em: <http://infograficos.estadao.com.br>. Acesso em: 15 jul. 2015 (adaptado).
O fragmento apresentado reúne, do ponto de vista dos gêneros jornalísticos, características de
A) notícia, pois evidencia uma realidade factual, narrada de modo objetivo, a partir de fontes e informações precisas, contextualizando os fatos espacial e temporalmente segundo o modelo da pirâmide invertida.
B) notícia, pois faz um relato de maneira formal e direta, a pretexto de comunicar com imparcialidade, centrando-se no essencial que recompõe um acontecimento e atendo-se à compreensão imediata dos fatos.
C) reportagem ou notícia, pois esses gêneros discursivos jornalísticos são indiferenciáveis do ponto de vista da linguagem e estrutura textual, sendo ambos narrativas objetivas pautadas pela realidade factual.
D) reportagem, pois tece um relato mais complexo, que ultrapassa o registro factual de um acontecimento, estabelece uma abordagem temática mais abrangente e conduz o leitor a um posicionamento crítico sobre o assunto.
E) artigo de opinião, pois reúne características de um texto opinativo, tais como a parcialidade, a visão “interpretativa” da realidade em questão, a crítica denuncista e a defesa evidente de um único ponto de vista sobre o assunto.
QUESTÃO 12
ENADE 2015: A assessoria de comunicação pode ser peça-chave no gerenciamento de crises e de emergências. Entende-se por crise um acontecimento que desestabiliza uma organização e compromete a imagem da instituição na percepção e no julgamento dos stakeholders. É desejável que os profissionais da área estejam informados sobre assuntos socioeconômicos, políticos e culturais, a fim de disponibilizar o máximo de subsídios relevantes para o porta-voz durante a crise.
Considerando o papel da assessoria de comunicação durante uma possível crise na forma apresentada no texto, avalie as afirmações a seguir.
I. Na hierarquia das assessorias de comunicação, é o porta-voz quem deve manter relacionamento proativo com a imprensa.
II. Se houver um grupo de crise na empresa, a assessoria de comunicação deve reunir-se com ele para analisar todas as informações disponíveis, ponderar sobre a gravidade do ocorrido e decidir sobre as ações iniciais da empresa junto à imprensa.
III. A assessoria de comunicação deve recorrer à objetividade nas informações prestadas à imprensa, de modo a evitar contradições e ruídos indesejáveis na comunicação.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 13
ENADE 2015: A proteção da imagem e da identidade de crianças e adolescentes no Brasil é regulada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069/90, considerado um marco na legislação e nas políticas de promoção da cidadania desses sujeitos em desenvolvimento.
Nesse contexto, considerando a relação entre o papel da mídia na discussão de temas sociais e a observação de parâmetros legais a serem seguidos, assinale a opção que apresenta uma abordagem jornalística adequada em situação de violência envolvendo crianças e adolescentes.
A) Publicar a matéria sem imagens e sem identificar as crianças e os adolescentes, pois o envolvimento dessas pessoas em crimes é uma questão social de grande importância, que requer ampla discussão.
B) Publicar a matéria sem imagens, identificando as crianças e os adolescentes pelo primeiro nome, de modo que se garanta a preservação de suas identidades, uma vez que os adolescentes são considerados sujeitos em desenvolvimento.
C) Fazer a cobertura jornalística do caso, publicando apenas fotografias e/ou vídeos quando as crianças e os adolescentes não estiverem consumindo drogas.
D) Evitar a publicação total ou parcial da matéria, pois as notícias acerca de violência envolvendo crianças e adolescentes contribuem para uma representação distorcida e estereotipada da infância e da adolescência.
E) Cobrir o acontecimento e garantir que as crianças e os adolescentes sejam identificados e ouvidos para que tenham voz, além de ampliar à abordagem e consultar opiniões diversas sobre violência juvenil para estimular o debate.
QUESTÃO 14
ENADE 2015: O discurso gráfico é um conjunto de elementos visuais de um jornal, revista, livro ou tudo o que é impresso. Como discurso, ele possui a qualidade de ser significável. Assim, para se compreender um jornal, pode-se recorrer a, pelo menos, duas leituras: uma gráfica e outra textual.
SIA, R.S. Diagramação: O Planejamento Visual Gráfico na Comunicação
Impressa. 3. ed. São Paulo: Summus, 1985 (adaptado).
REVISTA ISTO É. São Paulo, nº 2388, 9 set. 2015 (adaptado).
Considerando a definição de discurso gráfico e a capa de revista apresentada acima, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. O discurso gráfico da publicação pode ser percebido na composição gráfica da capa apresentada, permitindo perceber sua intencionalidade editorial.
PORQUE
II. A seleção da imagem, as opções cromáticas, a construção e o significado do título compõem o discurso gráfico e indicam a leitura que a publicação sugere ao seu leitor quanto ao assunto abordado
A respeito dessas asserções assinale a alternativa correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 15
ENADE 2015: Grandes eventos esportivos, como Olimpíadas e Copas do Mundo de Futebol, são oportunidades para jornalistas de diversas áreas e tipos de mídia exercitarem o planejamento de cobertura (que envolve o antes, o durante e o depois do evento) e experimentarem o contato com grandes públicos e a diversidade cultural e socioeconômica dos países envolvidos. As duas últimas Copas do Mundo de Futebol, por exemplo, ocorreram na África do Sul (2010) e no Brasil (2014), dois países em desenvolvimento, com diferenças sociais e grande extensão territorial.
Os profissionais de imprensa que se prepararam para essas coberturas tiveram que levar em conta não somente as condições das equipes que participaram do torneio, mas também o contexto que envolveu todo o evento. No caso do Brasil, sabemos que o país sediou por duas vezes a Copa do Mundo de Futebol (1950 e 2014), momentos em que vivemos diferentes cenários esportivos, econômicos, sociopolíticos e tecnológicos, todos com impacto direto sobre o trabalho da imprensa.
Considerando os argumentos apresentados no texto e a história da imprensa brasileira, é correto afirmar que
A) a cobertura da Copa do Mundo de Futebol de 1950 envolveu profissionais do rádio e do meio impresso, mas o foco do trabalho da imprensa nacional voltou-se para a televisão, a nova mídia que transmitiria, pela primeira vez, imagens e sons do maior evento futebolístico, com forte expectativa pela vitória brasileira.
B) a imprensa nacional exerceu forte pressão por vitórias do time brasileiro na Copa do Mundo de Futebol de 1950, com expectativa pela conquista do título mundial. Já em 2014, a mídia diversificou a cobertura e não se ateve a aspectos esportivos, abordando questões econômicas, políticas, de infraestrutura, de segurança, acerca de hábitos dos torcedores, inclusive as relacionadas a características culturais e históricas dos países participantes.
C) o contexto de celebração pelo final da Segunda Guerra Mundial fez que a Copa do Mundo de Futebol de 1950 recebesse mais atenção da imprensa internacional do que da imprensa brasileira, uma vez que o futebol ainda não se configurava uma paixão nacional, o que só aconteceria no final daquela década, quando o país conquistou sua primeira Copa do Mundo, em 1958, na Suécia.
D) o estilo literário de redação, ainda prevalecia na década de 1950 na imprensa nacional, em detrimento do de maior objetividade, que só viria a ser implantado de fato com a adoção do lide, na década de 1970. Desse modo, a cobertura da Copa do Mundo concentrou-se, basicamente, no destacado trabalho de cronistas esportivos, como Nelson Rodrigues e Henrique Chaparro.
E) o principal diferencial da cobertura da Copa do Mundo de Futebol de 2014, em comparação com a de 1950, foi a existência da internet e das redes sociais, fundamentais ao trabalho da imprensa por criarem a possibilidade de interação com o público e facilitarem o trabalho dos jornalistas, que não precisavam sair das redações para acompanhar diferentes partidas, que aconteceram em diferentes cidades brasileiras.
QUESTÃO 16
ENADE 2015: No começo dos anos 1960, uma curiosa ideia nova começou a se insinuar nos estreitos limites da statusfera das reportagens especiais. Essa descoberta, de início modesta, era que talvez fosse possível escrever jornalismo para ser lido como um romance. A matéria de Capote, contando a vida e a morte de dois vagabundos que estouraram as cabeças de uma rica família rural, em Kansas, saiu em forma de livro em fevereiro de 1966.
Foi uma sensação — e um baque terrível para todos os que esperavam que o maldito Novo Jornalismo ou Parajornalismo se esgotasse com a moda. Afinal, ali estava não um jornalista obscuro, nem algum escritor “freelance, mas um romancista de longa data. O próprio Capote não chamava seu livro de jornalismo; longe disso, dizia que tinha inventado um gênero literário, “o romance de não ficção”. Porém, seu sucesso atribuiu uma força esmagadora àquilo que logo viria a ser chamado de Novo Jornalismo.
WI, T. Radical Chique e o Novo Jornalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005 (adaptado).
Considerando o texto apresentado e o surgimento do Novo Jornalismo, avalie as afirmações a seguir.
I. O Novo Jornalismo teve no seu nascedouro, nos Estados Unidos, o apoio dos velhos guardiães do jornalismo e da literatura na época.
II. O repórter passa a escrever a reportagem na primeira pessoa do plural, contando as histórias, cena a cena, a partir do seu ponto de vista.
III. O repórter, apesar de experimentar e inovar nas linguagens jornalísticas, não abre mão de privilegiar a forma da pirâmide invertida, desenvolvida no final do século XIX.
IV. A presença do repórter nos locais quando ocorrem as cenas dramáticas é fundamental, para que ele possa captar o diálogo, os gestos, as expressões faciais, os detalhes do meio ambiente.
V. O redator passa a ter liberdade de utilizar pontos de exclamação, interrogação, travessões, entre outros, para transmitir ao leitor a ilusão não só de uma pessoa falando, mas também de uma pessoa pensando.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e II.
B) I e V.
C) II e III.
D) III e IV.
E) IV e V.
QUESTÃO 17
Viciada em crack, ex-modelo vive nas ruas de São Paulo
ENADE 2015: LM. 24 anos de idade, não para quieta. A abstinência está no auge. Observa duas fotos suas na capa de uma revista. Na primeira foto, aparece linda, nos tempos de modelo. Na segunda, a imagem atual, após dois anos de vício em crack e morando na rua.
“Você precisa decidir qual das duas você quer ser”, diz um amigo, tentando impedi-la de voltar ao fluxo — nome dado à aglomeração de viciados que hoje fica na esquina da rua Helvétia com a alameda Cleveland, na cracolândia, região central de São Paulo. “Estou confusa, quero fumar”, diz ela.
Viciada em crack, ex-modelo vive nas ruas de São Paulo. Folha de São Paulo, São Paulo, 24 nov. 2014.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 24 jul. 2015 (adaptado).
No quadro a seguir, produzido pela Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância) e pelo Ministério da Saúde, apresentam-se as formas de inclusão da temática das drogas na mídia.
BRASIL. Agência de Notícias dos Direitos da infância (Andi).
Ministério da Saúde. Mídia e Drogas: O perfil do uso e do
usuário na imprensa brasileira. Brasília, 2004.
Disponível em: <http://www.andi.org.br>. Acesso em: 24 jul. 2015.
Considerando as informações apresentadas, avalie as afirmações a seguir, acerca das condutas jornalísticas adequadas para uma cobertura relativa ao consumo de drogas.
I. Considerando que, na legislação brasileira, a posse de drogas e o tráfico são crimes, as mídias jornalísticas devem privilegiar um enfoque policial e de segurança pública quando o assunto for objeto de cobertura, mesmo em situações que não envolvam violência.
II. É importante acompanhar as políticas públicas sobre drogas e, também, as trajetórias individuais, para que o jornalismo possa ilustrar e humanizar as consequências do abuso de drogas, com o cuidado de não vitimizar os usuários.
III. Tanto a reportagem citada quanto o quadro mostram que a cobertura da grande mídia concentra-se, em grande parte, na repercussão de casos individualizados, o que sugere a precariedade da discussão da temática drogas.
IV. O enfoque das matérias jornalísticas, a exemplo da reportagem apresentada, deve ser, principalmente, afigura do usuário, vítima do tráfico, da toxicodependência e da ausência de políticas públicas antidrogas.
É correto o que se afirma em
A) I e II, apenas.
B) I e IV, apenas.
C) II e III, apenas.
D) III e IV, apenas.
E) I, II, III e IV.
QUESTÃO 18
Texto 1
Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros
“Capítulo I - Do direito à informação
Art. 1º O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros tem como base o direito fundamental do cidadão à informação, que abrange direito de informar, de ser informado e de ter acesso à informação.
Art. 2º Como o acesso à informação de relevante interesse público é um direito fundamental, os jornalistas não podem admitir que ele seja impedido por nenhum tipo de interesse, razão por que:
I - (...)
II - a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público.”
Texto 2
O jornalismo, como espaço da não ficção, não consegue chegar à verdade primeira, mas não pode mentir.
Com sutileza e densidade, mais um paradoxo da sua arte, Muniz Sodré reflete sobre a condição ambivalente do texto jornalístico: sem ser fotografia da realidade, essa concepção ingênua que ainda encontra adeptos, sendo mais do que representação do real, esse avanço moderado em relação à concepção anterior, jornalismo é construção do real.
MACHADO, I. Disponível em <http://www.correiodopovo:com.br>.
Acesso em: 10 set. 2015 (adaptado).
ENADE 2015: Considerando que a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos, conforme inciso II do Art. 2º do Código de Ética do Jornalista, e levando-se em conta a constatação de que o jornalismo é construção do real, avalie as afirmações a seguir.
I. A realidade como construção é um pressuposto que traz, ao jornalista, o compromisso ético de não mentir.
II. O compromisso do jornalista não é com a verdade dos fatos, mas com a verdade que resulta de uma construção do real.
III. O compromisso para com a veracidade dos fatos é um parâmetro ético que deve estar presente no processo de produção e divulgação das informações jornalísticas.
IV. O jornalista, ao produzir um texto unívoco e objetivo, realiza seu compromisso ético, não permitindo que a verdade seja encoberta por ambivalências e ambiguidades.
É correto apenas o que se afirma em:
A) I e II.
B) I e IV.
C) III e IV.
D) I, II e III.
E) II, III e IV.
QUESTÃO 19
ENADE 2015: O Coletivo de Notícias Del Sur (CoNoSur), da Argentina, entende que, pela internet, tornam-se factíveis “projetos de comunicação alternativa situados em diferentes lugares do globo, que podem forjar vínculos e enriquecer seus conhecimentos mediante o intercâmbio de experiências, em seus contextos específicos, possibilitando, em muitos casos, a ação concreta”. O Indymedia, que reúne jornalistas e ativistas em duzentas cidades do mundo, estrutura-se em redações interconectadas, distribui boletins semanais por correio eletrônico e tem quinhentas listas em vários idiomas.
O Indymedia insiste na necessidade de existir “uma alternativa consistente com a mídia empresarial, que frequentemente distorce fatos e apresenta interpretações de acordo com os interesses dos ricos e dos poderosos”. Sob o lema “A voz dos sem voz”, apresenta-se como “alternativa democrática de comunicação para a criação de relatos radicais, acurados e veementes da verdade”. O Rebelión, da Espanha, pretende ser “um meio de informação alternativa que dá às notícias um tratamento mais objetivo, na linha de mostrar os interesses que os poderes econômicos e políticos do mundo capitalista ocultam para manter seus privilégios e o status quo”.
MORAES, D. Comunicação Alternativa em Rede e Difusão Contra-Hegemônica.
In: COUTINHO, E. (Org). Comunicação e Contra-Hegemonia.
Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008 (adaptado).
No texto apresentado, o autor aponta algumas características das novas modalidades comunicacionais criadas com o surgimento da internet e de suas possibilidades multimidiáticas, enfatizando o
A) aspecto descentralizado das novas mídias e suas potencialidades no fortalecimento dos papéis estabelecidos entre produtores e consumidores de conteúdo, fazendo uma revolução midiática em nível internacional.
B) aspecto democrático das novas mídias que consolida a estrutura tradicional da comunicação, permitindo que os consumidores de conteúdo tenham acesso a um maior volume de informações, antes impensável.
C) aspecto virtual das novas modalidades comunicacionais que pressupõe convergências em uma mesma plataforma por meio da utilização de softwares proprietários que incentivam a produção e circulação de conhecimento.
D) aspecto ativo de construção de novas visões de mundo que articula grupos de jornalistas e diferentes profissionais localizados em diversas regiões do mundo, que se apropriam das novas modalidades midiáticas.
E) aspecto técnico e ideológico dos novos dispositivos comunicacionais, utilizado para construir um novo modelo de comunicação colaborativo, quem tem como fonte de pautas as reportagens da mídia tradicional, que podem ser ampliadas e disseminadas.
QUESTÃO 20
ENADE 2015: A prevalência das lógicas comerciais manifesta-se no reduzido mosaico interpretativo dos fenômenos sociais; na escassa pluralidade argumentativa, em razão de enfoques que reiteram temas e ângulos de abordagem; na supremacia de gêneros sustentados por altos índices de audiência e patrocínios (telenovelas, telejornais, reality shows); nas baixas influências públicas nas linhas de programação; no desapreço pelos movimentos sociais nas pautas midiáticas; na incontornável disparidade entre o volume de enlatados adquiridos nos Estados Unidos e a produção audiovisual nacional.
Seria miopia enxergar apenas manipulações no que a mídia difunde, ou supor que as audiências submergem na passividade crônica, pois sabemos que há emissões e respostas diferenciadas e heterogêneas — inclusive as que, às vezes, contrariam, reelaboram ou rebatem certas visões e intenções difundidas pelos dispositivos midiáticos. Não há, pois, um modelo único, que se imponha, mecanicamente, aos receptores.
MORAES, D. A Tirania do fugaz: Mercantilização cultural e saturação midiática. /n: MORAES, D. (Org.). Sociedade midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006 (adaptado)
A partir do texto apresentado, verifica-se que a relação entre mídia e público pode ser analisada pela
A) Teoria Crítica e pela Teoria dos Estudos Culturais, na medida em que a primeira defende o papel ativo do público na recepção das mensagens, ao passo que a segunda trata do poder da mídia e de sua capacidade de afetar diretamente o público que não dispõe de defesas cognitivas.
B) Teoria Hipodérmica e pela Teoria dos Estudos Culturais, pois a primeira denuncia o caráter conservador dos meios de comunicação e sua capacidade de controle do imaginário coletivo, ao passo que a segunda observa que, apesar da força dos meios de comunicação, os indivíduos são capazes de recepções ativas, a depender de suas relações sociais e históricas.
C) Teoria Hipodérmica e pela Teoria Crítica, pois a primeira defende os efeitos superficiais dos meios de comunicação, que podem ser revertidos por intermédio de complexos processos de reflexão, ao passo que a segunda enfatiza que, no interior das relações sociais, os indivíduos são capazes de recepções ativas e transformadoras.
D) Teoria dos Estudos Culturais e pela Teoria Organizacional, pois a primeira reflete acerca da capacidade ativa do público no processo da recepção a partir da figura do líder de opinião e sua influência em seu círculo primário, ao passo que a segunda observa o caráter de negócio dos produtos midiáticos e sua lógica de aumento de audiência e receitas.
E) Teoria dos Estudos Culturais e pela Teoria do Newsmaking, na medida em que a primeira, apesar de observar o indivíduo em contexto social, enfatiza que o poder da mídia suplanta as resistências cognitivas dos receptores, ao passo que a segunda aponta para a importância dos processos produtivos na produção da notícia.
QUESTÃO 21
ENADE 2015: Mulher posta foto nas redes sociais e sofre enxurrada de ataques racistas
Uma jornalista brasiliense é alvo de racismo nas redes sociais desde a semana passada. Ela publicou uma foto em uma rede social em 24 de abril e, desde o dia 29, recebeu uma enxurrada de comentários agressivos. Até a publicação desta reportagem, a foto tinha mais de 13 mil compartilhamentos e outros milhares de comentários. Após a série de ataques por conta da cor da pele, internautas contrários ao preconceito publicaram mensagens de apoio.
Guerra ao racismo
Milhares de norte-americanos protestam contra a violência policial envolvendo negros. Os distúrbios que paralisaram Baltimore, nos EUA, começaram após o funeral de Freddie Gray, um negro de 25 anos que morreu vítima de sérias lesões na coluna vertebral oito dias depois de ter sido preso pela polícia. Os advogados da família de Gray explicaram que a morte do jovem, que ficou uma semana em coma, foi causada por graves lesões sofridas depois da detenção.
PINHEIRO, M. Mulher posta foto nas redes sociais e sofre enxurrada de ataques racistas. Correio Braziliense, Cidades, 4 mai. 2015. Disponível em: <http://wwua correiobrazilense.com.br>. Acesso em: 8 jul. 2015 (adaptado).
A partir da leitura da notícia apresentada, avalie as afirmações a seguir.
I. O processo de apuração das informações contou com fontes primárias e secundárias, privilegiando dados comprobatórios, como o número de comentários e compartilhamentos, que estava exposto nas redes sociais.
II. O que tornou o fato noticiável foi o tipo de manifestação inusitada e a curiosidade provocada pelos “mais de 13 mil compartilhamentos e outros milhares de comentários”. O caso não se enquadra em matérias de crime ou drama humano, uma vez que a cobertura não fez essa abordagem.
III. O intertítulo “Guerra ao racismo” interrompe a narração do fato, sem estabelecer uma ponte entre o episódio da jornalista brasileira e o dos protestos de Baltimore, nos Estados Unidos. Apesar de ambos tratarem de racismo, não é possível perceber qual a relação direta que o autor do texto tentou estabelecer entre esses episódios.
A) II, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) I e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 22
ENADE 2015: Apesar do tamanho, o complexo não podia ser visto do lado de fora, por causa da muralha que cercava todo o terreno. Lá dentro, a dimensão daquele espaço asperamente cinza, tomado por prédios com janelas amplas, porém gradeadas, impressionava. Ela ainda pôde perceber no pátio alguns bancos cimentados. Ao final do trajeto, parou em frente ao Afonso Pena, um dos sete pavilhões do Departamento B, com cerca de 1500 metros quadrados. Fechada por fora, a porta de madeira que dava acesso aos dormitórios começava a ser aberta. Um cheiro insuportável alcançou sua narina.
Acostumada com o perfume das rosas do escritório da empresa em que trabalhou, onde passou por sua única experiência profissional até aquele momento, ela foi surpreendida pelo odor fétido, vindo do interior do prédio. Nem tinha se refeito de tamanho mal-estar, quando avistou montes de capim espalhados pelo chão. Junto ao mato havia seres humanos esquálidos. Duzentos e oitenta homens, a maioria nu, rastejavam pelo assoalho branco em meio à imundície do esgoto aberto que cruzava todo o pavilhão. Ela sentiu vontade de vomitar. Não encontrava sentido em tudo aquilo, queria gritar, mas a voz desapareceu da garganta.
ARBEX, D. Holocausto brasileiro. São Paulo: Geração Editorial, 2013 (adaptado).
A informação jornalística especializada manifesta-se não apenas pela perspectiva temática, mas também pela diversidade linguística do discurso e por diferentes níveis de complexidade do trabalho de reportagem.
Nesse sentido, no trecho do livro-reportagem Holocausto brasileiro, em que a jornalista relata histórias do antigo Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais, observa-se
A) a importância da precisão e da imparcialidade jornalísticas, características centrais do jornalismo literário, assim como do jornalismo diário.
B) os recursos básicos do jornalismo, como a estrutura em pirâmide invertida e a utilização de discurso direto para apresentar a fala da personagem.
C) a narrativa jornalística em primeira pessoa, mecanismo que, excluído do jornalismo diário, encontra sua expressão no jornalismo especializado.
D) a preocupação em conferir autoria ao texto, já que no jornalismo literário é permitida a mesma liberdade de imaginação que tem a escrita ficcional.
E) o potencial literário do texto jornalístico, visto que apresenta a narrativa da história do ponto de vista da personagem, mecanismo que expressa a sensibilidade do repórter.
QUESTÃO 23
ENADE 2015: Quando o repórter faz uma entrevista, precisa ter em mente alguns aspectos fundamentais para que obtenha sucesso na reportagem. Entre eles, não ser levado pelos interesses da fonte e, consequentemente, conduzir o diálogo estabelecido com o entrevistado. O repórter faz antes uma pesquisa e tem, portanto, ideia do que vai perguntar.
No entanto, é engano imaginar que a preparação prévia de um questionário viabiliza uma boa entrevista: ela depende muito da maneira como é conduzida. Outra chave é manter o comando da conversa, impedindo que ela se desvie do tema, seja por digressões do entrevistado, seja pela discussão da validade ou oportunidade da própria entrevista.
LAGE, N. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa
Jomalística. Rio de Janeiro: Record, 2001 (adaptado).
A partir das informações apresentadas, avalie as afirmações a seguir.
I. Uma das técnicas de condução de entrevistas, quando, por exemplo, ocorrem digressões da fonte, é apresentar nova pergunta e retornar posteriormente ao ponto problemático.
II. A estratégia mais produtiva para se dirigir à fonte é aquela embasada na informação. O entrevistado não conseguirá fugir das questões se o repórter demonstrar conhecimento do assunto e fizer perguntas a partir de cada uma das respostas da fonte, confrontando-as com dados pesquisados, quando for o caso.
III. Uma saída fundamental para o repórter não ser envolvido pelos interesses da fonte é realizar a entrevista prometendo off. Nesse caso, é recomendável gravar a entrevista e anotar todas as palavras-chave que servirão de base para a redação final da reportagem.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 24
ENADE 2015: Está em curso, ao acaso ou deliberadamente, um surpreendente, fundamental e inquietante processo de dissociação entre existência e consciência; ou condições e possibilidades da existência e condições e possibilidades da consciência.
Quando se desenvolvem e aplicam as tecnologias eletrônicas, informáticas e cibernéticas, agilizando e generalizando os meios de comunicação, informação e propaganda, as condições e as possibilidades da consciência passam a descolar-se contínua ou reiteradamente da experiência, realidade ou existência.
IANNI, O. O príncipe eletrônico. Perspectivas: revista de ciências.
sociais. São Paulo, 1999 (adaptado)
No fragmento de texto apresentado, o autor reflete sobre
A) a potência dos meios de comunicação de massa em oferecer uma experiência pessoal única e individual ao sujeito receptor da sua mensagem.
B) a capacidade da indústria cultural de reconstruir o real por meio de simulacros, representações arbitrárias e imaginativas da realidade.
C) as possibilidades de democratização do acesso à comunicação proporcionadas pelos poderosos meios de comunicação a distância no mundo contemporâneo.
D) a capacidade que os meios de comunicação a distância têm de proporcionar ao seu receptor uma experiência direta dos fenômenos do mundo.
E) a possibilidade da expressão de uma experiência individual do mundo transmitida por sua representação nos meios de comunicação de massa.
QUESTÃO 25
ENADE 2015: De todos os pecados atuais cometidos pela indústria da comunicação jornalística, o que tem consequências mais graves é o da uniformização da agenda de informações. O fato de noticiar dados novos, fatos inéditos e eventos a partir de um único viés não falseia apenas a visão que as pessoas têm da realidade, mas as leva a desenvolver opiniões cada vez mais radicais e extremadas.
Até agora a maioria dos críticos da mídia concentravam suas atenções basicamente na verificação da autenticidade das notícias publicadas por jornais, revistas, telejornais e páginas noticiosas na Web. Trata-se de uma preocupação muito importante, mas agora ela está sendo ofuscada pelas consequências práticas do crescente sectarismo nas opiniões e posicionamentos expressados por leitores, ouvintes, telespectadores e internautas.
Há uma diferença importante entre estar equivocado em consequência de informações falsas e entre a xenofobia política alimentada por notícias unilaterais, que mostram apenas um lado da realidade. Uma notícia pode ser verdadeira, mas gerar uma percepção parcial ou distorcida do contexto onde estamos situados. É aí que está a origem das opiniões sectárias. É a materialização clara da famosa história do copo meio cheio ou meio vazio. O fato é o mesmo, mas a forma como é representado na comunicação gera duas atitudes diferentes em quem recebe a informação.
CASTILHO, C. Os riscos ocultos na uniformização da agenda da imprensa.
Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br>.
Acesso em: 2 ago. 2015 (adaptado)
Considerando a uniformização da abordagem dos fatos pela mídia e o consequente sectarismo nas opiniões dos consumidores da informação, conclui-se que a Teoria do Jornalismo relacionada à abordagem desse texto é a
A) Teoria do Agenda-setting.
B) Teoria do Newsmaking.
C) Teoria do Gatekeeper.
D) Teoria Organizacional.
E) Teoria Crítica.
QUESTÃO 26
ENADE 2015: Descrição — Zona Sul do Rio, praias de Ipanema e Leblon, muito sol, muita gente. Tudo transcorria para coroar mais um domingo de alegria quando, de repente, uma troca de tiros entre quatro ladrões e policiais, em plena via pública, leva o pânico aos transeuntes. Bicicletas e até um carrinho de bebê foram abandonadas na correria.
Disponível em: <http://www.premioessonmobil.com.br>. Acesso em: 16 jul. 2015.
Ao capturar um instante peculiar, sob um enquadramento específico em relação ao acontecimento que se passava no Rio de Janeiro, a imagem acima tornou-se referência para o fotojornalismo brasileiro, pois é reveladora do lugar dessas imagens nas linguagens jornalísticas.
Considerando o papel da fotografia para o processo jornalístico de produção de sentidos acerca dos acontecimentos, avalie as afirmações a seguir.
I. A exemplo da imagem acima, o fotojornalismo mostra-se um recurso técnico complementar à informação textual, responsável apenas por ilustrar os fatos e por valorizar o texto noticioso.
II. No caso da imagem acima, o repórter fotográfico foi capaz de interpretar o acontecimento, destacando seu valor simbólico e epistêmico, que comprova uma cena de violência urbana.
III. Apesar do enquadramento indireto do acontecimento, a imagem capturada pelo fotógrafo mantém o compromisso com a factualidade.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 27
ENADE 2015: Quanto vale uma informação? No dia 2 de junho último, o Wikileaks anunciou que pagaria 100 mil dólares a quem desse acesso à íntegra dos termos da Parceria Comercial Transpacífico (TPP).
Hoje sob sigilo, a negociação entre Estados Unidos da América e países da região do oceano Pacífico é considerada o maior e mais abrangente acordo comercial da história. Saber o que cada país exige e oferece, e quais concessões foram feitas por Washington, é material de alto interesse jornalístico. Repórteres das principais empresas de mídia do planeta tentam romper o cerco imposto pelos negociadores até que o acordo seja aprovado pelos respectivos Legislativos.
O Wikileaks quer cortar caminho. Em vez de seguir o método profissional na apuração de notícias — jornalistas convencem fontes a tornar públicas informações, ou por elas são procurados com o mesmo objetivo —, a organização criada em 2006 pelo ativista Julian Assange sacou o talão de cheques. Ou pelo menos instou seus simpatizantes a fazerem isso, já que o total declarado será obtido via crowdsourcing — financiamento coletivo, doações de interessados no vazamento das informações.
A ação agitou o mundo do jornalismo profissional por mexer em um dos cânones mais antigos da profissão, respeitado pelos principais veículos do mundo, ao menos os mais sérios: não se dá dinheiro em troca de informação. O Wikileaks tem uma agenda e milita por ela, acenando com um punhado de dólares para os interessados em lutar pela mesma causa.
DÁVILA, S. Jornalismo e um punhado de dólares. Piauí, ed. 106, julho de 2015.
Disponível em: <http://revistapiaui.estadao.com.br>.
Acesso em: 25 jul. 2015 (adaptado).
Considerando o fragmento de texto apresentado, avalie as afirmações a seguir.
I. Trata-se de um texto opinativo a respeito da atuação jornalística do Wikileaks e sua base é argumentativa, uma vez que apresenta um ponto de vista sustentado por supostos fatos apurados pelo jornalista.
II. Trata-se de um artigo, pois demonstra a postura do autor/articulista diante de um fato da atualidade considerado relevante para o perfil dos leitores da revista.
III. Trata-se de um texto informativo, dada a objetividade pela qual investiga tema de alta relevância, constituindo-se em uma reportagem.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 28
ENADE 2015: A medida em que os dispositivos computacionais foram se ampliando e diversificando nos celulares, suas estéticas também foram se alterando. Não basta que esses aparelhos estejam eficientes e funcionais. É preciso que igualmente sejam “amigáveis, brincáveis, prazerosos, esteticamente agradáveis, expressivos, que estejam na moda, que proporcionem identidade cultural e que seus designs produzam satisfação emocional”, conforme afirma Lev Manovich em seu estudo denominado Estetização das ferramentas informacionais. Ainda segundo esse autor, um recurso informacional típico apresenta dois tipos de interface: uma delas é a interface física da sua superfície e botões; a outra, a interface midiática dos ícones gráficos, menus e sons.
SANTAELLA, L Linguagens líquidas na era da mobilidade.
São Paulo: Paulus, 2007 (adaptado)
Os traços principais dos novos dispositivos de informação mencionados no texto incluem
A) novas tecnologias e estéticas que articulam as dimensões informacionais e sensoriais, priorizando a informação como dado fundamental da Sociedade do Conhecimento.
B) novos dispositivos informacionais que se apropriam da velocidade da rede, disseminando novas percepções de mundo e ampliando a esfera pública democrática.
C) novas tecnologias que aumentam exponencialmente a velocidade das informações, reconfigurando a comunicação em uma nova estrutura hierárquica.
D) novas tecnologias e estéticas que priorizam a agilidade informacional em virtude da condição do mundo moderno, que articula o local e o global.
E) novas tecnologias e estéticas que articulam as dimensões informacional, sensorial e emocional em dispositivos capazes de captação e persuasão.
QUESTÃO 29
ENADE 2015: Boas entrevistas são as que revelam novos conhecimentos, esclarecem fatos e marcam opiniões. Há uma arte de perguntar e de se conseguir tirar do entrevistado mais do que ele gostaria de dizer sobre determinado assunto, que vai se aprimorando com 1 tempo. Quando isso acontece, a notícia avança e abre espaços para novas entrevistas e reportagens.
BARBEIRO, H.; LIMA, P.R. Manual de Radiojornalismo.
“Rio de Janeiro: Campus, 2003 (adaptado).
Considerando que esse texto faz referência à entrevista em radiojornalismo, avalie as afirmações a seguir.
I. O jornalista no rádio deve estar preparado para mudanças no rumo da entrevista, pois as respostas podem levar o assunto para temas mais importantes do que o previsto na pauta.
II. O entrevistado tem o direito legal e ético de não responder a determinado questionamento e até mesmo de não conceder entrevista.
III. Nas situações em que o entrevistado esquiva-se da pergunta, o repórter deve gerar o debate e encaminhar a entrevista para um confronto de opiniões.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 30
ENADE 2015: Nas chamadas Jornadas de Junho, manifestações populares que tomaram as ruas de importantes centros urbanos país afora em junho de 2013, podemos destacar as mídias móveis e as redes de compartilhamento pela internet como elementos decisivos no modo como os protestos foram organizados e difundidos. Mais do que isso, o uso desses recursos foi especialmente marcante na maneira como as manifestações foram registradas e divulgadas pelas mídias sociais. Nesse cenário, o coletivo Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação, o Mídia Ninja, ganhou destaque e visibilidade por sua cobertura em tempo real dos eventos, sendo tomado como um contraponto à cobertura dos acontecimentos realizada pelos grupos tradicionais de mídia.
Para se ter uma ideia, temos um dado de 430 mil tuítes com a hashtag ftvemprarua. Deste total, mais de 100 mil imagens, das quais 95% delas não são feitas pela Mídia Ninja, mas mesmo assim são muito potentes e replicadas. Reduzir a discussão dessas narrativas à deontologia jornalística é requerer que o jornalismo seja praticado por todos conforme as regras do jornalismo. Ao contrário, o que essas narrativas mostram é que quanto mais subjetivo o sujeito no acontecimento, mais objetivo ele é. É só sendo muito subjetivo que você revela sua objetividade, o seu “lado”, por exemplo.
Fábio Malini, em entrevista 2o IHU on-line. Disponível em <http:/ /www observatoriodaimprensa.com/br>. Acesso em: 20 jul. 2015 (adaptado).
Apesar de conectados por essas novas redes e, portanto, de não se informarem, não se divertirem e não se expressarem (prioritariamente) por meio da velha mídia, os jovens que detonaram as manifestações ainda dependem dela para alcançar visibilidade pública, isto é, para serem incluídos no espaço formador de opinião pública.
LIMA, V. A. de. Mídia, rebeldia urbana e crise de representação. In: ROLNIK, Raquel (Org.).
Cidades rebeldes: passe livre e. as manifestações que tomaram as ruas do Brasil.
São Paulo: Boitempo editorial, 2013 (adaptado).
Considerando os textos apresentados e a referida cobertura das manifestações de junho de 2013, avalie as afirmações a seguir.
A) I e II.
B) I e IV.
C) II e III.
D) I, III e IV.
E) II, III e IV.
QUESTÃO 31
ENADE 2015: Os anos 1990 marcaram a informatização das redações dos principais jornais brasileiros. Desde então, ampliaram-se as possibilidades de utilização de recursos gráficos e as mídias diárias impressas do país adquiriram novos padrões de apresentação visual. Esses recursos são utilizados de maneira criativa, inaugurando formatos de diagramação, especialmente quando ocorrem acontecimentos de grande repercussão, como é o caso da morte de personalidades notórias, homenageadas de formas cada vez mais criativas nas primeiras páginas dos jornais.
A respeito da capa do jornal apresentada, publicada no dia seguinte ao falecimento do arquiteto Oscar Niemeyer, em 5 de dezembro de 2012, avalie as afirmações a seguir.
I. A primeira página do jornal aposta no estilo das capas-cartazes, mas mantém a disposição dos elementos visuais em colunas.
II. A capa utiliza a técnica visual do contraste entre o branco e as manchas gráficas, orientando o olhar do leitor.
III. A diagramação provoca a instabilidade entre as formas visuais da ilustração, da foto e do texto.
É correto o que se afirma em
A) II, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) I e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 32
ENADE 2015: No Telejornalismo, o produtor é responsável por parte significativa das condições materiais e do conteúdo do telejornal. Esse profissional atua como elo entre repórteres, apresentadores, técnicos, entrevistados e fontes, acompanhando a atividade telejornalística desde o início.
BARBEIRO, H; LIMA, P. R. Manual de Telejornalismo: os segredos da notícia na TV. Rio de Janeiro: Campus-Elsevier, 2005 (adaptado).
Além das funções expressas no texto, o produtor também é responsável por
A) cuidar para que o contato com pessoas, empresas ou entidades mencionadas numa entrevista ao vivo seja imediato.
B) editar reportagens vindas de outras praças para enviá-las aos editores, que fazem a finalização do material que vai ao ar.
C) revisar cabeças e pés de matérias e notas que compõem o script do telejornal para serem lidas pelos apresentadores.
D) fazer a leitura do script antes do telejornal ir ao ar para verificar a presença de erros de informações.
E) fazer a montagem da reportagem que vai ao ar no telejornal e acompanhar sua execução a partir do switcher.
QUESTÃO 33
Texto 1
ENADE 2015: Se empreendermos uma grande viagem pelo Brasil, de Norte a Sul e de Leste a Oeste, recolhendo os modos de falar das pessoas de todas as regiões, de todos os estados, das principais cidades, da zona rural etc, vamos perceber que existem diferenças nesses modos de falar, diferenças que podem ser fonéticas, sintáticas, morfológicas, lexicais, semânticas, pragmáticas.
Há muita semelhança, também, mas são as diferenças que chamam mais a atenção e que permitem classificar esses variados modos de falar a língua.
Quando você consegue identificar os traços característicos de determinado modo de falar uma língua, você pode chamá-lo de variedade. A Sociolinguística veio mostrar que toda língua muda e varia, isto é, muda com o tempo e varia no espaço, além de variar também de acordo com a situação social do falante.
BAGNO, M. Português ou Brasileiro? Um convite à pesquisa.
São Paulo: Parábola Editorial, 2004 (adaptado).
Texto 2
“Olha; essa é pra quem tá arretado para conhecer um pouco mais sobre Pernambuco”. — Cabeça do VT chamada por apresentadora.
“Então se aprochegue. A repórter Mônica Silveira mostra essa maneira encantadora de falar”. — Cabeça do VT chamada por apresentador.
“É o mesmo Brasil, mas no meio de um bate-papo descontraído, esse parece um país à parte”. — Texto do off que abre o VT.
Na companhia da citada repórter, o poeta Jessier Quirino percorre um mercado popular perguntando às pessoas o significado de determinadas palavras e expressões, em ritmo de poesia falada. Dessa conversa, surgem os sentidos atribuídos por nordestinos “Pedir pinico” (solicitar ajuda), “Assustado” (festa surpresa),
“Com a gota” (com raiva), “cocorote” (cascudo) e “pirangueiro” (avarento).
VT produzido pela TV Globo Nordeste/Recife, veiculado no Bom
Dia Brasil em outubro de 2013. Tempo: 320”.
Considerando os excertos acima, avalie as afirmações a seguir.
I. Ao veicular uma reportagem destacando algumas formas variantes do “nordestinês”, telejornais de abrangência nacional, notadamente em TV aberta, contribuem para a divulgação das heterogeneidades da Língua Portuguesa.
II. Em telejornais de veiculação nacional, o texto jornalístico deveria recorrer apenas à norma culta da Língua Portuguesa para possibilitar o entendimento da reportagem pelo conjunto dos telespectadores, independentemente do seu lugar de origem.
III. A abordagem de traços de variedades ou variantes sociolinguísticas de determinadas regiões em uma edição de telejornal de âmbito nacional possibilita aos telespectadores das demais regiões o conhecimento e a valorização de identidades linguísticas diferentes da sua.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 34
ENADE 2015: Os processos narrativos não são neutros ou desinteressados e, no caso das narrativas jornalísticas, podemos dizer que elas nada têm de isentas ou imparciais. Elas narram e descrevem em um processo que é também e, sobretudo, criativo. Em outras palavras, o jornalismo constrói verdades por meio de narrativas sobre a realidade.
O mecanismo de criação no jornalismo é sutil, imperceptível a olhares condicionados às reportagens produzidas pelos veículos de massa. Tudo o que lemos, ouvimos ou assistimos nesses veículos passa por um processo que seleciona, corta, edita e apresenta. O que chega para os receptores da informação jornalística não é uma representação. O que chega são leituras de outras leituras já feitas de acordo com padrões, que têm na técnica e no compromisso com a verdade seus fetiches. Não há representação, e, sim, construção.
Além desses padrões técnicos, há outros, que chamam menos a atenção e estão ligados às condições objetivas da produção jornalística e às subjetividades de quem as produz. A tentativa de separar objetividade de subjetividade é uma impossibilidade, sendo que a primeira é evocada como que para garantir legitimidade ao discurso do jornalismo. Jornalistas supostamente detêm um conhecimento que permite identificar o que é notícia e, desta forma, produzir narrativas sobre os fatos de modo isento e objetivo.
FORECHI, M. Jornalismo, criação e gestão do presente. Observatório da imprensa,
ed. 843, 24 mar. 2015, Disponível em: <http://observatoriodaimprensa com.br>.
Acesso em: 14 jul. 2015 (adaptado)
Com base nesse texto e considerando a narrativa jornalística bem como os processos de criação da realidade, avalie as afirmações a seguir.
I. O texto é incoerente ao afirmar, primeiramente, que as narrativas jornalísticas nada têm de isentas ou imparciais e, ao final, dizer que os jornalistas são capazes de produzir notícias de modo isento e objetivo.
II. Depreende-se do texto que os mecanismos da produção jornalística são sutis e, portanto, pouco perceptíveis aos receptores das informações, que não atentam para o modo como técnicas e seleções determinam a construção da realidade no jornalismo.
III. Conclui-se que as condições objetivas da produção jornalística são indissociáveis das subjetividades de quem as produz. Assim, a noção de objetividade é, para o jornalismo, uma estratégia legitimadora, que lhe reforça a credibilidade pelo exercício de conhecimentos técnicos.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 35
ENADE 2015: O tamanho e a leveza das câmeras digitais e dos celulares, a facilidade de sua manipulação, a visualização imediata do recorte da realidade visível capturada pelo clique, a conexão com o computador, a possibilidade de envio para qualquer ponto do planeta, tudo isso junto transformou o ato fotográfico em mania e frenesi. Qualquer instante do cotidiano, por mais insignificante que possa parecer, tornou-se fotografável.
SANTAELLA, I. Linguagens líquidas na era da mobilidade. São Paulo: Paulus, 2007 (adaptado).
Considerando o fragmento de texto apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. A situação a que refere o texto exige senso crítico mais apurado do jornalista para manter o foco em pautas de interesse público, sem se desviar para temas irrelevantes.
PORQUE
I. A facilidade tecnológica e os apelos das imagens permitem às pessoas o registro e a divulgação tanto de fatos corriqueiros quanto de grandes acontecimentos.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
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